Livros: Morte Súbita, as vantagens de ser invisível e outros

enriqueta felini liniers

O meu final/começo de ano foi assim, ou seja: delicioso. E o seu?

Eu havia começado a ler Morte Súbita lá pelo dia 12 de dezembro, mas entre os preparativos para o final de ano a coisa não andava fluindo muito bem. Cheguei a achar que o livro é que não estava empolgante o bastante e separei apenas mais um para a viagem, as vantagens de ser invisível.

É claro que inclui na conta que assistiria a algumas séries – aproveitei para colocar Haven em dia – e fazer umas artes, o que não foi possível porque esqueci a maleta com os acessórios em casa.

No final das contas parece que o problema era eu, não o livro, e quando fui ver já tinha acabado. Considerando que levei apenas um dia para ler o segundo vocês podem imaginar a cara de pânico dessa viciada em livros.

Pratiquei a cara de pau e li o presente que dei ao meu pai de natal, Lembranças de Outra Vida, mais um thriller policial de Mary Higgins Clark,  também lido em um dia… Sorte que o marido havia levado O Prisioneiro do Céu, de Zafón, senão eu não sei o que eu faria.

Na torcida para manter esse ritmo até o final do ano.

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Morte Súbita

Sinopse – O novo livro de J.K. Rowling, autora da aclamada série Harry Potter, que vendeu mais 450 milhões de livros pelo mundo, conta a história de Pagford e seus habitantes, que, após a morte inesperada de Barry Fairbrother, membro da Câmara do vilarejo, fica em choque.

Confesso: o começo do livro é um tanto desencorajador. São muitos personagens sendo apresentados ao mesmo tempo e muito diferentes entre si, o que pode se tornar cansativo: são nomes, cargos e familiares para aprendermos porque a história já está acontecendo e não podemos nos perder.

Porque se tem algo que J.K. Rowling não faz é enrolar na história: ao longo das páginas ela vai nos apresentando os muitos segredos que as casas limpas e bem decoradas da pequena Pagford esconde e é perturbador perceber que ninguém mesmo é perfeito, longe disso os membros mais exemplares da sociedade são justamente aqueles com o maior número de segredos.

Não por acaso são os adolescentes que acabam se destacando por seus papéis na intrincada trama política da escolha do novo membro do conselho do distrito, isso enquanto nenhum adulto se dá ao trabalho de dar uma segunda olhada no que estão fazendo. Quando a gente vê já está totalmente envolvido, quem sabe até um tanto revoltado, no que eles vivem ali.

Se os personagens são ricos e a história cheia de acontecimentos, algo ficou faltando no final: queremos saber o depois de conhecer os segredos de cada família e isso acaba em um gosto um tanto amargo na boca quando o livro acaba e os destinos de boa parte deles não fica clara.  Aquele livro que vale pela viagem, mas deixa um pouquinho de decepção.

Agora, não espere a magia da série do bruxinho famoso: a história é bastante melancólica, por vezes até depressiva, ao mostrar um lado bem feio do ser humano. De semelhante a prosa apurada de J.K., que consegue nos ganhar mesmo quando seus personagens não merecem torcida.

as vantagens de ser invisível

Sinopse – Este livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe – a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir ‘infinito’ ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento.

Melancolia. Meus dois livros escolhidos para a viagem tem isso em comum. Mas, se Morte Súbita mostra de forma crua o tal lado feio do ser humano, as vantagens de ser invisível nos conta outra história, nos faz crer que, por mais diferente que sejamos, encontraremos pessoas que nos amarão e a quem amaremos profundamente,

Confesso que só fui comprar o livro por conta do filme, que ainda não assisti. E isso tudo só porque o filme tem a Hermione de Harry Potter, Percy Jackson e a Amber de Parenthood. Vocês também padecem dessas associações absurdas que eu faço?

Pois bem, tinha ouvido um comentário aqui e outro ali elogiando livro e filme e resolvi arriscar quando fui trocar um livro repetido que ganhei de natal. Não poderia ter arriscado melhor.

Charlie abre seu coração para esse estranho do qual não sabemos o nome e por causa disso vamos conhecê-lo. Vamos conhecer Patrick e Sam, aqueles que se tornariam seus melhores amigos, e vamos caminhar com ele pelas dores de uma adolescência que, além dos problemas de praxe, ainda carrega outros de um passado que não está muito claro para ele.

Se em alguns momentos o autor quebra nosso coração em mil pedacinhos, em outros ele nos monta novamente, melhores pelo aprendizado e fortificados pelo sorriso surgido do que deu certo, mesmo quando nos parecia improvável.

O livro é voltado para adolescentes. Bom, para as minhas amigas que tem filhos adolescentes eu sugeriria ler antes dos filhos. Não porque ele seja pesado ou algo do tipo, pelo contrário, mas porque ele trata de assuntos como homossexualidade e drogas de forma muito normal, como parte da vida, e talvez isso desperte perguntas que nem todos estão dispostos a responder.

Eu particularmente adorei e com certeza vou guardá-lo para quando a Carol tiver um pouco mais de idade. Chego a dizer que ele é poético na forma como conta algumas coisas tão tristes na vida do protagonista ou das pessoas a sua volta e isso faz com que seja uma boa forma de se conhecer esses lados.

Foi impossível para mim não lembrar de quando li Christiane F. Lembro que o livro acabou comigo de segunda mão, provavelmente herdado de um dos meus primos mais velhos e que eu o li com 13 anos, mesma idade da protagonista que, devido ao vício de drogas, acaba se prostituindo nas ruas de Berlim.

Os dois não poderiam ser mais diferentes na abordagem dos desafios que seus protagonistas enfrentam, Christiane F. é bastante crú, até mesmo chocante, mas compartilham de uma visão menos Disney da adolescência, sabem?

A questão é que pensei nisso quando pensava com que idade eu daria as vantagens de ser invisível para a Carol ler e percebi que essa nunca foi uma preocupação dos meus pais e nada do que li em Christiane F. me deixou com lembranças negativas ou me tornou uma pessoa pior, sabem? Bom, essa reflexão nada tem a ver com o livro em si, que recomendo demais, seja qual for a sua idade, mas tem comido caraminholas por aqui e ainda não consegui concluir o que eu acho.

Lembranças de Outra Vida

Sinopse – Quando a famosa estrela da Broadway Natalie Raines é encontrada morta na própria casa em Closter, Nova Jersey (EUA) as suspeitas recaem sobre seu marido, de quem estava se divorciando. Mas o que ninguém sabe é que, alguns dias antes, ela se viu frente a frente com o ex-amante de uma velha amiga, também assassinada misteriosamente. Agora cabe à promotora assistente Emily Wallace descobrir o que realmente aconteceu. Mas por que o caso lhe parece tão familiar?

De repente, Emily vê seus segredos mais íntimos serem revelados e pior: sua vida pode estar em risco.

Quem me conhece sabe que sou fã confessa da autora e essa recente publicação não decepciona: estão alias personagens femininas fortes e a tensão quando, perto de descobrir a verdade, percebemos que o meno problema de Emily é ser alvo de um assassino em série.

Capítulo a capítulo vamos sendo envolvidos pelo drama da promotora que, apesar de defender sua causa com toda competência, vive o inferno pessoal de não ter certeza sobre o que está fazendo. Em sua incerteza também  nasce nossa vontade de ver um inocente fora da cadeia e descobrir o verdadeiro culpado.

E neste livro Higgins Clarck realmente conseguiu me surpreender (o que, vamos combinar, é coisa rara hoje em dia quando o assunto é trama policial). Eu duvido que você adivinhe quem é o verdadeiro culpado da morte da grande estrela.

O Prisioneiro do Céu

Sinopse

Barcelona, 1957. Daniel Sempere e seu amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, estão de volta à aventura para enfrentar o maior desafio de suas vidas. Já se passa um ano do casamento de Daniel e Bea. Eles agora têm um filho, Julián, e vivem com o pai de Daniel em um apartamento em cima da livraria Sempere e Filhos. Fermín ainda trabalha com eles e está ocupado com os preparativos para seu casamento com Bernarda no ano-novo. No entanto, algo parece incomodá-lo profundamente.

Quando tudo começava a dar certo para eles, um personagem inquietante visita a livraria de Sempere em uma manhã em que Daniel está sozinho na loja. O homem misterioso entra e mostra interesse por um dos itens mais valiosos dos Sempere, uma edição ilustrada de O Conde de Montecristo que é mantida trancada sob uma cúpula de vidro. O livro é caríssimo, e o homem parece não ter grande interesse por literatura; mesmo assim, demonstra querer comprá-lo a qualquer custo.

O mistério se torna ainda maior depois que o homem sai da loja, deixando no livro a seguinte dedicatória: “Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro”. Esta visita é apenas o ponto de partida de uma história de aprisionamento, traição e do retorno de um adversário mortal. Daniel e Fermín terão que compreender o que ocorre diante da ameaça da revelação de um terrível segredo que permanecia enterrado há duas décadas no fundo da memória da cidade.

Ao descobrir a verdade, Daniel compreenderá que o destino o arrasta na direção de um confronto inevitável com a maior das sombras: aquela que cresce dentro dele. Transbordando de intriga e emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance em que as narrativas de A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo convergem e levam o leitor à resolução do enigma que se esconde no coração do Cemitério dos Livros Esquecidos.

Ah, eu não consigo pensar em Zafón e não sorrir: seus livros são verdadeiras obras de arte que me fazem viajar para uma Espanha do passado judiada pela guerra, mas cheia de perfumes e belezas. Sem contar que Férmin Romero de Torres é um anti-herói dos mais charmosos e apaixonantes.

O Prisioneiro do Céu é sobre o passado do homem que aprendemos a amar em A Sombra do Vento. O homem simples, mas de linguajar apurado, que ajudou Daniel sua primeira aventura. O homem duro que tem o coração mais mole que já se viu.

A aventura vivida pelos dois amigos no presente perde em tensão e drama para aquela vivida por nosso amigo em seu passado, digna de ser escrita por Alexandre Dumas. Na verdade, para os apaixonados pelos livros, todos gostaríamos de dizer que algo em nossa vida é parecido com o contado em um grande livro, não é mesmo?

Ah, sem esquecer: mais um livro de Zafón recheado de passagens para grifar e levar consigo pela viagem da vida.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. Que delícia de férias! Não vejo a hora de tirar as minhas e poder colocar em dia a leitura. Estou empacada, levando mais ou menos 2 meses para ler 1 livro. Vergonha! Rs
    Fiquei curiosa para ler “As vantagens de ser invisível”. Vi na livraria e bateu aquele preconceito, sabe? O livro tinha a capa do filme e me pareceu super “teen”. Apesar de que amo os romances teen. Vou rever meu conceito e colocar esse na lista. Também fiquei curiosa pelo “Lembranças de outra vida”. Nunca li um policial então não sei se gosto do gênero… Até tenho um pegando poeira ali na estante. Vou colocar mais pra frente na fila, se eu gostar coloco o “lembranças de outra vida” na minha listinha também. =)
    Aaaa, como você, também quero muito um 2013 com menos consumismo e supérfluos. Mas como livro não tem nada de supérfluo, acho que vou continuar comprando! Hehehehe
    Feliz ano novo!
    Bjs

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    1. Andresa: um excelente 2013 pra ti!!

      Olha, eu gosto muito da Mary Higgins, tem uns dela da Best Bolso que saem por menos de R$ 15,00, já que você não sabe se gosta do gênero é uma forma de testar gastando pouco.

      Eu não gosto de livro com capa de filme, mas atualmente tá difícil de fugir. Coloca ele na lista sim, ele é excelente.

      Eu estou sem comprar livros desde 2011 porque estava com uma fila enorme e não estava dando conta. Cheguei ao final de 2012 com ela bem baixinha, mas aí que ganhei mais 9 livros de natal, então acho que vou continuar sem comprar, risos. Chego na Cultura e saio tirando foto das capas dos que quero pra não esquecer, é o jeito.

      beijão

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