Opinião: Shadowhunters #netflix

Sim, tem série nova chegando na Netflix: Shadowhunters, baseada no universo dos livros de Cassandra Clare Instrumentos Mortais, que também deram origem a uma série de filmes que virou um filme só, com péssimos resultados na bilheteria e crítica. Lá pelos EUA a série está sendo exibida pela ABC, nos demais países o Netflix comprou os direitos e os episódios serão disponibilizados semana a semana as quartas-feiras.

Eu ainda não li Instrumentos Mortais – na fila junto com os livros da série do Percy Jackson – mas pelo que li dos artigos divulgados desde o ano passado, a ideia da série é usar do universo dos livros e seus personagens, mas não se apegar aos acontecimentos, ou seja, não teremos uma temporada para cada livro.

Se isso pode desagradar aos fãs da série de livros, talvez permita que mais não leitores acompanhem a produção.

Shadowhunters

E isso explica porque o piloto apresenta a mitologia da série de forma bastante apressada, dando mais velocidade a história: Clary Fray é uma garota que completa 18 anos e que não faz ideia do passado ligado a sua verdadeira origem. Isso graças a uma escolha de sua mãe, que para protegê-la preferiu usar de um feitiço para mantê-la fora do alcance de outros como elas.

Os outros a que me refiro são demônios que trocam de forma, vampiros, lobisomens e pessoas como Clary, os caçadores de sombras que dão nome a série.

Aos 18 anos o encanto é quebrado – quem lembrou do feitiço protetor de Harry Potter, levante a mão! – e antes que sua mãe tenha tempo de lhe contar toda a verdade, não que ela tenha se esforçado para isso, ela começa a enxergar pessoas iguais a ela, que não são vistas pelos seres mortais, e se mete no meio de uma luta entre demônios e caçadores em uma boate.

Sim, cenário, cenas, transformações, tudo tem um que de filme B, exagerado, mas isso não chega a comprometer o resultado e nem é a primeira vez que acontece.

Só que cobra seu preço: não há série que sobreviva apenas baseada em ação sem contexto e não há série com efeitos especiais ruins que sobreviva sem uma boa história que faça com que você se esqueça deles.

Finalmente, a série é direcionada ao público adolescente e isso é garantido pela total falta de personagens adultos com conteúdo. Sim, existe a mãe de Clary, que na primeira parte do episódio acreditamos morta, mas ela é levada a algum tipo de feiticeiro muito forte de quem ela se escondeu no passado e nada impede que ela volte a vida em algum momento.

E existe este feiticeiro (e uso o termo de forma aleatória, já que não li os livros e eles não gastaram tempo com explicações neste piloto), em verdade, quer algo que a mãe de Clary teria pego antes de se esconder, um cálice poderoso, e ele não parece ser uma pessoa muito legal e deve perseguir a garota a partir de agora crente que ela sabe que raios está acontecendo e não perdida como ela está.

O grupo de personagens principais – Clary, Jace, o caçador que a ajuda a escapar dos demônios, Alec e Isabelle, mais dois caçadores, e Simon, melhor amigo da heroína completamente apaixonado por ela – é então de adolescentes e, bem, a gente sabe que não é lá muito fácil achar atores jovens que entreguem atuações acima de críticas. Deste grupo podemos dar algum destaque para o ator que interpreta Simon, mas talvez seja o fato dele ser um cara normal e não um ser mágico com poderes.

O resultado do piloto, então, não é de agradar a todos e com certeza não serve de base para dizermos se a série será boa ou ruim: existe potencial, a mitologia dos livros parece bem interessante, mas acertos serão necessários. O bom é que com a compra dos direitos pela Netflix teremos uma temporada inteira da série ao invés de um cancelamento após dois ou três episódios.

Eu irei em frente, o clima de Supernatural me agrada e, como disse, enxerguei um potencial interessante, mas não é que eu vá dizer aos amigos para investir na série. Pelo menos não ainda.

P.S. Falando em atores jovens que não entregarem uma interpretação digna de nota, esse trecho do texto do TVFanatic sobre a série talvez explique melhor:

“Or when her mom’s employee, Dot (who is supposed to be Madame Dorothea from the books), turns into a demon, she doesn’t even bat an eyelash. I would probably just go into shock or at least start screaming hysterically. Clary doesn’t.”

P.S. do P.S. Mas de todas as falhas do piloto, o que eu não desculpo mesmo é a roupa de paquita do mal que a Clary coloca no final dele.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Também achei que o guri que faz o Simon é o melhor deles atuando. E ninguém é tão ruim quanto a garota que faz a Clary. Socorro!!! A personagem já é chata (nos livros e na série), mas a atriz conseguiu piorar tudo.
    Fiquei meio bronqueada com a Isabelle. Eu a imaginava mais … fashion. Sei lá, achei a garota meio…ai, não sei qual expressão usar. Roupas de mal gosto e não um sensual chique, sabe? E isso acabou prejudicando a minha forma de olhar para a interpretação da atriz.
    Mas gostei…é trash, mas chamou a minha atenção.

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