Livro: Vontade de Viver (A Bicicleta Azul Volume 2)

Como já cheguei a metade do último livro da trilogia A Bicicleta Azul (que, ao que indica o que li pela internet, já virou octologia) eu corri aqui para falar do segundo volume, que tinha começado a ler no domingo dia 28 e terminei no domingo dia 05 – achei tão legal isso.

Eu considerei Vontade de Viver ainda mais empolgante que o primeiro livro, talvez porque a história aconteça já com a França sobre controle da Alemanha e com Léa se dividindo entre o burburinho de Paris, aonde mora com suas tias, e a calma e a luta em Montlac, aonde passa a cuidar da propriedade da família dedicação e apego.

Léa, a personagem central da trilogia, deixa Montlac com Camille e o filho Charles a procura de alguma segurança em Paris, mas se envolve ainda mais com a resistência, principalmente ao reencontrar seu tio, o dominicano Delmas, agora um líder importante para o grupo.

Acho que o principal atrativo do livro é ele mostrar o dia a dia da guerra na visão de pessoas que normalmente passam despercebidas em obras que tem o assunto como pano de fundo: são os moradores das cidades de Paris e Bordeaux, gente simples, que muita vezes faz pouco mais que carregar uma carta de um membro da resistência, mas que ao fazê-lo arriscam sua vida e a de sua família.

Outras vezes nos é contada a história de pessoas que acabam por se envolver pela guerra de outra forma: a irmã de Léa que engravida de um soldado alemão, e que não pode casar com ele por proibição do exército, ou de outros colaboracionistas que enxergam uma oportunidade de ficarem ricos. Como Fayard, o gerente da propriedade, que vê uma oportunidade de tomar Montlac da família Delmas.

Após terminar a leitura do segundo livro eu pesquisei na internet sobre a autora, Régine Deforges e sua obra, e muito me estranhou o fato da autora, que viria a ser a primeira mulher a comandar uma editora na França, como uma autora erótica. Deforges, no máximo, se utiliza de recursos já bem conhecidos de quem leu Norah Roberts, por exemplo, e que não chegam a escandalizar ninguém. Além disso, os livros tem um conteúdo que vai muito além disso: ela descreve de forma detalhada as ações da resistência, a destruição sofrida por Paris e Bordeaux e chega a copiar na íntegra discursos de De Gaulle e diários de guerra.

Outra surpresa foi ler que Léa, a protagonista da história, transaria com todos os homens do livro. Achei tais visões reducionistas, machistas até, e acredito que, algumas vezes, acabam por diminuir a beleza do trabalho da autora (versão de bolso aqui).

P.S. Outro livro que mostra uma visão diferente da Segunda Guerra é Suíte Francesa, do qual falei aqui.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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