Oi eu sou a Tequila, Jack Tequila

Vocês já ouviram falar de jogar com o acaso? Eu faço isso de vez em quando. A brincadeira consiste em você escolher uma variável totalmente independente de você e atribuir a ela alguma decisão. Estilo: se o próximo carro que virar na esquina for preto eu compro aquele tal sapato com que tenho sonhado.

Recentemente, assistindo a um episódio de CSI NY, afinal televisão é cultura, eu aprendi que, além de jogar com o acaso, você pode apostar no improvável. A diferença aí é que a tal variável a ser escolhida tem de ser algo com chance quase inexistente de acontecer (Mac cita um resultado praticamente impossível do Super Bowl como exemplo). Como se eu escolhesse roxo para a cor do tal carro.

Se isso diminui a chance da tal coisa acontecer, do outro lado parece que legitima mais ainda o resultado, afinal, se algo tão difícil aconteceu, poxa, é porque você tem de fazer aquilo que se comprometeu.

O importante mesmo é que, quando se faz esse tipo de jogo, não se pode fugir do resultado. Ou seja, nada de melhor de três ou de fingir que não aconteceu. Você deu uma chance ao universo de lhe dar uma direção, obedeça.

Pois bem, graças ao improvável a família aqui em casa aumentou e Jack Tequila chegou apavorando gatos e destruindo sapatos.

Eu nem lembro da primeira vez em que Carol pediu um cachorro. Ainda não andava e já fazia festinha para os cães dos vizinhos em seu carrinho. São várias as fotos dela pequena tentando roubar filhotes das mais diversas pessoas, além do amor que sempre cultivou pela cadela que pertence aos meus pais.

Confesso, com culpa de mãe, que acabamos chegando em 3 gatos por aqui na inútil tentativa de fazer com que ela esquecesse essa ideia a medida que mais bichanos chegavam. Mas nada. Nem com a chegada do Provolone, nosso gato com mais jeito de cão e que é apaixonado por ela.

Há questão de 20 dias, se isso, mostrei a ela as fotos do Shoyu e aí ela passou a perseguir como nunca a ideia de ter um cachorro. E eu só me esquivando, esquivando. No aniversário do meu pai, semana passada, mostrei as fotos do Shoyu para minha mãe e uma tia, pois sabia do interesse delas de aumentar a família.

Carol? Ainda insistindo. Resolvi então fazer a tal aposta no improvável: dias já haviam se passado desde que o Shoyu havia chegado à nova casa dele, então as chances de algum filhote da ninhada ainda estar para adoção seriam minúsculas – afinal não tem filhote de Teckel sobrando por aí, não é?

Pois de primeira eu acertei, não haviam mais filhotes… Até que a Gabriela, moça que tem uns cachorros lindos pra adoção, me deixou um recado no Instagram de que uma irmã do Shoyu havia sido devolvida.

Fiquei de ir conhecer a pequena ontem mesmo. Confesso de novo: fui de casa até a Gabriela, com a Carol no banco de trás, repetindo mentalmente que estava me enfiando numa confusão sem tamanho e um lado meu até torcendo para que não desse certo.

A questão é que, quando ela e a Carol se encontraram, se olharam e sorriram (sabiam que cães sorriem?), bem, a lógica foi embora e voltamos as três pra casa. O nome? Escolhido pelo pai que disse que não quer nem saber dessa invenção de cachorro em casa: Jack Tequila (mas ele bem que ri quando a pequena passa com um sapato maior que ela pela porta da cozinha).

Os gatos? Atualmente habitam qualquer lugar acima da linha dos olhos da cachorra: sofá, teclado, mesa, cama. Passam por ela com o olhar desconfiado e acho que nutrem a esperança de que ela suma a qualquer instante.

Seis e meia da manhã fui acordada por uma menina sorridente, que dormiu na sala perto da casinha da cachorra (que era dos gatos, mas nunca havia sido usada), que acordou com ela e a levou aos jornais para o xixi matinal, que ela me ajudou a limpar. Juro, nunca vi essa menina tão feliz por acordar cedo!

A primeira visita ao veterinário nos revelou que a gorducha já está com 4 quilos e ela tomou a primeira de três doses de vacina. A primeira visita ao pet shop revelou que eu não entendo nada de cachorros, nem sei aonde as coisas destinadas a eles ficam.

Eu, ao ver tudo isso, esqueço do trabalho que esse bichinho vai me dar, principalmente quando Carol voltar pra escola, e penso no bem que vai fazer a ela, que finalmente arrumou um bichinho que fica atrás dela pela casa.

Inclusive, quando Carol desceu um pouco para brincar com as amigas, foi o pijama da Carol que Tequila tirou da cama e escolheu para dormir, já com saudades da dona.

P.S. Em The Big Bang Theory tem um episódio ótimo sobre isso, quando Sheldon resolve que vai deixar um dado decidir tudo que ele fará a partir dali, poupando assim sua inteligência para decisões mais importantes. Vale a visita!

P.S. do P.S. Não nego, de forma alguma: sou uma pessoa de gatos. Mas entendo a paixão de minha filha pelos cães, bem como reconheço que, para os pequenos, estes provém uma experiência muito mais rica que aqueles.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

6 Comentários


  1. Adoreeei o nome! É uma daquelas músicas cheias de boas lembranças! E a Jack é fofa demais, o sorriso da Carol tá lindo demais! 🙂

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    1. Isso Re!! O Carlos falou Tequila, que era a cara dela e na hora eu sai cantando Jack Tequila e o fato de ser tão bonita que enjoa e ter dois olhos de amêndoa e aí não teve jeito. Beijos

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  2. Eu desde pequena jogo com o acaso – principalmente quando fazia besteira e tinha que contar para os meus pais.

    Eu nunca tive gatos, mas crio cachorros desde os 8 anos. É um aprendizado de vida, porque cães não são independentes. E a criança aprende que, apesar de estar morrendo de preguiça, o cachorro não sabe se limpar sozinho, se escovar sozinho. Não se vira pra buscar comida como os gatos (“Hum, aquela baratinha… Slep!”). Quando a gente está pra baixo sentam do lado da gente de cabeça baixa, e ficam alternando o apoio das patas até a gente olhar pra eles – e eles fazem cara de “Oi, posso ajudar em alguma coisa?” Sentam do lado da gente mesmo que a gente diga que eles estão sujos, fedidos; chegamos em casa e parece que ficamos 38 anos numa missão perdida no meio da África.

    Eu sou amante de cães, e a Jack será uma das mais preciosas recordações da Carol, porque as duas vão crescer juntas – e, provavelmente, quando morrer vai, simbolicamente, significar para sua não-mais-menina o fim irremediável da infância e a entrada definitiva na sua vida adulta.

    Bjs

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    1. Eu tive cães minha vida toda de solteira, 3, 4 ao mesmo tempo no quintal, mas meus pais que cuidavam, muito mais que eu. Quando tive minha primeira gata me apaixonei justamente por essa personalidade toda que eles tem, mas reconheço que não é nada fácil para uma criança, já que eles também não interagem tanto, batendo uma frustração.

      De qualquer forma, tirando o fato de que estou limpando o apartamento 4 vezes por dia, todo dia, o sorriso da Carol compensa tudo. Só preciso descansar um pouco mais. Beijos

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  3. Adorei o nome e adorei a pequena. e como vc mesma disse, o improvável ainda não aconteceu comigo, e bem que eu ainda fui atrás dessa ninhada, mas não tinha macho. sniff de forma, q espero que o Brudi apareça depois q eu tiver um lar para ele =) rs

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