Psych: Dual Spires (05×12)

*Texto publicado originalmente em Dezembro de 2010, para o Teleséries.

“She’s dead… Wrapped in plastic…”

Eu tinha 14 anos quando Twin Peaks passava na telinha da TV Globo, logo depois do Fantástico. Apesar de terem se passado vinte anos vários aspectos do seriado continuaram comigo, afinal, ele se tornou referência para muitos outros que vieram depois, além disso, suas imagens e personagens eram tão bizarros que dificilmente você poderia esquecê-los.

David Lynch deixava um terço da população americana de queixo caído todas as semanas e saber quem matou Laura Palmer se tornou o mais importante mistério daquele ano – dizem que mais importante que saber quem matou J.R. em Dallas, outra obra que marcou uma geração.

Isso mais um bom mistério tornaram Dual Spires da Psych um episódio delicioso de ser assistido – mas sobre o qual não foi tão fácil escrever e que acabou rápido demais.

As referências mais fáceis aconteceram pela participação de atores que foram importantes na trama de Twin Peaks. Estavam lá Sherilyn Fenn, Dana Ashbrook, Robyn Lively, Sheryl Lee e Ray Wise (de novo como o padre da infância da dupla de amigos e de novo salvando a pátria) e a maioria apareceu ainda no teaser.

Veio então a conhecida I Know You Know de Julee Cruise ritmada como a música que tocava no início de cada episódio de Twin Peaks.

Envolvida por tudo isso só me restava duas coisas: ficar buscando a cada cena uma nova referência e tirar o pó do box da série original para matar a saudade.

As demais referências? O nome da vítima (Paula Merral, um anagrama para Laura Palmer), o fato dela também ter um diário que serve como base da investigação, o apelido de Gus (Lodge Blackman, lembrando Black Lodge), a forma como o corpo é descoberto (enrolado em plástico), a mulher carregando um tronco, mas falando com uma criança (uma referência a louca que tratava um tronco como seu filho em Twin Peaks), a obsessão de Shawn e Gus por torta de canela (uma referência a obsessão do agente Cooper), a bibliotecária de Sherilyn Fenn e seu refrigerante de cereja (as tortas, no original, eram de cereja), Shawn e Gus em sua bicicleta dupla atravessando a cidade.

Talvez a grande dificuldade em escrever sobre o episódio seja não conseguir separar o que era Pscyh e o que era Twin Peaks, por outro lado, essa integração foi o que fez com que ele funcionasse tão bem. E boa parte disso é porque Psych sempre foi muito bom nisso, em pegar todo o tipo de referência e colocar no roteiro como se pertencessem ao seriado.

E essa sensação de que a referência na verdade é algo novo é o que garante a diversão para fãs ou não fãs das obras originais.

Eu diria que quem era fã de Twin Peaks pode aproveitar ainda mais o episódio, mas ele foi excelente para qualquer fã de Psych – mérito de James Roday, que cada dia me impressiona mais desde que assumiu co-escrever os roteiros.

E na cena final, a música tocando no café, o estranho gigante, o homem com o tapa-olho e o terno colorido, a garçonete, a torta, tudo me fazia pensar que era um programa que eu adoro homenageando aquele que foi responsável por que eu me tornasse uma grande fã de seriados.

Perfeito.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

7 Comentários


  1. aaah, escrevi uma coluna no le bistrô pra esse ep, acho que será publicado nas próximas semanas!

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  2. tudo funcionou maravilhosamente neste episódio, estive lendo e parece que aconteceu um caso bizarro de crossover …. os fãs de Psych gostaram tanto de Twin Peaks que passaram acompanhar e os fãs de Twin Peaks adoraram a referencia feita e passaram a ver Psych …. maravilhaaa

    acredito que poucas séries se tem o prazer de ter um episódio como este em que se termina de ver e logo corre para se assistir de novo e de novo e de novo …..

    lindo review Simone

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    1. Eu não sabia disso dos fãs passarem a ver Psych, bem legal heim? Eu considero Psych um tesouro não descoberto, não me conformo do pessoal não assistir, apesar de achar que seriados transmitidos aos finais de semana, como ele, sempre perdem parte da audiência.

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  3. Oi Simone! Que presente foi para mim assistir a esse episódio. Infelizmente eu esperei dois anos para assisti-lo pois eu não possuo TV paga, então o jeito foi esperar a Record apresentá-lo ontem, mas de qualquer forma eu fiquei maravilhada! Em alguns momentos chorei de saudade, me surpreendi com a atuação de todos eles, em outros eu ri muito, foi extremamente emocionante ver Bobby, Laura, Leland, Harold, Audrey… Meus amigos de uma vida inteira. Hoje eu estou na internet ávida por buscar mais informações e acabei esbarrando em seu site. Na verdade eu conto com a sua ajuda para tentar encontrar em DVD esse episódio para comprar, ele está disponível? Um beijo querida, tudo de muito bom.

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    1. Oi Mônica! Poxa, que demora absurda!! E o duro é que, além de demorarem eles não respeitem a exibição, sumam com as séries em meio de temporada, afff.

      Essa temporada ainda não saiu em DVD por aqui, se eu souber de algo te aviso. Beijos

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