extraordinário coloca na tela a doçura e encantamento do livro

Em 2012 extraordinário chegou as livrarias sem muito barulho. E conquistou o mundo. Primeiro livro da diretora de arte e designer gráfica R.J. Palacio, o livro de capa azul clara e o desenho de um rosto um tanto desforme estilizado fazia um apelo: não julgue um livro menino pela capa cara.

O menino que não deve ser julgado é August Pullman, portador de uma rara doença genética cuja sequela é a deformidade facial. Sua vida até aqui significava estudar em casa com sua mãe, Isabel (Julia Roberts), brincar com seu pai Nate (Owen Wilson), sua irmã Via (Izabela Vidovic) e a pequena cã Daisy.

No começo do livro, e do filme, Auggie está prestes a ingressar em uma escola pela primeira vez, na 5ª série. É claro que ele está assustado. Seus pais estão assustados – sua mãe mais que todos, mas, ah, como ela disfarça bem isso!

Ao longo das muitas páginas, e minutos do filme, acompanhamos a jornada de Auggie pelo olhos dele, de sua mãe, de sua irmã, de um amigo. Essa escolha nos permite não somente nos conectarmos com sua história, mas leva a sério nos lembrar de que todos temos batalhas que os demais desconhecem e que merecemos ser tratados com gentileza.

E o fato de eu citar, lado a lado, páginas do livro e minutos do filme não é à toa: a adaptação daquele que me é um dos mais caros livros adapta de forma exemplar a magia e melancolia da história original. Ao acompanhar o filme é como se você fosse virando as páginas dos principais acontecimentos da jornada de Auggie.

O mérito, neste caso, pode muito bem ser atribuído a escolha de Stephen Chbosky como roteirista e diretor. Chbosky é também autor de outro livro que trata com imensa delicadeza o “ser diferente” e as dificuldades que advém disso, As Vantagens de Ser Invisível (mais um de meus livros-favoritos-forever), o que significa que a temática lhe é bastante familiar.

Por conta disso o filme passa longe do piegas, driblando o dramalhão e entregando, em seu lugar, uma história que emociona porque é realmente capaz de tocar seu coração e que é capaz de causar reflexão, estejamos nós do lado que sofreu pelo olhar dos outros, estejamos do lado que às vezes se esquece de ser gentil. Ainda que use uma situação extrema, o roteiro nos lembra que conviver é um desafio mesmo para quem não tem suas diferenças estampadas na cara.

Também contam pontos a favor a escolha do elenco – Júlia está MARAVILHOSA, Owen entrega um humor menos histriônico e torna o seu Nate um pai que todos nós gostaríamos de ter e Izabela Vidovic rouba várias cenas, sua Via é sensível e doce, mas forte.

E é impossível imaginar outro ator para interpretar Auggie que não Jacob Tremblay . O ator, que foi muito elogiado por sua interpretação em O Quarto de Jack, nos lembra sempre que mesmo tendo uma infância diferente, mesmo que muitas vezes tenha de lidar com dores que muitos adultos não conseguiriam, Auggie é apenas um menino. E um menino inteligente e divertido, com inegável charme.

A brasileira Sonia Braga também faz uma pequena, mas tocante, participação interpretando a avó de Auggie e Via.

extraordinário por Tati Lopatiuk (sim “a equipe toda” de cinema do blog foi assistir ao filme)

Difícil ver Jacob Tremblay e não sorrir. Vindo do sucesso arrasador de O Quarto de Jack, filme vencedor de Oscar em 2015, o canadense de apenas 11 anos dá show de interpretação também em extraordinário. Ao conhecermos a história de Auggie, imediatamente somos cativados por seu carisma, algo que transborta por todo o filme, muito por conta dos também carismáticos Julia Roberts e Owen Wilson, pais de Auggie na trama. Isso faz algo incrível, que é transformar um filme que é na verdade um drama em um “feel good movie” sincero e improvável. Pois mesmo nos levando às lagrimas em muitas cenas, quando acaba o saldo final é de que fomos presenteados com uma história única, cheia de energia e alegria, que nos impulsiona a ver a vida com mais gentileza e entusiasmo. É daqueles filmes que te fazem sair do cinema com o um sorriso no rosto e com as esperanças renovadas.

 

extraordinário chega aos cinemas neste  7 de dezembro com distribuição nacional Paris Filmes e é aquele filme que você tem de ver. E não esqueça de levar o lencinho.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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