Filho da gente é sempre perfeito não é? Não, não é. Nem a gente é. Mas é terrível quando ouvimos isso de alguma outra pessoa.
Sei que todos nós, ou a maioria mais saudável, desde o momento em que nosso filho nasce, ficamos nos policiando para não cobrar demais, aceitar as diferenças, respeitar os limites. Se a tarefa fosse fácil nenhum de nós teria de se esforçar tanto , não é mesmo?
Além disso, tem aquele lado culpa. Parece que a culpa por não estar fazendo o que devíamos ou estarmos fazendo mais do que devíamos nasce junto com o bebê. Parece que é um bonequinho sentado em nosso ombro dando pitacos em nossas decisões.
É tanta coisa para se administrar que o cansaço que muitas vezes sentimos é mais que justificado – até porque filho pode ser prioridade, mas não é a única tarefa.
E por que a louca da Simone está falando tudo isso? Bem, segunda foi reunião de escola. Carol, uma moça em seus pouco 06 anos, está agora na segunda série , minha gente, como a coisa muda. A brincadeira agora é só pequena parte e as responsabilidades são muitas.
A professora da Carol conversou comigo depois da reunião e discutimos algumas dificuldades que ela já vem tendo – olha que coisa boa: só foram duas semanas de aula, mas a professora dela foi capaz de perceber quem ela é, o que mostra que ela está prestando atenção a seus alunos – parte em função da diferença de idade para seus colegas (a maioria já tem 07 anos completos), parte por seu jeito de ser.
Carol não é uma pessoa atenciosa. Pelo contrário, Carol apenas prende a atenção, em qualquer coisa que seja e mesmo que goste muito, por poucos minutos. Quando não tem interesse, meu povo, não tem quem a faça ficar focada.
Aprender a ler e escrever exige foco. A professora sugeriu algumas atitudes que podemos tomar em casa e está fazendo um planejamento para compensar essas coisas, em conjunto com a professora que a acompanha no período da tarde na hora de lição.
Fiquei sossegada por saber que a atenção necessária será dada. Fiquei sossegada porque sabíamos, desde que ela foi adiantada um ano na escola, que essa dificuldade apareceria em algum momento, afinal ela é ainda imatura se comparado aos colegas.
Mas fiquei com aquele aperto no peito de mãe que tem de ouvir que seu filho não é perfeito.
A gente meio que perde o rumo por um tempo, depois fica racionalmente avaliando tudo isso que eu escrevi nos parágrafos acima. Mas não deixa de ficar aflita pensando na felicidade dela: E se ela tiver que ficar mais um ano? Como ela vai se sentir vendo os amigos em outra classe?
E, meu povo, a professora só falou de “algumas dificuldades”, ela não falou nada de repetir de ano, não falou nada demais na verdade, mas a nóiamãe entra em ação nessas horas.
Acho que, no fundo, isso é parte do aprendizado da Carol, mas serve de aprendizado para nós. Ao vivenciar essas dificuldades, ao discutir alternativas, ao entender o que devemos fazer, a gente melhora como pais, a gente cresce.
No final das contas isso é algo que todo pai deve pensar: o processo de educação é do seu filho e seu também. E, com os dois (ou três) aprendendo juntos, não tem como dar errado.