House: The Social Contract (05×17)

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Sejam quais foram os motivos, eu adorei esse episódio de House. Confesso, já não assisto House da mesma maneira que a há tempos atrás, como eu disse aqui várias vezes, as artimanhas de House foram se tornando gratuitas demais e o personagem se tornou raso. Talvez, em The Social Contract, o que tenha sido realmente conseguido é retornarmos ao ponto em que House não é a melhor pessoa do mundo, mas também não é um louco sádico e irracional.

Sim, o episódio ainda teve um tom mais cômico que no passado (as cenas em que Kutner compara o paciente a Harry Potter e House usando o paciente para irritar Cuddy me fizeram dar muitas risadas), mas houve tanta coisa para trabalhar, principalmente na relação de House e Wilson, que isso foi apenas complementar. Junte-se a isso um paciente muito interessante – e muito bem interpretado – e você fica com um ótimo episódio.

Por exemplo, a complexa relação de House e Wilson. Nestes últimos tempos havia se tornado questionável porque Wilson insistia em uma amizade da qual ele não tirava nada, House só o irritava, tratava mal, o usava como uma marionete. Aqui não.

Wilson busca na sinceridade de House algo que lhe é muito importante: mesmo que não concorde, mesmo que o critique, mesmo que seja grosso, House estará lá por ele. House não irá diminuir os problemas, mas vai ajudá-lo a achar uma solução. Há quanto tempo não víamos esta troca entre os dois?

E há quanto tempo não víamos mais sobre a vida de Wilson? Engraçado avaliar, sob o novo prisma oferecido por este episódio, o fato de que ele está longe de ser perfeito. Wilson exagera seus cuidados e suas desculpas, por carregar uma culpa que, em verdade, não existe. Acreditando que isso vai fazer alguma diferença. Mas House está lá dizendo que não vai.

Mais que isso, o tipo de amizade que os dois têm também permite alguma liberdade para Wilson, permite que ele se sinta menos devedor de toda a culpa que sente. Sim, Wilson também tem seus motivos egoístas para ter House como amigo.

No caso do paciente do dia: eu fiquei com pena dele e da esposa dele no final. Imaginem isso: ela agora sabe que, por trás de todo o seu cuidado em manter seu “contrato social”, ele pensa um monte de coisas sobre ela que não são agradáveis. Um olha para o outro sempre pensando se é verdade ou não o que estão dizendo. Dificilmente uma relação sobrevive a isso.

E isso nos permite ver algo positivo na maneira que House age: ele escolhe falar o que pensa, a despeito do que isso lhe custe. E ele não escolhe simplesmente pelo prazer de magoar os outros. Ele escolhe porque ele não acha que o esforço necessário para fazer diferente valha a pena.

Talvez seja isso que torne a relação de House e Wilson tão perfeita. Ela está acima dessas convenções. E a última cena dos dois juntos foi de encher o coração – ainda mais ao som de The Shining, com Badly Drawn Boy.

E, por favor, lembrem de Robert Sean Leonard nos grandes prêmios. São episódios como este em que ele mostra o quanto merece ser reconhecido.

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Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

6 Comentários


  1. E, por favor, lembrem de Robert Sean Leonard nos grandes prêmios. São episódios como este em que ele mostra o quanto merece ser reconhecido.(2)

    Simone, eu sempre adoro ler suas reviews sobre House pois partilho de muitas opiniões suas, especialmente sobre a relação House e Wilson. e, nesta review, o que você descreveu foi perfetio! Tem gente que vê Wilson como um babaca (opinião que discordo veemente!! Eu amo o personagem) por aceitar tantas coisas do House. Vimos que isto acontece por ele carregar uma culpa que ele não tem. E gostei da conversa entre eles e House tentado mostrar que Wilson não teve culpa com o que aconteceu com o irmão – o dálogo deles na sala de espera do hospital psiquátrico foi uma forma de vermos nuances até então desconhecidas desta amizade, dos motivos emocionais e, por que não, egoístas, de um querer a amizade do outro.

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    1. Isso mesmo Carina, o egoísmo não é só da parte de House, é de Wilson também. E isso não é errado. Acho Leonard muito subestimado. Seu trabalho é muito bom.

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  2. Si, ficou muito bom seu texto sobre o episódio. Sua analise da amizade do House e Wilson e do porque o House dizer o que pensa, é exatamente o que acho. A única discordância é que não vejo como negativo isso em nenhuma situação.

    Abraços.

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    1. Oi Anderson,

      Eu via isso como negativo antes de entender o motivo, eu achava que House fazia com que ele sofresse, nunca tinha visto por este outro prisma.
      Esse episódio foi realmente bom.
      Beijos

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  3. Acho que ninguém via o Wilson desse jeito *rs eu acho que essa quinta temporada está pegando o ritmo de novo. Preparem-se, virão ainda fortes emoções. hehehehehehe

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