Todas as manhãs cumpro meu papel de Tamagochi da vida real e acesso o relatório matinal de meu relógio esportivo. Aquele que me diz o treino do dia, quantas horas dormi (e com que qualidade), meu VFC, minha necessidade de recuperação e em que dia do meu ciclo menstrual estou.
Há 57 dias eu edito esta informação dizendo a ele que não, minha menstruação não veio.
Será a menopausa? Não sei. Afinal, ao contrário do início da vida fértil de uma mulher que começa sem dúvida alguma, o primeiro dia da menopausa só saberemos 1 ano depois que a última menstruação tiver vindo.
E essa é apenas uma das muitas incertezas dessa fase.
No meu caso os primeiros sinais começaram na segunda metade de 2023 quando comecei a ter dificuldades com o sono. Logo eu, que sempre dormi facilmente e bem até o balançar do relógio em meu pulso, passei a girar na cama procurando o sono e a acordar magicamente às três e meia da madrugada.
Atribui à fase complicada pessoal e profissional, experimentei por alguns meses um remédio indicado por minha médica geral e depois me dei muito bem com uma bebida chamada Koala Sleep – que não é remédio, mas tem um monte de componentes que ajudariam a encontrar o sono, se for efeito placebo por favor não me contem porque funciona.
Mas e o cansaço, Simone? Bom, ainda se sentindo culpada por ter exagerado nos treinos nesse ano enquanto a vida real estava cobrando preço alto, de novo não sabia se era eu ou se era o tal climatério (chamada também de peri menopausa). Acrescentei outro fitoterápico na lista (dessa vez a Maca Peruana) e segui vivendo.
No último mês do meu ciclo da SP City fui surpreendida por três menstruações em apenas 30 dias. O que aconteceu? Continuamos sem saber se era o climatério ou o esgotamento do corpo após 7 meses de preparação intensa para correr por cinco horas pelas ruas da cidade.
Cinco horas porque muito diferentemente da maratona do Rio em 2023 e mesmo eu tendo feito um ciclo bonitinho, no quilometro 36 eu quebrei…. Será se? Jamais saberemos.
Até porque até o momento não achei um médico que me pareça saber o que está acontecendo comigo – um deles inclusive me falou que meus exames de sangue não servem de nada porque nessa fase meu corpo a cada dia estaria de um jeito – e esse também não é um assunto de que todo mundo fala.
Ou pelo menos não era. Nas últimas semanas me vi esbarrando em podcasts, perfis de instagram, textos de internet falando da menopausa. O universo (e o algoritmo) me entregando conteúdo que eu preciso ou talvez tenhamos a sorte deste ser um assunto que deixa de ser tabu.
Aí hoje, quando exclui a marcação do meu relógio, resolvi escrever sobre isso, ver se marco consulta com outro médico, procuro por um lubrificante antes de sentir qualquer desconforto e aumente meu consumo de proteína – porque, coincidentemente ou não, perdi massa magra nestes últimos meses mesmo treinando direitinho.
É, essa coisa de ser mulher dá um trabalhão.
P.S. Aproveitei e inspirada por Rita Lee já comprei minha camiseta com Meno Power escrita em letras garrafais. Esperando um pouco mais de certeza para usar.