Sessão de Terapia – Semana 7

Se eu só pudesse escolher um sentimento para descrever o que foi essa semana em Sessão de Terapia seria solidão.

O texto desta semana atrasou bastante. Novamente eu acabei perdendo as sessões de segunda e terça mesmo nas reprises do final de semana, só que desta vez não quis começar o texto antes de vê-las, já que na semana passada minha opinião sobre algumas coisas havia mudado e o texto já estava escrito.

Não sei se o efeito nesta semana seria o mesmo, mas assistir a sessão de Júlia foi fundamental para entender o medo de Theo em sua sessão com Dora. Engraçado que, neste tempo todo, foi a primeira vez que eu pude ver alguma paz em Júlia, diria até alguma felicidade em seu sorriso. E digo engraçado porque, afinal, ela está deixando a terapia e não está ficando com Theo. Ela não está mais com o André, ela acabou por dizer algumas coisas pesadas para seu pai. É como se estar sozinha lhe tivesse trazido alguma leveza.

Não, não vou fingir que não existiram insinuações ali, em sua conversa com Theo, mas é como se elas não tivessem intenção nenhuma de deixar de ser o que eram: insinuações. Flerte inocente, fantasia às vezes necessária para sobrevivermos aos desafios do dia a dia.

Fiquei apenas curiosa com a imagem final, como se uma terceira pessoa estivesse naquele sofá os observando. Vocês perceberam? Seria o próprio Theo – aquele que dormiu na primeira sessão? – ou seria seu pai – aquele de quem ele tanto tenta se diferenciar?

A sessão de terça também teve jeitão de encerramento de fase, mas não com a mesma calma que eu enxerguei na segunda. Um lado meu enxergou um tanto de desistência do Breno, talvez um pouco influenciado por já saber do trágico destino do policial, revelado apenas na sexta. Não sei se me sentiria da mesma forma se não soubesse disso.

Sua partida abriu espaço para o surgimento de Malú, a filha querida de Theo. Confesso ter achado um dos melhores textos da série, apesar de curto, porque soube bem mostrar algumas verdades que não reconhecemos sempre: o adolescente que julga o pai inocente, quando o verdadeiro inocente idealista é ele mesmo; o pai que acredita conhecer o filho mais que tudo, saber todos os seus segredos, mas vive com medo do que ele não consegue enxergar. A relação ao mesmo tempo difícil e apaixonada.

Na quarta mais uma oportunidade de se deliciar e emocionar com a sessão de Nina. Apesar de previsível, o entendimento de Nina de sua raiva de sua mãe na verdade é um pouco raiva dela mesma, que também espera na janela pelo retorno do pai, foi tratado com tamanha delicadeza que foi impossível segurar as lágrimas.

Mais que isso, o acolhimento que Theo ofereceu a ela, a constatação de que ela teve mesmo que assumir responsabilidades que não eram suas, tudo isso me emocionou. Tanto quanto a esperança de que agora ela consiga ser um tanto mais feliz, que ela não precise se atirar na competição ou se machucar para se sentir acolhida.

O tom mais intimista marcou também a sessão de Ana e João, com Ana assumindo que traiu o marido. Se formos pensar eles se intercalam: numa sessão é João que apela aos sentimentos de Ana, na seguinte é o contrário. Eu continuo sem crer muito no remendo desta situação, mas acho que talvez os dois possam entender melhor porque fizeram mal um ao outro e a si próprios e possam seguir adiante com mais chance de felicidade.

E, como eu disse, a solidão marcou cada uma das sessões, mesmo que fosse uma solidão acompanhada.

E é a solidão de Clarice que transparece na sexta. A solidão de anos, a solidão de uma pessoa que cresceu para atender as expectativas dos outros e de repente, quando aparentemente ninguém precisa mais dela, se descobre sem função e sem saber quem é.

Sabe, acho que o maior desafio do casamento é esse: crescer juntos, mudar e permanecer juntos. Porque é impossível nos mantermos os mesmos já que carregamos conosco pedaços das pessoas que passam por nós, restos de nossas experiências. Então a pessoa com quem se casa já não é a mesma um tempo depois… Será que é possível amar essa nova pessoa da mesma maneira?

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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