Herói ou vilão. Esta, em verdade, é questão que permeia Um Homem Comum, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, fia 29 de novembro, estrelado por um gigante Ben Kingsley e filmado inteiramente na Sérvia.
Sérvia que um dia fez parte de outro chamado Sérvia e Montenegro, antes de um chamado Iugoslávia. Antes de tudo isso foi um império relevante, dominado por outro maior que ele, o Otomano, tendo participação relevante na Primeira Grande Guerra.
Ben Kingsley interpreta o General, um homem procurado por crimes de guerra, mas também considerado um herói por boa parte da população de seu país – cujo nome em nenhum momento é citado, bem como não é citado o nome do país, ainda que a música típica e jornais possam nos indicar onde estamos.
Protegido por uma rede de amigos que garantem moradia, alimento e sobrevivência, o General é um fantasma, como ele mesmo faz questão de apontar quando sua vida passa a ser compartilhada com “A Empregada”. A ausência de nomes não é à toa: ainda que estranha a nossa realidade, a verdade é que a situação de guerra, falta de esperança, pobreza e culpa poderia ser encontrada em mais de um país, em mais de uma cultura.
E Um Homem Comum não é sobre política, ou sobre a política em determinado país. Ele é sobre um homem vivendo os últimos de seus dias longe de sua família, longe dos holofotes, longe de seus amigos. Uma vida resumida a pequenos atos que mantém a sanidade enquanto ele carrega suas culpas.
Culpa. Ainda que assuma seus atos, o General não sente exatamente culpa. Sim, ele é prisioneiro de suas escolhas, mas não deixa de ser um homem que gosta de ler o jornal pela manhã, fumar seus cigarros e engraxar seus sapatos ao final do dia.
É essa humanidade dada por Kingsley ao personagem que nos lembra que um herói em determinada história é o vilão em outra. E nos lembra de forma incomoda de que nem todo herói é justo ou inocente.
Além de destacar a atuação de Kingsley, é preciso também destacar a da novata Hera Hilmar: a disputa e depois a amizade dos dois personagens tão diferentes a princípio só é crível por causa dela. Se ela nos parece indefesa e ao mesmo tempo feroz quando se encontram, a medida que seus diálogos e silêncios acontecem (algumas vezes mais por causa desses segundos) percebemos, assim como o General, que ela é bem mais do que revela ser.
Finalmente, Um Homem Comum é o filme que é justamente por ser um filme independente: seu compromisso é com sua história e não em dar respostas aos questionamentos surgidos ao conta-la. Mérito de seu escritor e director Brad Silberling, também demonstrado pela escolha de seus cenários e enquadramento – e que fotografia linda!
Uma produçao Saban Films e Enderby Entertainment, em associação com Reveal Entertainment, Lavender Pictures. A distribuição no Brasil é A2 Films e Mares Filmes.
Diretor e escritor: Brad Silberling
Editor: Leo Trombetta
Música: Christophe Beck, Chilly Gonzalez