Planeta dos Macacos – A Guerra encerra trilogia se aproximando do filme original

Empatia, de acordo com o Dicionário Houaiss é a capacidade de identificar com outra pessoa, sentir o que ela sente, querer o que ela quer, de aprender do modo que ela aprende. Em termos de cinema, isto é obtido quando o diretor nos faz enxergar as cenas pelos olhos de um personagem específico.

Com roteiro de Mark Bomback e dirigido por Matt Reeves, o terceiro e último capítulo da trilogia, Planeta dos Macacos – A Guerra, que estreia hoje no Brasil, acerta em cheio ao abandonar o lado nos homens no conflito e concentrar sua atenção nos primatas. O foco central da história está em Caesar, o líder dos macacos, interpretado pelo ator que você já viu, respeita, mas talvez não reconheça, Andy Serkis.

No filme, Caesar e sua tribo são caçados incansavelmente por um grupo de militares liderados pelo Coronel McCullough, vivido por Woody Harrelson, num papel claramente inspirado no personagem Kurtz de Marlon Brando em Apocalypse Now. Após um ataque com consequências trágicas para os símios, Caesar abandona sua prioridade de proteger o bando e parte com um pequeno grupo em busca de vingança.

A atuação de Serkis ancora toda a narrativa, até porque ele é o condutor desta. Seu personagem é complexo e vemos claramente através de suas expressões, silêncios prolongados e poucas falas sua luta interior, o turbilhão de emoções que existe em sua mente por constantemente ter que fazer escolhas entre a responsabilidade que ele tem para com o seu povo e seus demônios interiores, alimentados por seu desejo de vingança.

Por isso mesmo, quem for ao cinema esperando encontrar o mesmo nível de adrenalina oferecido pelos filmes anteriores poderá sair da sala de cinema um pouco frustrado: as cenas de ação existem, é claro, e são muito bem construídas e conduzidas (os efeitos especiais são de cair o queixo!), mas o filme é muito mais focado nos conflitos interiores de seu protagonista.

O vilão interpretado por Woody Harrelson serve bem como contraponto à fúria de Caesar, com um fanatismo frio e contido demonstrando claramente como o homem desta distopia perdeu sua própria humanidade, ao mesmo tempo que Caesar, de certa forma, vai ficando mais humano. O senso de família e comunidade, presente ao longo de todo o filme, reforça essa sensação: o animal ficando mais humano, enquanto o ser humano vais e bestializando.

Planeta do Macacos – A Guerra é acima de tudo, um filme sobre a jornada de Caesar e de seus companheiros. É um filme que apresenta o  maior peso dramático, discorrendo sobre o sentimento de perda e suas consequências. Não há uma guerra propriamente dita, já que esta ocorreu antes. Fala-se acima de tudo de suas consequências e de seus resultados. E, fechando o ciclo, aproxima-se da versão original do Planeta dos Macacos, de 1968.

Escrito por Carlos Miletic

Apaixonado por literatura e cinema, não resiste a um filme de terror, muito menos a um livro de mistério. John Wick é seu modelo e Stephen King o seu pastor.

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