Preparado para ver uma grande heroína do cinema de volta às telas? Então, dia 08 de novembro você tem um encontro marcado com Lisbeth Salander, figura cult e protagonista da aclamada série de livros Millennium, criada por Stieg Larsson. A espiã justiceira marca seu retorno com o longa Millenium: A Garota Na Teia de Aranha, primeira adaptação do recente best-seller, este escrito por David Lagercrantz, que dá continuidade à saga.
Para além do autor diferente do livro original, outras mudanças significativas dão o tom do longa, especialmente para quem já acompanha a série de filmes e livros. Dessa vez, Salander é interpretada pela vencedora do Globo de Ouro, Claire Foy, rainha (literalmente!) da série “The Crown”. Além disso, a direção é de Fede Alvarez, diretor do hit “O Homem Nas Trevas”.
Com tantas mudanças, a trama também tem uma nova perspectiva. Em Millenium: A Garota Na Teia de Aranha, nosso ponto de partida é Estocolmo, Suécia. Por conta das matérias escritas por Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) para a revista Millennium, Lisbeth Salander (Claire Foy) ficou conhecida como uma anti-heroína, que ataca homens que agridem mulheres. Vivendo reclusa essa fama insperada, um dia Lisbeth é contratada por Balder (Stephen Merchant) para recuperar um programa de computador que dá ao usuário acesso a um imenso arsenal bélico. Lisbeth aceita a tarefa e consegue roubá-lo da Agência de Segurança Nacional, mas não esperava que um outro grupo, os Aranhas, também estivesse interessado nele.
A trama por si só não deixa a desejar para os filmes de ação que explodem nas bilheterias mundo a fora. No entanto, antes de falar desse filme em especial, vale explicar o contexto em que ele vem embalado.
A saga Millennium vem de uma série de livros criada por Stieg Larsson. O plano inicial do autor era escrever 9 títulos para a série, porém faleceu no terceiro volume. Esses três livros foram adaptados para o cinema, em versões suecas estreladas por Noomi Rapace. Para a versão americana, que viria a seguir, o aclamado diretor David Fincher chegava com a sua primeira versão da história, dessa vez tendo Rooney Mara como a espiã justiceira.
A ideia de Fincher era regravar toda a trilogia. Porém, o resultado abaixo do esperado nas bilheterias já no primeiro título fez seus planos irem por água abaixo. E Salander voltou para a geladeira…
Triste fim para uma saga promissora? Na verdade não, já que Hollywood nunca desiste. Assim, a Sony comprou a ideia da espiã de coração gelado e decidiu por um reboot total da saga de Lisbeth Salander. E já que começar do zero só funciona quando tudo, tudinho mesmo, é novo, a aposta foi alta. Saem Fincher, Rooney Mara e até os três livros de Stieg Larsson. Entram, na mesma ordem, Fede Alvarez, Claire Foy e no roteiro a adaptação do livro de David Lagercrantz, o autor designado para dar seguimento às aventuras da justiceira tatuada.
Ou seja, tudo novo, tudo diferente, para trazer um mesmo tom que a gente já conhece. James Bond style, por assim dizer – um personagem que, aliás, é visto como a “versão masculina” de Lisbeth.
Tudo bem, o contexto todo é esse. Mas e aí, funciona? A pergunta é complexa, como diria o outro lá, já que um filme com tanta história pode ser visto com muitos olhares. Como continuação da saga Millenium, a história d’A Garota Na Teia de Aranha traz toda a ação que já estamos acostumados. No entanto, parece um pouco mais pasteurizada, como que feita para a TV. Não vemos aquela tensão sexual de Salander x Gudnason, e nem mesmo sobra espaço para conhecermos de fato essa nova Salander. É tudo muito “enfim, você já sabe, pulemos essa parte”. Por isso, é possível que os fãs saudosos da saga se sintam um pouco deixados de lado. O filme não mede esforços para ser novo, afinal de contas, a gente soube desde o começo que a proposta era essa. Então, ele se foca em trazer coisas novas.
E é aí que entra um outro olhar que podemos ter. Como filme de ação, assim, isoladamente, a história é boa e se sustenta. As cenas de ação mesmo, são incríveis e engenhosas. A dinâmica de Salander com sua irmã & rival é algo que cativa e, nas cenas finais, arranca algumas lágrimas.
E é, claro, meu Deus, estamos falando de Claire Foy. É absurdo o trabalho que ela fez aqui, se transmutando totalmente de doce figura da realeza britânica para uma assassina sanguinária, brutal e com uma agilidade corporal que deixa qualquer um de boca aberta.
Assim, dá para dizer que o novo filme da Lisbeth Salander é ótimo em alguns níveis e passível de magoar você em outros. De todo modo, é uma boa diversão para a sua noite de cinema. Tem ação, tem tiro, porrada e bomba, tem uma personagem feminina sendo badass ao extremo. E tem a Claire Foy, que nunca, nunquinha, vai errar. Por que ela é muito rainha.
Com roteiro de Steven Knight, Fede Alvarez e Jay Basu, os produtores são Scott Rudin, Soren Staermose, Amy Pascal e Eli Bush, além de David Fincher como produtor de set. A produção fica por conta da Sony Pictures e Columbia Pictures. Com lançamento e distribuição nacional pela Sony Pictures, Millenium: A Garota na Teia de Aranha chega aos cinemas brasileiros em 08 de novembro.