Mostra Shoá – Por Um Mundo mais Tolerante

Em minha visita a Paris muitas coisas me marcaram – primeira vez em um país com tanta história faz isso com a gente – mas algo que eu nunca esquecerei foi minha visita ao Hotel Des Invalides, ou Musée de l’Armée, como também é conhecido.

No local aonde descansa o corpo de Napoleão Bonaparte, você pode conhecer muita da histórias das guerras desde que o mundo é mundo, começando pelos trajes milenares dos samurais, pelos pertences de Napoleão e pelos fatos das duas grandes guerras. Sai de lá embasbacada e a maior amostra disso é que, entre as mais de 2.000 fotos tiradas, eu apenas tenho uma foto da entrada e outras da cripta de Napoleão.

O motivo? A viagem. Eu viajei naquele museu como em poucos lugares. Entre a beleza de tantas peças a tristeza por ver tão de perto o quanto de maldade o homem pode causar.

Em especial sofri e chorei, de verdade, com todo o espaço dedicado à Segunda Guerra Mundial. Após ver as armas, ouvir o discurso que Charles de Gaulle deu ao povo francês através da rádio BBC após a invasão, ver mil mapas e planos, você desce a uma área dedicada aos horrores praticados pelos nazistas em relação aos judeus. Talvez eu tenha ficado ainda mais impressionada porque, muito perto de nós, um velho senhor mostrava ao seu neto tudo isso como parte de sua história: ele era alemão.

Então vocês podem imaginar o quanto fiquei feliz em saber que a Mostra  Shoá – Reflexões por um mundo mais tolerante chegou ao  SESC Pompéia no último dia 28 de Maio e fica em cartaz até o dia 04 de Julho nos mais de 600 metros do galpão da unidade.

A mostra foi planejada por três uruguaios: Patricia Catz, Samuel Dresel e Uri Lichtenstein, e teve seu ponto de partida em Montevidéu em 2008,  após dois anos de preparo e envolvendo mais de 150 pessoas. De acordo com o empresário Willian Rozenbaum Trosman, o idealizador da itinerância da mostra no Brasil: “a educação é o melhor caminho para o combate à intolerância e discriminação. Shoá, o holocausto judaico, maior mancha negra na história da humanidade, deve ser contada e recontada para evitar que novos holocaustos de qualquer tipo aconteçam. Essa exposição tem o intuito de educar através da reflexão”.

No Brasil a mostra conta com a produção cultural de Ana Helena Curti, curadoria do Prof. Fabio Magalhães e organização e coordenação de Miriam Vasserman. São filmes, livros, estudos, artes plásticas, peças de museus brasileiros e, também, material e depoimentos de sobreviventes que aqui residem juntados ao material trazido do Uruguai.

A mostra está estruturada em três pilares: MEMÓRIA – visão global; EDUCAÇÃO – Shoá (Holocausto em hebraico) e LEGADO – reflexão para os dias de hoje. Ben Abraham, sobrevivente, jornalista, coordenador-geral da Sherit Hapleitá e vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo, será homenageado e representará todos os sobreviventes que moram no Brasil.

Visite o site oficial da mostra, mas não deixe de visitá-la também. Eu, que também acredito que educação é o melhor meio para a tolerância, passarei por lá na próxima semana e trago depois minhas impressões.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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