A Teia – Final de Temporada

Coragem. Após a cena final de A Teia foi essa a primeira palavra que veio a minha mente. Não foram os primeiros a se arriscar mostrando a maldade humana da forma mais crua. Nem o fizeram de uma forma diferente de todo mundo.

Mas eles encararam o risco na televisão aberta brasileira de uma forma que, eu pelo menos, ninguém tinha feito antes  – e aí, talvez seja o caso de eu fazer um mea culpa por ter reclamado tanto do horário sem perceber o bem que isso poderia fazer a série.

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A grande verdade é que o último episódio desta temporada – torcemos para que não seja a única – não só ficou a altura de tudo que tivemos até aqui como nos preparou um apanhado de surpresas, começando pelo fato de Celeste ter sobrevivido ao acidente e encerrando com a inesperada revelação de que Marco Aurélio não buscava a vingança pela morte de seu pai, já que ele assistiu a própria mãe o fazendo, mas era apenas uma mente tremendamente perturbada.

O episódio começou com Macedo tentando convencer Celeste a ajudá-lo enquanto uma multidão fora da delegacia ameaçava linchá-la. Voltamos então ao momento do acidente e da fuga de Baroni, que leva Ninota consigo para fazer exatamente o que Macedo previra: se vingar do ex-marido de Celeste.

Baroni recorre a Charles, o único a escapar do cerco da polícia, e arquiteta a vingança em sua casa na Chapada – e a localização dos acontecimentos foi a única parte de toda a série que me incomodou, fosse pelo fato de eu ter dificuldade em identificar as idas e vindas do grupo, fosse pelo fato do Brasil não ser tão pequeno assim para a facilidade com que esse povo viajava, além de fazer com que eu me perdesse na linha temporal.

E tudo daria certo, não fosse o detalhe de Celeste estar viva e não fosse um dos vídeos que acaba chegando as mãos do pessoal da polícia. Para ser mais exata nas mãos de Taborda, que recém pai faria o que qualquer um de nós faria, e ele não podia fazer, e a divulga.

A fita em questão reafirma o quão instável Baroni é: ele tortura a pequena Ninota na frente da câmera para que seu pai possa ver e assim não hesite em encontrá-lo. Confesso: apenas ouvir a fita foi o bastante para revirar meu estômago e mais que justifica a multidão raivosa fora da delegacia.

O maior trunfo de Baroni se torna, então, seu ponto fraco: Celeste, até então firme em proteger seu amado, acaba entregando a localização da casa em que ele estaria escondido após ver a fita.

Macedo monta uma nova operação gigante – como o chefe dele bem nos lembra e questão totalmente relacionada ao que citei acima sobre as viagens – para prender o bandido. Ele evita que Ney acabe morto, consegue recuperar Nina, mas não impede que Baroni atire em Celeste.

A grande verdade é que não existe possibilidade de final feliz em uma história como essa e o roteiro acertou na forma como as coisas aconteceram – e eu nem vou criticar o fato de Macedo levar Celeste com ele à cena do crime, afinal isso acontece até em filme americano muito bom.

Baroni  vai para a cadeia, aonde seu destino já está traçado também: lembram da fita com a tortura de Ninota? Bom, os presos também sabem dela e a cena dele sendo cercado no banheiro já diz tudo que precisamos saber.

Celeste é mantida no hospital com a ajuda de aparelhos. Seu futuro é indefinido e Ninota acaba em um lar para crianças órfãs.

Macedo recebe a proposta para continuar em Brasília e montar sua equipe de trabalho. Se, de um lado, a proposta o manteria perto da mãe e de Celeste, com quem a ligação acabou sendo bem mais forte do que ele pretendia, ele não tem coragem de pedir a sua esposa que o acompanhe.

Ficam então as pontas soltas para uma possível segunda temporada e a cena de Libânio carimbando passaportes no aeroporto foi o bastante para me fazer querer que Macedo aceite a proposta – como se eu não quisesse o bastante vê-lo trabalhando junto com Germano.

E Eduardinho? Infelizmente o que eu mais temia aconteceu e a trama familiar de Macedo se esvazia. A esposa do delegado encontra os documentos na geladeira e assim eles conseguem impedir o pior, mas Eduardo em uma concessionária de motos e o senador andando pela cidade de Brasília nos mostram que, bem, algumas coisas são mais difíceis de mudar.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Gravei todos os episódios e assisti todos de uma vez. No começo a série me pareceu confusa, com o vai e vem temporal. Depois que você se acostuma e começa a entender, a trama se revela muito bacana. Foi inteligente revelar a psicopatia de Baroni aos poucos, até imaginamos que ele não teria matado a criança e a mãe, para depois saber que ele matara.
    Elenco impecável, até Paulo Vilhena, que nunca havia feito nada relevante ou mostrado talento, está bem. João Miguel, Angelo Antônio, Julio Andrade, enfim, bandidos e mocinhos, todos excelentes.
    E para terminar, o que esta menina, Nathalia Costa, que fez a Ninota? Deve ter no máximo 4 anos e já se revelou um talento nato. Sua expressão de pânico durante a tortura do pai e seu olhar perdido ao final do episódio, mostrando o trauma pelo qual passara, são irrepreensíveis. Atores mirins brasileiros não costumam ser tão naturais e talentosos, a maioria é bastante sofrívei, mas a Ninota realmente surpreendeu.

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