Quem gosta de poesia e de boas histórias tem um grande motivo para ir ao cinema: estreou no dia 27 o filme Além das Palavras, sobre a vida da poetisa americana Emily Dickinson, que viveu em Massachusetts entre 1830 e 1886 e se afastou de sua família abastada por se recusar a declarar sua fé.
No filme, acompanhamos seu trajeto desde os primeiro dias como uma jovem estudante até seus últimos anos como uma artista reclusa e quase irreconhecida. Tímida, mas com ótimo senso de humor e amizades intensas, Emily escreveu praticamente um poema por dia ao longo de sua vida, porém, viu apenas uma minúscula parte disso ser publicada – e no Brasil sempre fomos carentes de traduções a altura de suas obras.
O filme mostra como, ao longo de sua vida, Emily viu sua luz sendo apagada, sufocada pelo que a tradição dizia que era esperado para uma mulher “direita”. A escolha por manter-se sozinha foi mais que a escolha por sua obra, foi escolher não ficar sob o poder de outra pessoa, ainda que isso significasse renunciar a felicidade. Se a forma como sua vida é retratada é realista, ela é do tipo desagradável de verdade.
A direção é do inglês Terrence Davies, um diretor que traz em seu currículo várias obras centradas em grandes personagens femininas nos mais diversos tempos e locais – cito como exemplos A Canção do Pôr do Sol, Amor Profundo e A Essência da Paixão. e o filme traz Cynthia Nixon (Sex and The City) no papel principal.
O filme tem sido bastante elogiado por crítica e público, sendo cotado como um dos melhores do ano, e vem despertando o interesse pela obra de Emily, um caso típico em que versões cinematográficas ou televisivas levam o espectador a buscar materiais relacionados além das telas.
Para quem ficar curioso pela obra da autora, a DISAL Editora tem em sua catálogo uma caprichada edição bilíngue, com o texto original em inglês e em português lado a lado. Loucas Noites (R$ 44,00) traz os 55 poemas mais representativos da poetisa.
A obra ainda conta, em suas 208 páginas, com breves comentários de tradução e uma biografia da autora. A tradução e os comentários são de Isa Mara Lando.