Shades Of Blue: Pilot e Original Sin (1×01 e 1×02)

Não exagerei nada quando elogiei e insisti que vocês assistissem a estreia de Shades of Blue, não é mesmo? É impossível não ser contagiado pelo clima de tensão que a série traz desde seu início e não se sentir tremendamente dividido quanto aos sentimentos por Harlee Santos, a personagem principal desta história.

E, ao contrário de parte dos fãs de séries brasileiros que odiaram a atuação de Jennifer, fui surpreendida pela forma como ela convenceu como uma mulher que tomou um caminho muito errado na vida enquanto tentava fazer o certo por sua filha. Como a própria personagem coloca logo no início: “Aconteceu tão lentamente que você não percebe e tão rápido que você não vê acontecendo.”

A parte rápida, em verdade, fica clara no segundo episódio, Original Sin, quando descobrimos como ela pode ser envolvida de forma tão profunda por Wozniak: Harlee era apenas uma recruta quando deu um jeito de culpar o ex, pai de sua filha, que abusava dela, por um homicídio.

De alguma forma a investigação cai nas mãos do chefe de polícia que acaba por oferecer à Harlee uma forma de ganhar dinheiro extra e manter essa história embaixo do tapete. Uma proposta praticamente irrecusável para uma mulher que se vê sozinha e que imagina sua filha indo para um lar adotivo.

Este início nos ajuda a simpatizar com Harlee, quem sabe até mesmo perdoá-la pelas decisões erradas que tomou desde então. E coloca um peso adicional sobre Wozniak.

Só que entre o momento em que ele a convocou e o que vemos no episódio piloto bastante tempo se passou e Harlee age no automático: a filha precisa de uma roupa legal para uma apresentação? E daí que ela seja “roubada”. E a grana extra para a faculdade da menina? Nada que a proteção de um novo traficante não possa resolver.

Tão no automático que ela se torna descuidada e acaba nos braços de Robert Stahl (se formos falar de alguém que precisa melhor o desempenho é Kole neste papel), agente do FBI que aparenta ter motivos pessoais em sua caçada de Wozniak – e se por enquanto ela apenas caiu noa braços de forma figurada, a grande verdade é que não escaparemos de ver os dois juntos em algum momento.

Harlee e Stahl, então, são a mais imperfeita dupla porque a primeira sente que tem uma dívida em relação a Wozniak – além do fato de estar preocupada com sua filha e sentor estar sendo desleal com os colegas de grupo -, enquanto o segundo quer que tudo seja fácil e perfeito.

Se existe um mérito do que Jennifer está fazendo na série é o fato dela transparecer o que aquela personagem é: ela tem medo. A maior parte do tempo. Tem medo de não conseguir dar um futuro feliz para sua filha, tem medo do canalha que ela colocou na prisão saia e venha atrás dela, tem medo de Wozniak descobrir o que ela está fazendo, tem medo do FBI desistir dela e ela acabar na cadeia.

E ela pega esse medo todo e transforma em força, algumas vezes de maneira inacreditável, como quando queima o braço para poder escapar do teste do polígrafo ou como quando destrói o presente da filha na vã tentativa de ter pelo menos algum controle quanto ao que o FBI está pedindo que ela faça.

O segundo mérito da série é não nos entregar personagens “caricatos”: Stahl é um herói? Não. Seja porque quer dar um impulso na carreira, seja porque, como desconfio, tem contas a acertar com Wozniak, ele quer fazer o certo ainda que isto custe a vida de Harlee. Ele não teme pela vida dela, desde que ele fique bem.

Wozniak é um vilão? Até aqui é o mais vilão de todos. É o que faz concessões em nome do bem maior. Mas ele também é o cara que tira os bandidos violentos das ruas e que protege sua equipe com seu próprio rosto.

E digo tudo isso com apenas dois episódios vistos e com tão pouco dos demais personagens mostrado.

Shades of Blue - Season 1

P.S. Tess Nazario quebrando a cara da garçonete que deu em cima do seu marido depois de dizer para a moça que as duas fizeram “sexo pelo telefone” na véspera foi uma pequena amostra do que essa personagem é capaz, não é mesmo?

P.S. do P.S. Como não concordar com  a frase de Tufo quando ele diz que a maior parte das pessoas que criticam o que eles fazem não faz a mínima ideia do que é colocar-se na linha de tiro?

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Vi os dois episódios e gostei mesmo, fiquei intrigada pra saber o desenrolar. Gostei do Ray Liotta, achei que ficou bom no papel. E a Jennifer, só não gostei do cabelo hahaha

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  2. Gostei muito dos primeiros episódios.
    Ray Liota está ótimo e Jenifer Lopez me surpreendeu positivamente.

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