Honrar um legado e mantê-lo vivo é para poucos. Adonis Creed carrega consigo não só as histórias de seu pai, o lendário lutador Apollo Creed, mas também segue os passos de Rocky Balboa, outro lutador tão icônico quanto. Lidar com essas bagagens e ainda criar sua própria persona como lutador de boxe foi seu primeiro desafio. Agora, ele precisa provar para o público, e para si mesmo, que é capaz de ir além.
É assim que reencontramos Adonis “Donnie” Creed no segundo filme da franquia Creed. Em Creed II, o lutador encara o desafio de sua vida. É que além de buscar se firmar como campeão mundial, ele está prestes a entrar no ringue contra Viktor Drago, filho do homem que matou seu pai no ringue, 30 anos atrás.
O peso emocional dessa luta, para além do desafio em si de confrontar um lutador poderoso, faz com que Creed se veja em um momento delicado de questionamentos e muitas cobranças. E como ele vai lidar com isso, contando com a ajuda da mãe, na namorada e do treinador Rocky, é que vai definir se ele é realmente um lutador – no sentido mais amplo possível que essa definição pode ter.
Creed II se situa três anos depois do ponto onde termina Creed: Nascido Para Lutar. Na vida real, o filme também tem a mesma distância temporal, já que o filme 1 da franquia chegou às telas em 2015. Passados três anos, temos um Creed mais maduro e consciente, menos explosivo, mas ainda sentimental e cheio de conflitos internos.
Michael B. Jordan encarna com brilho absurdo o personagem do lutador impiedoso, mas também humano e passível de erros. É o lado humano de Creed, aliás, que faz esse filme ser tão especial. Temos ali a figura de um boxeador buscando vingança, o que poderia ser o mais clichê da masculinidade padrão. No entanto, Jordan suaviza essas cores, mostrando um Creed sensível, generoso, um homem aprendendo a lidar com seus monstros e procurando evitar fazer vítimas pelo caminho. Definitivamente, a idealização perfeita do que todos os homens poderiam ser, não houvesse a tal masculinidade tóxica que causa dano não só nas relações, mas nos homens em si, de maneira individual.
Trazendo inúmeros referências ao filme Rocky IV, aquele onde o pai de Creed é morto na lona, Creed II consegue superar o antecessor de sua franquia. As lutas estão lindamente coreografadas e fazem sentido dentro da trama, os personagens coadjuvantes ajudam o protagonista a brilhar e toda a carga emocional da trama é entregue com verdade pelo elenco.
Existe algo de muito especial na chance de rever uma história por outra ótica. Creed II parece ser a redenção de Sylvester Stallone como roteirista – responsável por toda a franquia Rocky, de onde temos esse spin off Creed -, contando uma nova história a partir de outra já prestes a ser deixada de lado por sua abordagem que hoje soa datada. É como aprender com seus erros e poder fazer de novo, dessa vez do jeito certo. Que bom que Sly conseguiu. E melhor ainda que estamos aqui para conferir, tendo a chance de deixar essa história nos encantar e nos ensinar tanto, como um dia os filmes do Rocky fizeram.
Além de Michael B. Jordan e Sylvester Stallone, o elenco conta com Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Wood Harris, Andre Ward, Florian “The Big Nasty” Munteanu, Dolph Lundgren e Russell Hornsby. Creed II tem direção de Caple Jr., a partir de roteiro original de Stallone. O filme é produzido por Irwin Winkler, Charles Winkler, William Chartoff, David Winkler, Kevin King-Templeton e Stallone. Coogler, Jordan e Guy Riedel são os produtores executivos. Com estreia nacional prevista para 24 de janeiro, “Creed II” chega aos cinemas com distribuição no Brasil pela Warner Bros. Pictures.
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