Será que na era do amor líquido e dos afetos desconstruídos, ainda é possível contar uma história de amor que encante, mas seja realista? Sean Baker, cineasta queridinho do circuito indie chega para dar a sua contribuição ao debate. E o faz com muita doçura, caos e humor.
Estamos falando de Anora, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes e que chega aos cinemas brasileiros integrando a seleção da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
O filme conta a história de uma jovem profissional do sexo do Brooklyn, Anora, que tem a grande chance de mudar de vida, tal qual numa história de Cinderela, ao conhecer e se casar impulsivamente com o filho de um oligarca russo, Ivan. Mas, assim que a notícia chega à Rússia, esse conto de fadas é ameaçado —os pais de Ivan partem para Nova York decididos a anular o casamento.
Baker é conhecido por propor contrapontos ao sonho americano em suas obras, como vimos em Projeto Flórida e Tangerine. Mais uma vez, aqui o cineasta trata de retrabalhar o que é esse sonho e como ele acontece de na vida real, estendendo essa visão para o amor romântico.
No entanto, o grande pulo do gato de Anora é trazer essa conversa em cores mais forte de comédia, em uma narrativa onde o caos impera. É um filme onde você é pego de surpresa o tempo todo. Onde você ri muito e sorri encantado o tempo todo. Mikey Madison, como Anora, traz todo o carisma e potência de que a personagem precisa, e Mark Eydelshtein, como o jovem noivo milionário Ivan, garante um excelente par para a protagonista.
Ao trazer o amor, e o sonho do amor, como temática, Baker nos conta uma história deliciosa, cativante e divertida onde o final feliz é subjetivo, real e honesto. Como acaba acontecendo na vida mesmo. Em mais um grande título, o diretor nos presenteia com um filme adorável, que faz refletir e diverte.