A Teia (1×1)

E como eu não podia negar o apelido carinhoso dado por um amigo de badge bunny, claro que eu conferi a estreia da serie nacional A Teia na telinha da Globo e devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendida.

A Teia televisão globo primeiro episódio

Na verdade eu já tinha gostado muito do teaser que a rede de televisão havia exibido no ano passado e estava ansiosa para conferir como contariam a história da investigação de um elaborado assalto que acontece no Aeroporto de Brasília e que leva mais de sessenta quilos de ouro bem nas barbas da Polícia Federal.

E ela começa com um recurso já velho conhecido dos fãs de seriados de televisão: Macedo (o EXCELENTE João Miguel) está caído, talvez sangrando, tudo muito rápido, cortado, Baroni (Paulo Vilhena) também parece ferido. Uma mulher talvez morta. Um ursinho de pelúcia branco indicando que talvez uma criança também tenha se machucado. Mas tudo isso ainda não aconteceu, na verdade é apenas um aperitivo da história que ainda será contada.

Voltamos então três meses no tempo e vemos o assalto acontecendo. Bandidos invadem o aeroporto carregando metralhadoras e dispostos a não errar e eles aparentemente não erraram nada, ainda que dois deles acabem feridos. Após a confusão acaba sobrando para o delegado Macedo ir ao local, fazendo com que ele se atrase para um jantar com sua mãe.

Ao ver Macedo na cena do crime é fácil lembrar, para alguém que devora seriados policiais como eu, de vários detetives queridos de séries americanas. Ele é de poucas palavras, tremendamente observador e com certeza não parece fácil de lidar (pensei muito no Sherlock de Elementary). Ele rapidamente define funções aos investigadores, tem tempo para ignorar um desses homens que adoram o bordão “você sabe com quem está falando” e ainda sai a tempo de chegar na casa da sua mãe.

O primeiro episódio nos diz mais sobre o protagonista: sua mãe Áurea tem um novo namorado, um senador cujo passado cruzou com o de Macedo e parece não ter deixado boas lembranças – Miele! Gente, Miele de volta a TV, que delícia! – e um filho de um segunda relacionamento, que parece odiar o irmão mais velho. Daniel Warren interpreta Eduardo, filho de Áurea, e foi o único a me incomodar neste primeiro episódio, talvez porque eu tenha assistido a Art Ataks demais na Disney e o rapaz manter o mesmo tom.

O passado de Macedo também tem outros problemas: apelidado de cearense arranca sangue, ele está em Brasília como castigo por algo que aconteceu em Fortaleza, longe de sua esposa e filha, e nem deveria estar investigando nada, apenas sentado em sua mesa. Mas ao quebrar o galho de outro delegado ao ir a cena do crime acaba envolvido em algo que, logo de cara, vemos que ficará muito grande. Além de grande, essa pode ser a oportunidade de voltar para casa.

O restante do episódio é dedicado à Baroni, o bandido. Apesar de ainda não conhecermos seu passado, ou mesmo quem ele realmente é, fica fácil perceber que ele é mais guiado pela emoção do desafio do que pelo dinheiro. Além disso, em uma frase sua para um dos feridos no assalto, nos mostra que ele talvez também esteja procurando vingança ou redenção por algo acontecido com seu pai.

Ele tem uma namorada, Celeste, que conhece o trabalho sujo dele, mas me deu a impressão de estar vivendo o sonho de ter encontrado um príncipe. É perceptível que Baroni tem “berço”, tem classe, enquanto a garota é bastante simples. Então podemos especular que ela está deslumbrada por aquilo que ele está lhe oferecendo.

Logo após o roubo eles seguem em direção da fronteira do Brasil, acho que através do Mato Grosso, e eu confesso ter soltado risos ao perceber que ele realmente escolheu o melhor esconderijo possível para as barras de ouro: a cadeirinha da menina, que escapa ilesa da busca da polícia. Ninguém teria coragem de acordar aquela garotinha para ver se tem algo embaixo dela, teria?

O episódio piloto funciona muito bem: edição e fotografia caprichada, boas atuações, nenhum tempo gasto com explicações desnecessárias (vício da televisão nacional herdado das novelas, mais longas). A trilha sonora é outro trunfo: muito rock bem colocado embalando a “aventura”.

Principalmente um episódio piloto que cumpre a missão de nos fazer ficar curiosos pelo episódio seguinte.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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