Valerian e a Cidade dos Mil Planetas fica marcado por seus defeitos

Confesso: entrei na sala de cinema para a exibição de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas sem qualquer expectativa positiva depois dele ser massacrado pela crítica internacional e as únicas críticas positivas partirem de amigos que eu sei serem fãs incondicionais de Luc Besson, cineasta frâncias que assina roteiro e direção da adaptação para a telona da história em quadrinhos que inspirou George Lucas a fazer Star Wars “Valerian: O Agente Espaço-Temporal”, de Pierre Christin, Jean-Claude Mézières e Évelyne Tranlé.

Ao deixar o cinema comentei que não sabia como eu me sentia: em meio a um espetáculo de cor, luz, efeitos especiais e extraterrestres de todo tipo, você é jogado dentro daquele universo já nos primeiros minutos do filme – dos quais eu REALMENTE gostei e que acontecem ao som de Bowie cantando Space Oddity. Depois disso somos brindados por cenas incríveis no mercado para turistas ou quando Valerian está perseguindo fugitivos, sem estar em uma nave, passando por várias camadas da cidade Alpha. O problema é que o roteiro confuso faz com que esse mergulho seja turbulento.

                                                 Ah, eu adorei esses três!!

Valerian (Dane DeHaan de O Espetacular Homen-Aranha 2) e Laureline (Carla Delevingne de Cidades de Papel) formam a melhor dupla de agentes da força espacial humana no século 28. Após acompanharmos uma missão de recuperação de um dispositivo, os dois ficam encarregados de assegurar que o comandante Arun Filitt (Clive Owen) cumpra sua missão.

A missão consiste em descobrir o que está acontecendo dentro da cidade dos mil planetas de que o título do filme. A cidade, Alpha, foi uma criação humana, uma estação espacial em que dispositivos de diferentes planetas foram “se encaixando” e que permite que todos compartilhem conhecimento e cultura entre si. Seja o que for que esteja acontecendo em seu centro, é uma ameaça a esse ecossistema e as duas últimas equipes que foram até lá, não voltaram para contar o que descobriram.

Como podem imaginar, quase a totalidade das mais de duas horas do filme (opa, olha outro defeito) é com Valerian e Laureline em destaque e eles não funcionam: DeHaan se sai melhor que “Cara sempre-a-mesma-cara Delevingne”, mas o casal não tem química. Em vários momentos o roteiro depende de acreditarmos que um faria qualquer coisa pelo outro e não nos convencemos disso.

Por conta de Carla perdemos algo que também é bastante positivo no filme: ainda que Valerian seja o “herói”, Laureline é forte, inteligente e é quem salva o dia mais de uma vez. Uma protagonista feminina digna de destaque.

Do outro lado, a participação de Rihanna como Bubble nos ganha e não só pelo show que a cantora dá, mas porque ela e DeHaan funcionam muito bem juntos e ela tem um arco dramático muito interessante, tudo isso em apenas 10 minutos de participação,  – fique de olho para não perder a participação de Ethan Hawke porque ela é menor ainda.

Mas o que realmente incomoda é o roteiro: quando o que acontece na tela precisa ser explicado e re-explicado por algum personagem é sinal claro de que algo não funcionou direito. Considerando o quanto a história é simples – casal de heróis briga bastante entre si enquanto realiza missão perigosa de salvamento que exige decidirem entre escolher o certo e seguirem ordens, com alguns momentos de humor no meio – isso é ainda mais significativo.

Ao final você gosta tanto do que vê na tela – e gosta e torce tanto por outros personagens secundários (Arrasô General!) – que você quer gostar do filme todo. De verdade. Talvez por isso eu não saber exatamente o que dizer quando me perguntaram o que achei: Valerian e A Cidade dos Mil Planetas tem muitos defeitos, mas também encanta quem é fã de ficção científica.

 

Valerian e A Cidade dos Mil Planetas estreia hoje nos cinemas nacionais com distribuição Diamond Films.

P.S. Cara Delevingne foi indicada por sua atuação no filme ao Teen Choice Awards 2017, na categoria Melhor Atriz – Filme do Verão (#ChoiceSummerMovieActress). A premiação acontece em 13 de agosto e será exibida pelo canal Warner, a partir das 21h.

 

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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