Uma ideia de você, Tudo em família e A Mãe da Noiva – mulheres acima dos 40 e o amor

Anne Hathaway é linda. Isto é indiscutível. E provavelmente ela fez o mesmo acordo que o Tom Cruise com algum poder sobrenatural para que não envelhecesse. Mas isto não muda o fato de que ela envelheceu, fez mais de 40 e está sujeita às mesmas pressões que todas as demais mulheres do mundo, com o agravante de que ela depende muito mais de sua aparência que eu ou você (a não ser que você seja uma super modelo e atriz).

Além de linda, Anne me passa uma imagem de garota comum que acabou tendo uma carreira extraordinária. Lembro dela em uma entrevista para Ellen DeGeneres falando sobre o peso que ganhou em sua gravidez e como ficou feliz quando, ao invés de criticá-la, a colega de elenco Rihanna elogiou “seu traseiro” nas calças jeans que ela vestia.

E Anne foi escolhida para protagonizar Uma ideia de você, filme do Prime Vídeo baseado em uma fanfic inspirada pela história de Harry Stiles e Olivia Wilde (ela largou Jason Sudekis, como assim?). No filme, Anne tem uma filha adolescente que era fã de uma boyband, ao ter de levar a garota ao show desta banda no lugar do ex-marido, a personagem acaba por conhecer um dos rapazes e os dois se apaixonam a primeira vista.

Assisti ao filme pouco depois da estreia, mas foi só depois que tropecei em um “vídeo análise” no YouTube que pensei em escrever sobre ele. Uma ideia de você não é um filme ruim, é um passatempo divertido para ver sem compromisso, com um final fofo e uma ou outra cena bonitinha. Anne, que é uma tremenda atriz, está bem, ela e o rapaz (interpretado por Nicholas Galitzine) tem química e, gente, nem toda obra tem de ser uma reflexão sobre o sentido da vida.

O vídeo análise em que tropecei leva a sério a parte da crítica e acaba sendo quase tão longo quanto o filme sobre o qual fala. E ele começa bem, porém tropeça em um ponto crucial: ao dizer que o fato da adaptação do livro e direção ter sido feita por um homem (no caso do roteiro ele dividiu a responsabilidade com uma mulher) foi o que torna a histórica menos crível, afinal uma mulher como Anne Hathaway jamais sentiria insegura no meio de garotas mais novas ou teria problemas de imagem ou autoconfiança, afinal ela é linda e bem sucedida.

Odeio acabar com as ilusões de uma moça jovem como a que fez o vídeo, mas mulheres como a Anne passam por isso como todas as outras. Se sentem inadequadas, incompetentes, feias e velhas… Todo o tempo. O passar dos anos torna tudo ainda mais difícil e não, mesmo as mais lindas, não acham que podem competir com garotas mais novas.

A garota também vê defeitos na forma como a personagem de Anne se sente em relação a mulher com a qual seu marido a traiu, sobre o fato dela levar um livro ao tal show da boyband porque a ideia dela era ficar na barraca VIP enquanto a filha curtisse o festival. Segundo a moça isso é irreal, mas eu já fiz (não sofro mais desse mal e na verdade, hoje em dia, devo pular mais na frente de um palco que minha filha e ela passa algumas vergonhas, mas isso fica para outro dia).

Uma ideia de você está longe de ser um manifesto em defesa das mulheres de qualquer idade ou de que o amor vence tudo, mas com certeza ele tem menos defeitos do que os que a moça viu e ele definitivamente não retrata de forma errada a dureza de ser uma mulher pós 40 a procura do amor (sejam os caras que tentam conquistá-la no início e que nos enchem de vergonha alheia, seja em suas inseguranças). Ah, a moça também fala que Hayes (o moço da banda) aparece anos depois feio e envelhecido como se vivesse bêbado e fosse fumante. Particularmente ele ficou bem mais interessante mais velho (beijo, me liga). Acho que ela só não percebeu que não era o público alvo do roteiro.

E, ao que parece, o filme parece ter aberto a comporta dos filmes românticos com protagonistas acima dos 40 – para o bem e para o mal.

Nas últimas semanas a Netflix também investiu nisso e lançou duas comédias românticas na mesma pegada: Tudo em família, com o casal Nicole Kidman e Zack Efron, e A Mãe da Noiva,  protagonizado por Brooke Shields e Benjamin Bratt.

Tudo em família sim merece milhares de críticas, na verdade eu só cheguei ao final dele porque o controle remoto estava longe e o gato estava deitado na minha barriga. Eu não conseguia prestar atenção às cenas de Kidman com Efron, horrorizada com as mudanças nos rostos dos dois. Movimento facial? Não existe. É desesperadora a falta da expressão de ambos. Química? Passou longe. E o roteiro, na verdade, é bem mequetrefe. Sugestão? Avisem a Netflix para não sugerir o filme para vocês e assim não correrem o risco de tentar ver.

Vai insistir? Pois bem: Nicole interpreta a mãe de Zara (vivida por Joey King, de A barraca do beijo, muito fraquinha), que é assistente do super astro Chris Cole (Efron). Após uma briga em que ela se demiti, Chris vai até sua casa, conhece a mãe da garota e a conexão dos dois é imediata (deveria ser, mas, né). Zara conhece bem demais o chefe para confiar nele, já a mãe da garota tem muito medo de se envolver e não sabe exatamente o que fazer. O que eu não sei é como a Kathy Bates aceitou participar disso aqui.

A mãe da noiva fica na categoria de Uma ideia de você: divertido, leve, não vai te fazer rir loucamente, mas você vai torcer pelo casal. Benjamin Bratt é uma graça e Brooke está lindíssima. Ela é a mãe de Emma (vivida por Miranda Cossgrove, que também ficou devendo no quesito atuação), que surpreende a mãe com um noivado relâmpago e um casamento na Tailândia. Chegando por lá Lana tem uma surpresa maior ainda: o pai do noivo é seu namorado de faculdade, que um dia sumiu sem explicações.

O roteiro é bem fraquinho (Uma ideia de você é o que tem o roteiro mais amarradinho dos três filmes), mas Brooke e Bratt, como eu falei antes, são ótimos, tem química e eu ficaria só admirando os dois naquela paisagem maravilhosa de boa. Na categoria passatempo leve ele ganha estrelinhas.

 

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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