Os minutos iniciais de Mulher-Maravilha remetem à um mundo de fantasia: na ilha de Themyscira (ou Ilha Paraíso), as amazonas vivem em paz, envolvidas por uma neblina que as mantém protegidas do mundo externo, podendo manter a mesma forma de vida de quando os deus gregos ainda conviviam com os homens.
Entre mulheres fortes e inteligentes cresce uma menina, Diana, filha da rainha Hippolyta (Connie Nielsen, The Following e Gladiador), sobrinha da líder do exército Antiope (Robin Wright, Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres e House of Cards), a pequena é um achado: seu olhar vivaz mostra que sua mãe não dominará por muito tempo a vontade da menina de lutar como uma verdadeira guerreira amazona (a intérprete da personagem, Lilly Aspell, deve ser tão sapeca quanto transparece na tela).
Lá fora, longe de sua realidade, a Primeira Guerra destrói e mata, a paz parece um sonho distante.
Os dois mundos colidem quando um avião consegue atravessar a névoa e seu piloto, Steve Trevor (Chris Pine, Star Trek), precisa ser salvo pela jovem Diana. E, a esta altura, eu derramava as primeiras lágrimas, já apegada aos personagens (e não, não tínhamos chegado nem à trinta minutos de filme).
O primeiro acerto do esperado longa da mais famosa super-heroína da DC é não apressar as coisas quando o assunto é nos apresentar sua personagem principal – fato importante se considerarmos que este é o primeiro filme dela ao invés da “reedições” das histórias de Batman e Super Homem -, o segundo é manter viva a principal característica da personagem nos quadrinhos: ela acredita na justiça, na bondade e no amor, mas ela não é tola e sua inocência, por conta do que não viu, não a impede de enxergar a verdade. Tem jeito de cinema antiga e funciona.
O terceiro? Seu conjunto de personagens secundários, cada um representando algo importante, todos se conectando muito bem. Uma pena que os vilões sejam um tanto caricatos.
Patty Jenkins é a primeira mulher a dirigir um longa de super-heróis (e apenas a segunda a dirigir um longa com orçamento tão alto, acima de cem milhões de dólares) e ela consegue manter a chama feminina (e feminista) do filme sem prejudicar em nenhum momento a ação. A Diana do filme é determinada, mas tem ótimas sacadas que rendem bons momentos de humor e a dupla que faz com Trevor é equilibrada.
Se as cenas de ação podem ter excesso de slow motion, elas ainda assim empolgam e servem para pontuar a evolução da personagem neste mundo que ela desconhecia, a medida que mais aprende sobre os homens, mais sabe usar seus poderes. Na verdade as batalhas servem para pontuar muito bem a evolução de Diana: cada vez que precisa lutar pela vida dos oprimidos ela aprende sobre si própria e seus limites.
Finalmente, o roteiro acerta com relação a inclusão, desigualdades e sexualidade e é inspirador, algo raro em dias atuais. Ele consegue, ainda, a despeito do traje de Diana, fugir da objetificação das mulheres: quando Diana é mais admirada pelos homens não existe foco algum em seu corpo. Sua mente e sua força são seus maiores atrativos – ainda que, sim, Gal Gadot seja maravilhosa, só que aqui eu diria que ela é arrebatadora pela soma de todos esses atributos.
Jenkins dirige o longa a partir do roteiro de Allan Heinberg e história de Zack Snyder & Allan Heinberg e Jason Fuchs, baseada nos personagens da DC. Mulher-Maravilha é uma criação de William Moulton Marston.
Unindo-se a Gadot no elenco internacional estão Danny Huston (Fúria de Titãs, X-Men Origens: Wolverine), David Thewlis (Harry Potter, A Teoria de Tudo), Elena Anaya (A Pele que Habito), Ewen Bremner (Êxodo: Deuses e Reis, Expresso do Amanhã), Lucy Davis (Todo Mundo Quase Morto, Better Things), Lisa Loven Kongsli (Ashes in the Snow), Eugene Brave Rock (Hell on Wheels) e Saïd Taghmaoui (Trapaça).
O filme é produzido por Charles Roven, Deborah Snyder, Zack Snyder e Richard Suckle, com Stephen Jones, Geoff Jones, Jon Berg, Wesley Coller e Rebecca Steel Roven como produtores executivos.
Juntando-se a Jenkins nos bastidores estão o diretor de fotografia Matthew Jensen (Poder Sem Limites, Quarteto Fantástico, Game of Thrones), a designer de produção indicada ao Oscar Aline Bonetto (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Eterno Amor, Peter Pan), o editor vencedor do Oscar Martin Walsh (Chicago, Operação Sombra – Jack Ryan, V de Vingança), e a figurinista vencedora do Oscar Lindy Hemming (O Cavaleiro das Trevas, Topsy-Turvy – O Espetáculo). A trilha sonora é composta por Rupert Gregson-Williams (Até o Último Homem, A Lenda de Tarzan).
A Warner Bros. Pictures apresenta, em parceria com a Tencent Pictures e a Wanda Pictures, Mulher-Maravilha, uma produção da Atlas Entertainment/Cruel and Unusual. O filme estreia nesta quinta, 1º de junho de 2017, no Brasil e será distribuído pela Warner Bros. Pictures, uma empresa da Warner Bros. Entertainment.
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Adorei as suas considerações. Ainda não assisti ao filme mas pretendo fazer isso em breve, nos próximos dias. E já estou mais curiosa ainda e feliz por saber que a direção feminina do filme fez toda a diferença.
Beijo, Menina