Meu inconformismo com o fato de médicos falarem com aquela mãe lhe dizendo para escolher qual criança receberia o sangue, sendo que eles já sabiam o que fariam, é tão grande que eu nem sei o que dizer sobre todo o resto do episódio.
Eu pausei o que via (assistia no UniversalPlay) e fiquei uns minutos tentando absorver o impossível. Não funcionou muito bem e eu ainda fui obrigada a ver o pai saindo da cirurgia para culpá-la por algo que ela nem fez.
E essa foi apenas uma das amostras de estupidez que a equipe do hospital deu no episódio, não é mesmo?
Já nós, formados pela escola ER de medicina podemos dizer que:
- na eminência de um atendimento de emergência, você sai analisando todos os recursos que vai necessitar, como bandagens, remédios e, vejam vocês, sangue;
- assim, se perceber que faltam recursos você poderá pedir aos bombeiros e paramédicos que direcionem pacientes para outros hospitais, solicitar prioridade na reposição deles ou até mesmo organizar a tal doação de sangue coletiva antes da coisa ficar ruim;
- ainda, no caso de verificar que o que faltará será o sangue do tipo O, aquele que é usado antes que o teste de tipagem possa ser feito, você prioriza que os médicos que tem este tipo de sangue possam doar e, principalmente, você vai priorizar os testes de tipagem para que o mínimo deste sangue seja usado sem real necessidade;
- na falta de equipamentos de ventilação suficientes o que você faz? você pede que enfermeiros e auxiliares menos treinados, e mais baratos que um médico que tem MUITA experiência em atendimento de emergência, usem os ventiladores manuais, você não sacrifica um paciente por isso ou deixa o tal médico horas em pé fazendo-o sozinho;
- finalmente, mas com certeza não menos importante, você não vai até a mãe de um paciente e tia de outro lhe dizer que não tem sangue para os dois e que ela tem que escolher quem deve receber o sangue. Ah, e você vai falar com ela sem um psiquiatra ou psicólogo para amortizar o impacto ou acolhê-la.
No final das contas só consegui achar duas coisas no episódio para gostar: o quanto Rhodes ficou devastado por tudo que acontecia (a ponto de invejar Latham) e o doutor Charles dando uma lição ao paciente que se achava mais importante que todo o resto. No momento da tal ligação eu achei que Charles ia acabar voltando a beber ou algo do tipo, mas ele apenas ficou chateado, compreensivelmente, e até fiquei surpresa quando Sarah o encontra vivo.
Mas, na verdade, eu só fico torcendo para não termos uma segunda dose dessas…
Link Permanente
Não vi o episódio, mas adorei sua aula de como proceder numa emergência, sabedoria aprendida no E.R.