E 2012?

2012-12-17 22.47.18

Típico post que eu faço quando me enrolo demais e fico sem escrever, mas tenho mil assuntos de que quero falar e enfio tudo no mesmo texto enorme. Eu sei, é péssimo, mas é melhor tirar os assuntos da frente logo pra poder escrever de coisa nova, se não deixo tudo na fila.

Esse final de ano ficou especialmente corrido. Não sei pra vocês mas só fui me tocar segunda que o final de ano já está aí, que o Natal é terça que vem. Eu não vi passar, pro bem e pro mal.

Carol está trocando de escola, de novo. Não porque queremos, mas porque as casas aonde a escola funcionava foram vendidas para um grande laboratório e não havia jeito de continuar. Uma pena mesmo, um projeto pedagógico muito bonito. Pra vocês imaginarem vários pais, eu inclusa, fomos atrás de casas novas, de investidores, de informações sobre cooperativas de ensino, tudo para tentar evitar que isso acontecesse. É uma pena que uma escola que inspira pais a fazerem todo esse esforço acabe assim.

A justiça garantiu que a escola não fosse despejada no meio do ano letivo e assim foi possível a todos um encerramento cheio de carinho. Torço mesmo para que Carol leve consigo tudo que ganhou nesses dois anos na Fractal. Os amigos queridos e diversos, a certeza de que ela pode muito, o carinho que recebeu de todos por lá.

A dura missão de escolher uma escola substituta foi cumprida em uma nova realidade também. Confesso a vocês que depois de seis meses ficando com a Carol em casa e mesmo adorando a escola anterior aprendi algumas lições que mudaram muito a forma como eu achava que as coisas deviam ser.

Aprendi que, por melhor que seja a escola, por mais estrutura de apoio que ela tenha, tudo isso não substitui o cuidado individual. Não estou falando que nenhuma mãe deva trabalhar, não é isso. Mas eu enxerguei perfeitamente que a minha filha tinha necessidades que a escola não podia atender, que para ela ter a mãe ao lado, mesmo que não seja ajudando tanto, mas ao lado, fazia uma diferença incrível.

Senti que faltava a Carol certa malícia na hora de estudar, certo jogo de cintura. Daquelas coisas que só mesmo a ajuda de pai e mão (avô, tio, madrinha) dá.

Um mês depois de eu passar a ser a pessoa que acompanhava as lições de casa de todo dia eu já fui chamada na escola para ouvir que o rendimento e o comportamento dela haviam melhorado muito. Nos dois trimestres seguintes seu boletim só melhorou e Carol também se tornou muito mais aberta em relação as suas dúvidas e ao que acontecia na escola.

Mesmo com brigas quase diárias por causa da lição ficamos mais próximas. Talvez por causa das brigas…

Com isso a escolha da escola levou em conta proximidade – não troco nossas caminhadas na ida e vinda da escola por nada desse mundo, vocês não podem imaginar o quão ricos são esses momentos lado a lado -, proposta pedagógica e valor. No final das contas um grupo de colegas da turma da Fractal vai para a mesma escola, aonde ela também já tinha uma amiga (vizinha) estudando, o que só tornou essa transição mais fácil.

Dessa vez não importou o horário integral (ela vai para o meio-período e precisaremos criar um esquema para o meu dia no escritório no ano que vem) e olhei com menos avidez as atividades extras. Acho que ela merece mais tempo livre para o ócio, para a casa, para a cã, do que vinha tendo nos últimos anos.

É claro que pinta um frio na barriga de todos porque é uma escola maior, mas ainda menor que a anterior a Fractal, que deixou tristes marcas em todo mundo aqui de casa. No final das contas acho que eu e ela estamos prontas pra enfrentar o desafio, assim como ela colocou aquela mão no vidro quando viu uma fantasia pela última vez, a gente pode arriscar um pouco mais. Sabemos que temos uma a outra.

E todo esse processo rolou enquanto o ano letivo ia a pleno vapor e a lojinha também. Fico grata a cada um que fez sua encomenda por lá. As duas últimas semanas foram de muita costura e pouco computador e foram especialmente compensadoras. Torço muito para que o próximo ano seja só de crescimento até a máquina cansar – se o mundo não acabar é claro.

Encomendas no correio na última segunda – só tenho mais uma para este ano ainda – e eu resolvi encarar um novo projeto: uma ursa princesa para minha sobrinha que ama rosa e princesas. Encontrei um molde na internet e meti as caras.

O resultado da primeira tentativa você vê aí em cima: o segundo urso mais feio do mundo. Um ratinho, na verdade. E ele é o segundo mais feio porque o que eu fiz hoje, afff, não merece nem registro. Não sei se conseguirei fazer o que eu queria, mas juro que estou tentando com todo o carinho.

Carinho que eu quero colocar em tudo que fizer no próximo ano. 2012 parece ter sido um ano difícil para muitos, alguns não contando pra gente pelo que estão passando, mas ainda assim derramando umas lágrimas de canto de olho.

Uma grande amiga encerra o ano ainda lutando contra o câncer, mas já vencedora. Algumas queridas mudaram de emprego, de estado civil, de cidade e estão mais lindas e fortes. Eu me sinto mais linda e forte.

O reencontro com alguns velhos amigos me fez avaliar tanta coisa. Gente, como eu cresci e como é bom deixar certos pesos pra lá, deixar de carregar o que não é nosso.

A revista Veja, que anda mais ruim que boa, me brindou com uma entrevista muito bonita com um pastor americano que fala das pessoas boas, independentemente delas acreditarem ou não em algum Deus, mas pisou na bola em um artigo em que comparava o casamento homossexual com sexo com animais e em outra que compara pais que deram hormônio feminino para seu filho ser criado como menina após um acidente ao fato de querermos menos brinquedos rosas ou azuis e a querermos ensinar nossos filhos sobre igualdade. Sério, mostrar ou falar de uma situação extrema apenas para defender seu ponto de vista não faz disso um argumento válido.

Uma propaganda de sorvete mostrou que as pessoas podem ser bondosas e pagar um sorvete para um estranho e eu fiquei com lágrimas nos olhos, mesmo tendo pessoas nos comentários desvalorizando qualquer tipo de atitude boa.

Fui a um encontro de pessoas que só conhecia pela internet e com que eu um dia achava só dividir o vício por seriados de TV e me vi rodeada de novos amigos de bom coração.

Caminho pelas ruas com a cã e recebo mais sorrisos que caras feias – ela tenta fazer amizade com todo mundo – e fiz novos amigos numa velha vizinhança. Cã que dá muito mais trabalho do que os gatos (que dez gatos), mas que me lambe quando eu choro e que fica comigo quando me sinto sozinha. E agradeço diariamente o fato da Carol ter me convencido a trazê-la pra casa.

Espero que 2013 seja mais bondoso com todos, que tenhamos mais motivos para sorrir do que para chorar e que eu termine as mudanças que iniciei nesse ano, que eu crie coragem para alçar certos vôos que ainda me dão medo. Espero poder estar mais com as pessoas que realmente querem estar comigo.

Encerro o ano cheia de tantas esperanças, afinal, se meu time levou a Libertadores e foi campeão do mundo, nem posso reclamar de 2012, não é mesmo?

Ellen DeGeneres (Eu já falei que amo essa mulher? Sério, se eu só pudesse escolher uma pessoa famosa pra conhecer nessa minha vida seria ela.) encerra todos os seus programas com uma mesma frase, que eu repito aqui porque espero, de coração, que a gente possa praticar bastante: Be Kind To One Another.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

5 Comentários


  1. Acho bom vocês pararem de nos fazer chorar… Adorei o texto e o urso nem está tão ruim. Você conseguiu colocar a cabeça! Abraços.

    Responder

  2. Poxa Si, tô derretendo em lágrimas aqui… Espero mesmo que seja coisa de final de ano. Boa sorte com a Carol, boa sorte com a lojinha… Deus abençoa aquilo que fazemos com amor. Bjs!

    Responder

  3. Eu continuo adorando urso-rato.
    E se 2012 trouxe tanta coisa boa – olha a lojinha que nao me deixa mentir, e a cã delicia – certeza que 2013 vai ser duca*****

    Responder

Deixe uma resposta