Nossos medos e nossos filhos

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Faz mais de uma semana que eu tento escrever um post e não consigo. O assunto? Nossos medos e nossos filhos.

Definitivamente ser mãe não é nada fácil, mas não por todos os milhares motivos de que todos já falaram em todos os lugares. Sim, é difícil coordenar casa e trabalho (sei disso bem).

Mas difícil é decidir tantas pequenas coisas que podem definir a vida de seus filhos: é difícil dizer não tantas repetidas vezes; é difícil dizer sim e conviver com o medo de ter tomado a decisão errada; é difícil decidir ter um filho só para poder dar de tudo e depois conviver com o medo dele ser solitário quando ficar grande; é difícil ter vários e se sentir frustrada por ter de controlar mais os desejos de infância por coisas.

Conviver e assumir nossos milhares de medos infundados que surgem assim que você descobre que está grávida é uma tarefa hercúlea: Serei boa mãe? Se eu o colocar no berçário ele ficará traumatizado? Se eu contratar uma babá e ela judiar dele? Será que devo deixá-lo chorar durante a noite ou devo acudi-lo? Essa escola é boa? Devo alfabetizá-lo mais cedo ou mais tarde? Inglês agora ou depois? A perua do “tio” é segura? E o lugar onde eu moro? Ele anda se alimentando direito?

Nossa os medos são os mais diversos e, muitas vezes, os mais loucos.

É claro que eu tenho os medos básicos de todo mundo – atualmente a segurança sempre fica em primeiro na lista de qualquer pai, mas medo mesmo, daqueles grandões que enchem de angústia eu tenho dois: que minha filha não seja feliz ou que ela não se sinta amada.

Ainda hoje eu falei disso com minha terapeuta, ficamos discutindo o quanto isso é medo meu só por eu ser quem sou e ter tido as experiências que eu tive. Ela deu uma bronca em mim para me lembrar que a Carol é outra pessoa, que tem outros pais, diferentes dos meus, e tem outras experiências de vida, diferentes das minhas. E, só por isso, eu já devia deixar esses medos de lado.

Mas o buraco é mais embaixo: a criação que damos a nossos filhos está diretamente relacionada com aquilo que queremos repetir e aquilo que queremos evitar da criação que tivemos.

Há um tempo atrás a Liliane Ferrari escreveu um pouco sobre isso (queria por o link aqui, mas não achei, desculpem) falando que sempre repetimos nossos pais. Eu não poderia concordar menos. Eu acho que passo minha vida de mãe tentando fazer diferente, e isso dá um cansaço danado.

Por favor, não pensem que meus pais são dois torturadores chineses que judiaram de mim, não é bem assim. Meus pais fizeram o melhor que podiam com suas próprias experiências e vivências e sempre tentaram me dar tudo do bom e melhor, mas entra aqui algo válido para toda relação humana: nem sempre o que você acha que a pessoa precisa é realmente o que ela precisa.

A questão aqui é evolução: eu acredito que meus pais fizeram melhor que os deles e espero, sinceramente, fazer melhor que eles e assim sucessivamente. O mundo muda, as experiências são diferentes e precisamos tentar fazer o máximo para que elas nos tornem pessoas melhores.

Meus medos? Bem, alguns passos eu dou para enfrentá-los. O primeiro é admiti-los, o segundo é visitar minha terapeuta todas as semanas. Mais que tudo, tento lembrar deles toda a vez que tomo uma decisão relacionada a vida da Carol, de maneira a dar o peso certo que devem ter, nem de mais, nem de menos.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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