SP do meu <3

sp do meu coração

Eu sou uma apaixonada pela própria casa, confesso. Adoro curtir meu canto, adoro receber os amigos no meu canto.

Mais que isso, sou uma apaixonada por São Paulo, cidade linda e feia, cheia de contrastes, cheia de doenças, cheia de loucura e, ainda assim meu lar. Passei a infância por todo lado, conheci outras cidades, desembarquei em diferentes capitais a trabalho, atravessei o oceano, mas é aqui que eu me sinto em casa.

Filha de imigrantes, descobri cedo o centro velho, na época dos libaneses e sírios, suas ruas finas, seus restaurantes antigos, suas igrejas de fazer eco. O mercadão aonde se compra bacalhau em pedaço e em lascas, os queijos frescos, a manteiga sem sal. Os armarinhos de mil botões e tecidos, a Doural das coisa pra casa.

Na zona norte, ali entre Tucuruvi e Jaçanã, vivi as enchentes, as ruas esburacadas, e chupei cana cortada pelo meu avô espanhol do lado de casa. Conheci a Sezefredo Fagundes de outras paisagens, subindo aquelas ruas para tomar café na casa da tia, para subir até o horto. No cemitérios de lá vi serem enterrados meu avô e minha avó.

Cresci e muito viajei de ônibus de Guarulhos ao Cambuci, aonde estudava, pegava metrô com cordão de ouro no pescoço, sem noção do perigo, ou melhor, porque cresci usando cordão e não achando nada demais porque se tem algo que não posso discutir com novela é que o sangue do oriente médio faz os olhos brilharem com o dourado.

Casei na igreja do Mosteiro de São Bento, que é dedicada à Nossa Senhora, porque minha mãe não pode lá casar porque se erguiam as paredes da estação São Bento. Também lá minha filha foi batizada.

Filha que recentemente andou pela primeira vez nas ruas do centro não sendo em domingo vazio e viu aquela “gentarada” na Ladeira Porto Geral e não imaginava que tantos podiam estar no mesmo lugar ao mesmo tempo. Descobriu que tudo que se imagina pode por lá ser encontrado, mas que se encontra ainda mais o que nem se pensava existir.

Amo a São Paulo vista da janela da minha tia, que mora bem de frente pro Anhangabaú, onde 9 de Julho e 23 de Maio se encontram e justificam eu sair falando da revolução de 30 sempre que passo por lá.

Amo a São Paulo da Avenida Paulista, aonde temos mais pedestres que carros, apesar do espaço para os carros ser muito maior, e aonde moças de cabelos coloridos convivem com senhoras de sombrinha. Do palhaço e seu cachorro imaginário, dos homens engravatados, dos ciclistas ativistas, dos orelhões coloridos. Da livraria com tamanho de shopping e dos sebos escondidos em portinhas.

Amo a São Paulo dos muitos restaurantes e do pastel de feira, das mesas nas calçadas e dos carrinhos de cachorro quente.

Mais que tudo, amo a São Paulo vista quando desbravo a pé suas ruas, desvio dos buracos de suas calçadas e descubro todo dia um novo tesouro. A São Paulo em que fica a Vila Pompéia, bairro que escolhi pra moradia e que nunca pretendo deixar, porque suas ruas de paralelepípedo e suas famílias paradas em frente aos sobrados aos finais de semana me fazem esquecer por instantes de que estamos no meio da cidade. Que logo ali tem uma estação de metrô profunda, outra com fotos 3×4 estampadas no vidro e, logo ali, um trem que viaja sem maquinista.

A São Paulo que eu vejo sempre refletida nas crônicas de Matthew Shirts, estrangeiro de nascimento, mas paulistano de coração e que sabe, apesar de muitos protestarem, que a São Paulo de quem não espera táxi parado e vai seguindo a bússola interna pra achar o caminho é menos perigosa do que pensam e bem mais prazerosa.

P.S. As fotos da colagem deste post são do meu Instagram, já está me seguindo por lá? Adoro flagrar as surpresas da cidade – e minha cã, e meus gatos, e minha filha…

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Este post faz parte do Meme de Março, uma iniciativa das interneteiras do LuluzinhaCamp, que tem como única intenção, a diversão. Porque somos blogueiras e adoramos blogar, simples assim. Se você tem blog, corre para participar, clique aqui e saiba mais.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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