Personagem querido dos quadrinhos e com trajetória irregular nas telonas, Hellboy chega para mais uma rodada de entretenimento. Seja pela trama, seja pela execução, uma coisa é fato: Hellboy e o Homem Torto, nova história do nosso antiherói, traz bastante para ser analisado em seu lançamento nos cinemas.
Eternizado por Guillermo del Toro e alçado ao ridículo quando interpretado por David Harbour, Hellboy ressurge em um projeto mais comedido e autoral com Hellboy e o Homem Torto. É o primeiro filme da franquia a ter o envolvimento criativo direto do criador original Mike Mignola, que assinou o roteiro do longa ao lado de Christopher Golden.
Com a promessa de ser a adaptação cinematográfica mais fiel já feita dos quadrinhos do personagem até então, o que temos é uma narrativa que se divide em três capítulos principais e se passa nos anos 50. Na trama, Hellboy (Jack Kesy) se une a Tom Ferrell (Jefferson White), um agente novato da B.P.D.P., em uma missão nos Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto. À medida que exploram os mistérios sombrios do lugar, Hellboy confronta segredos de seu próprio passado, indo de encontro a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.
Divulgada como uma produção indie, o longa de fato traz um aspecto mais modesto quando comparado aos blockbusters que vemos por aí. Ao mirar em uma estética mais crua, no entanto, o filme acaba esbarrando no mambembe em uma execução artística tão simplória que causa mais empatia pela falta de verba do que admiração pelo rústico do tom da narrativa.
Tudo em Hellboy e o Homem Torto é muito simples e simplório, em uma falta de cuidado que parece proposital ou inevitável. De qualquer forma, nem isso seria um problema se a história fosse boa. O problema mesmo é que ela não é. A trama acontece aos tropeços, começa sem contexto algum, e nos empurra por quase duas horas de pura perplexidade pela falta de apelo. É difícil acreditar que justo o único filme da franquia que tem envolvimento de seu criador original seja justamente o que trata o personagem com tão pouco carinho. Não existe zelo por nada da saga e nem pelo cinema em si.
Para ser justa, ao menos as interpretações são boas. Jack Kesy imprime com propriedade um Hellboy atormentado e prático. Infelizmente, o ridículo do filme como um todo deixa mesmo esse esforço apagado. Apesar de toda a boa intenção da produção, por conta da forma como essa boa intenção foi executada, ao fim do longa a impressão que fica é a de que “não foi dessa vez”.
Com direção de Brian Taylor e roteiro de Mike Mignola e Christopher Golden, Hellboy e o Homem Torto tem produção Dark Horse Entertainment Production e Telepool Production e é distribuído pela Imagem Filmes, chegando aos cinemas nacionais em 05 de setembro.