Crianças e as redes sociais

Figurinha repetida não completa álbum, já falei desse assunto aqui e também em meu perfil no Facebook, mas resolvi voltar ao assunto segurança da internet depois que um texto de uma mãe que teria pego um pedófilo entrando em contato com sua filha através do Facebook. Depois do ocorrido ela decidiu eliminar a conta da filha da rede social e o texto tem sido usado por todos que defendem que rede social não é coisa de criança.

Acredito fielmente que a decisão sobre o que uma criança deve ou não deve ter acesso e em qual idade é de cada família.

armandinho

No entanto, também acredito que hoje a realidade em que vivem nosso filhos é diferente da nossa e deixar ou não a criança ter seu perfil está menos relacionado a deixar que ele tenha “só porque todos os amigos tem” e mais em ensiná-lo a navegar por este mundo virtual que tem tantos riscos quanto o mundo real.

Se você ensina seu filho a não falar com estranhos, dizer aonde mora para os outros ou que deve procurar por pessoas de uniforme de policial ou da loja em que estiver caso se perca de você, você também precisa ensinar o que é seguro ou não nas redes sociais.

Em alguns casos isso significa que você também precisa aprender sobre elas.

Minha filha tem contas no Facebook e Instagram, além de agora possuir Whatsapp após ganhar um celular. Todas as suas contas são constantemente supervisionadas por mim e ela sabe que isso é para sua segurança. Se identifico algo de errado converso com ela sobre o que encontrei e porque ela deve evitar aquilo.

No Whatsapp o controle é mais simples, já que ela acaba trocando mensagens apenas com os amigos que tem telefone em sua agenda. Ainda assim o uso dele é restrito em horários, nada de mensagens em horário escolar, enquanto faz a lição de casa ou após as nove da noite, por exemplo, e eu leio as conversas vez ou outra para ver o que andam “aprontando”.

O máximo de errado que encontrei até o momento foi troca de respostas da lição de casa e várias bobeiras perdidas entre as dezenas de “ois” e emojis em conversas do grupo com todos os alunos da sala.

No Instagram a conta é privada, ou seja, apenas amigos podem ver o que ela publica. Antes de aceitar os pedidos de adição ou começar a seguir outras pessoas ela fala comigo e eu sempre a oriento a adicionar apenas amigos “de verdade”. Abro exceção para alguns de seus ídolos mirins, cujas publicações eu dou uma olhada antes de liberar, e já expliquei que não deve seguir contas de fãs clubes, afinal não conhecemos quem realmente está por trás daquelas publicações.

O Facebook, aquele que justificou o texto que citei, não aceita contas de menores de 12 anos, mas existem formas de driblar a proibição e minha filha mesmo teve sua conta antes dessa idade. Ainda depois dos 12, a rede possui várias ferramentas que ajudam a evitar contatos de desconhecidos com as crianças.

Na rede a foto de perfil, foto de capa e lista de amigos são publicas, isso significa que qualquer um, mesmo não sendo amigo, pode ver. Meus conselhos: fotos que não identifiquem fatos pessoais, como com o uniforme da escola ou em frente de casa ou prédio.

Outra coisa importante é a lista de amigos: aqui em casa a regra é clara, só pode adicionar quem realmente conhece e que é amigo. Eu contei aqui mesmo que logo que criei a conta dela, minha filha acabou adicionando perfis que acreditava ser de atores/atrizes de que gostava.

Conversei com ela explicando que a maioria não é verdadeira, mas aberta por fãs como ela. E que mesmo os verdadeiros não deveriam ser adicionados, afinal ela não os conhece na vida real.

Deixo claro que os amigos adicionados verão tudo que ela publicar e que por isso mesmo ela não deve adicionar quem não conhece. Também veto que adicione pais de amigos com quem não convivemos ou não conheço os valores, professores e outros funcionários da escola em que estuda.

Acho importante que ela aprenda a diferenciar o que representam as pessoas com as quais convive, que nem todos são amigos. Temos colegas, temos professores, temos conhecidos. O fato de não adicioná-los como amigos não os desmerecem, apenas são pessoas que não se relacionam conosco na intimidade.

Uso esse mesmo critério hoje em meu perfil e tenho pouco a pouco eliminado pessoas que adicionei quando comecei com meus blogs e que vi apenas uma ou duas vezes.

Entender ao que se presta cada rede ajuda a definir isso: no Twitter sigo pessoas cujas atualizações me interessam, ainda que não as conheça; no Instagram sigo pessoas ou empresas cujas publicações eu goste; em ambos os casos não é necessária reciprocidade. No Linkedin tenho colegas de trabalho e pessoas que conheci em função dele. Nas páginas dos blogs no Facebook consigo interagir com quem lê o que publico neles e publico posts relacionados aos assuntos dos dois.

Já em minha página pessoal eu tenho amigos. Existe reciprocidade, são pessoas de meu convívio ou com quem, apesar da distância, compartilho interesses ou valores. Alguns, como a Cora Ronai, eu apenas sigo, por me interessar pelo que publicam.

As informações do Sobre de seu perfil podem ter sua privacidade alterada item a item conforme o interesse do usuário – apenas você, apenas amigos, amigos dos amigos ou pública -, ainda assim eu sugiro não preencher no perfil das crianças em que escola estudam ou seu endereço.

Abaixo eu mostro um pedacinho apenas da página, já que parte de minhas informações já estão configuradas como “Somente eu”.

Configurações de privacidade perfil no Facebook

Para alterar quem pode ver que grupo de informações do Sobre de seu perfil basta acessá-lo clicando em seu nome no canto superior direito da página da rede social.

O Facebook permite, ainda, que você determine quem vê o que você publica de forma geral – nos mesmos critérios: amigos, amigos de amigos, público – assim como quem pode encontrá-lo na rede por seu e-mail ou telefone, pode lhe enviar mensagens no bate papo ou, ainda, se o que publica poderá aparecer em buscadores como o Google.

Configurando privacidade no Facebook

No meu caso eu uso um misto de configurações, assim permito que um grupo maior de pessoas possa interagir comigo, já para minha filha uso as configurações mais rígidas, o que impede que desconhecidos mal intencionados caiam de gaiato na página dela.

Além dessas configurações gerais, a cada publicação sua você também pode decidir quem poderá ver, permitindo que seguidores – pessoas que escolheram seguir você ou lhe adicionaram como amigo e você ainda não respondeu ou negou o pedido – vejam o que definir como público.

Os aplicativos atrelados a sua conta, como jogos, páginas de teste, sites vinculados, normalmente vêem apenas seus dados públicos, mas é importante confirmar antes de dar aquele OK inicial, mas se publicam algo você também pode definir da mesma forma.

Agora, ainda que existam todas essas ferramentas, algo que não muda é a necessidade dos pais monitorarem o uso das redes. Eu entro sempre no perfil da minha filha, checo que páginas ela curtiu, como anda sua lista de amigos e até mesmo o que eles andam publicando – caso ache inadequado eu tiro mesmo, sem dó.

Além da monitoração vale muita conversa, muita explicação do porque não pode isso ou aquilo e quais os riscos tudo isso envolve – e o papo vai mudando a medida que a criança cresce e amadurece.

A negociação aqui em casa ainda proíbe o Snapchat, rede social da moda entre os jovens, que permite a publicação de fotos e vídeos que são apagados após 24 horas. A rede tem má fama por ser usada muitas vezes para a distribuição de conteúdo inadequado e seu formato de apagar postagens impede uma monitoração do que seu filho está vendo ou publicando.

Eu não acho que na idade dela ela tenha maturidade para uma ferramenta como essa e até que tenha ela está vetada.

Vale ressaltar que, apesar da história de que as publicações no Snapchat serem apagadas, vários casos de vazamento de fotos de meninas em momentos íntimos ocorreram porque o conteúdo foi baixado da ferramente e então divulgado por canalhas mal educados.

E, então, fica outro conselho: ensine ao seu filho e filha que ele deve ter a mesma responsabilidade pelo que fala cara a cara com outras pessoas como com o que ele publica online. O fato de ninguém estar olhando no olho dele não deve diminuir isso.

Respeito, empatia e compaixão devem ser praticados por todos, independentemente da ferramenta.

 

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Este assunto é bem delicado. Grande parte das crianças não têm este monitoramento. Orientar é o caminho mais adequado,porém, ainda assim, corremos o risco de ter surpresas. Aqui, a ordem é deixar o celular em casa. Redes sociais, ainda não.
    beijo, menina

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    1. Oi querida, tudo bom? Mas aí a princesinha ainda é pequena mesmo, não dá para fugir na adolescência porque se proibir a coisa desanda de vez. Beijo

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