Gatos na rede, cã nas ruas

Uma reportagem na Veja de duas semanas atrás fala sobre a popularidade dos gatos na internet: de dez dos vídeos mais assistidos no YouTube pelo menos dois são protagonizados por felinos. Além disso, quem passa bastante tempo conectado não demora nada nada a ver uma foto, um texto ou uma tirinha com os bichanos – quem me segue, então, vê pelo menos um desses por dia.

Na mesma reportagem William Braden, autor de um vídeo premiado em um evento em Minneapolis com mais de 10.000 vídeos sobre o mesmo tema, arrisca uma explicação: “Os donos de cães levam seus animais para passear e se socializando nas ruas. Já os gatos não passeiam. Na comunidade on-line seus donos podem trocar experiências com outros donos de gatos.”

Sabe que eu acho que sua explicação tem muito sentido? Não somente para a vida na rede, mas também por uma característica dos donos de gatos que eu fui percebendo depois de convertida em cat person: eles vestem a camisa. Vamos combinar: dono de gato tem de tudo com o tema, de roupa a quadro na parede, passando por estátuas de todos os estilos e adesivo de carro. A gente até vê um ou outro dono de cachorro fazendo algo do tipo, mas não com a mesma intensidade e, com certeza, não a maioria como acontece com felinos.

Assim, na rede nós nos encontramos e podemos mostrar as peripécias desses pequenos que são lindos mesmo dormindo – com exceção do meu vizinho de rua que sai para passear com sua cachorra e sua gata ao mesmo tempo, as duas em suas coleiras em total harmonia.

O outro lado da moeda também é muito verdadeiro: há 10 anos morando na Pompéia eu conhecia um ou outro vizinho no prédio e o pessoal da padaria. Depois de 4 meses andando por aí com a Tequila meus conhecidos foram se multiplicando: tem o segurança do estacionamento do Hospital São Camilo que é simplesmente louco por ela, assim como os seguranças das escolas das ruas próximas ou do Buffet da Avenida – um que disse que só cachorro feio devia ser castrado e que ela devia ter muitos filhotinhos. Tem também o pessoal da imobiliária da Coronel, que fazem carinho em sua barriga na hora do almoço e que ela não quer abandonar.

É claro que a personalidade da Tequila também influencia no resultado: minha cachorra está longe de ser uma cã de guarda, já que vira de barriga pra cima pra qualquer um que estender a mão. Ah, ela também vira de barriga pra cima pra qualquer cachorro ou gato que encontrar pelo caminho.

Sim, Tequila faz amizade mesmo com os gatos de rua e não entende pessoas que não gostam de cachorros.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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