Cinema: Beleza Oculta

Ainda que a morte seja o único acontecimento certo desde o momento em que nascemos, temos todos, em maior ou menor grau, dificuldade ou até mesmo medo de falar dela.

A perda de um filho, então, é dos assuntos mais penosos, invertendo a ordem natural das perdas.

Beleza Oculta (no original Collateral Beauty, nome mais adequado a proposta do filme) fala deste tipo de perda que não deixa espaço para mais nada em uma vida.

Howard (Will Smith) é um publicitário de sucesso, que construiu com três amigos uma empresa muito bem sucedida. Sua figura, sua criatividade, é a imagem da empresa, muitas vezes é o motivo dos clientes continuarem ali.

Mas ao perder sua filha ele deixa tudo de lado. Dois anos depois da morte dela ele ainda caminho perdido em uma vida sem sentindo, preocupando, por motivos diferentes, seus três sócios.

Os três – Edward Norton, Kate Winslet e Michael Peña – descobrem que Howard tem escritos cartas para o Amor, Tempo e Morte. Mais que buscar respostas, ele busca uma forma de espiar a dor, culpar alguém, encontrar sentido.

Os amigos contratam, então, três atores para representar estas três figuras: uma sábia e vaidosa morte ganha o rosto de Helen Mirren (que escolheu vestir azul para o papel), o Amor ganha a doçura de Keira Knightley e o Tempo a juventude e o jogo de cintura de Jacob Latimore.

A interação entre os três e Howard tem um pouco de jogo, muito de teatro. Se ele é o alvo do plano de seus amigos, bem, eles não sairão ilesos do que decidiram fazer.

O roteiro é bastante simples e muitas situações são previsíveis, ainda assim ele tem o mérito de não cair no dramalhão, muito por conta das atuações de Will Smith, Michael Peña e Helen Mirren. Will nunca teve tão poucas frases em um filme e conseguiu com seu silêncio nos fazer compreender o tamanho de sua dor. Kate Winslet tem seus momentos, mas eu fiquei com a constante impressão de que ela queria ter se dado mais, entregue mais ali.

Só que o maior defeito do filme não esteja nem no roteiro nem em uma Kate e um Edward devendo algo, mas nos minutos finais, quando a trama ganha outro rumo, numa tentativa de criar magia que acaba por fazê-la escapar pelos dedos. Talvez isso explique porque muitos críticos, ao deixarem a sala de cinema, chegando a considerá-lo perda de tempo.

Talvez seja o fato de que, ao olharmos para esse elenco, ficamos imaginando o quão encantados ficaremos e o tombo acaba sendo grande demais…

Talvez seja a falta de clima – o filme talvez tivesse melhor receptividade na época de Natal, em que se passa e quando as pessoas parecem mais dispostas a acreditar na magia -, talvez Beleza Oculta esteja destinado a se tornar um clássico de final de ano como Simplesmente Amor.

 

David Frankel (curta-metragem “Dear Diary”, “Marley & Eu”, “O Diabo Veste Prada”) dirige o filme baseado no roteiro de Allan Loeb (“Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme”, “Quebrando a Banca”). O filme é produzido por Bard Dorros (“Polícia em Poder da Máfia”), o vencedor do Oscar Michael Sugar (“Spotlight: Segredos Revelados”), Allan Loeb, Anthony Bregman (“Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo”) e Kevin Frakes (“De Volta ao Jogo”). Os produtores executivos são Toby Emmerich, Richard Brener, Michael Disco, Michael Bederman, Peter Cron e Bruce Berman.

A equipe de criação de Frankel nos bastidores inclui a diretora de fotografia Maryse Alberti (“Creed: Nascido para Lutar”), a designer de produção Beth Mickle (“Uma Repórter em Apuros”), o editor Andrew Marcus (“American Ultra: Armados e Alucinados”) e a figurinista Leah Katznelson (“Como Ser Solteira”). A trilha sonora é composta por Theodore Shapiro (“Trumbo – Lista Negra”).

A New Line Cinema apresenta, em associação com a Village Roadshow Pictures, uma produção Anonymous Content/Overbrook Entertainment, uma produção PalmStar Media e Likely Story: Beleza Oculta com distribuição Warner Bros. Pictures, uma empresa do grupo Warner Bros. Entertainment, e em territórios selecionados, pela Village Roadshow Pictures.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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