Sessão de Terapia – Semana 8

Foram diversos os motivos de choro nesta penúltima semana de Sessão de Terapia – e eu não imaginava que ia me apegar a ponto de já sentir saudades antes mesmo do fim.

Mesmo com a impressão de que eu passaria muito bem sem as sessões de segunda e terça. Sim, as sessões da Júlia nos ajudaram a entender os conflitos de Theo e por isso ganham maior importância, mas eu acho que as sessões dele com Dora já serviram bem para nos demonstrar os conflitos que ele está vivendo.

Diga-se até que, ao explorar sua confusão em relação aos sentimentos por Júlia perdemos a oportunidade de entender melhor os conflitos do psicólogo com seu pai, mesmo que a trama tenha sido criada propositalmente semelhante ao que ele viveu com uma de suas pacientes.

Neste semana, por exemplo, eu dispensaria completamente a sessão de segunda e Júlia falando que o Theo precisava entender que o Breno não era somente seu paciente. Não consigo citar outro detalhe qualquer da sessão.

Já Breno ganhou minha atenção aos poucos e me ressinto até de sua partida tão prematura. Mas, também, não enxergaria outro futuro possível para uma pessoa com tantos conflitos internos e tão pouca paciência para resolvê-los. A homossexualidade de Breno, por exemplo, foi apontada em mais de um episódio, mas nunca realmente abordada – a não ser em ataques violentos do policial, que nunca poderiam resultar em conversa aproveitável.

Uma pena que ele tenha escolhido a morte. E eu digo que seria um caminho inevitável por conta dessa profundidade de sua rejeição a pessoa que ele realmente era, reflexo do preconceito de seu pai.

Uma vez minha psicanalista comentou que os verdadeiramente loucos, verdadeiramente doentes, jamais buscavam por ajuda. Foi isso que eu vi naquele discurso do pai de Breno sobre não sentir ou não pensar no que se sente.

O episódio nos deu, ainda, em relance, uma amostra do quanto Theo guarda de dor na relação com seu pai, no tanto de coisas que ele não falou e, acredito, no que ele ainda busca perdão.

Em contraponto tivemos a primeira sessão de Nina que termina com um sorriso sincero. Não por acaso a sessão em que eu desatei a chorar e não parei mais. Nina é a que tem mais chance de se curar do mal que lhe foi causado e é prazeroso vê-la nesse caminho. Uma pena, de novo, que só tenhamos mais uma oportunidade de ver isso, eu adoraria ver uma Nina feliz, realizada, com menos raiva de si mesma.

Na quinta apenas João compareceu a sessão. É estranho isso, de ver um só ali falando da relação. Senti-me da mesma forma quando apenas Anna foi à sessão. Mas, como eu já havia dito muito antes, não vejo retorno nessa relação. Entendi quando Theo levanta a hipótese para João de que ele buscou alguém semelhante à sua mãe para se relacionar – há muito tempo percebi que isso é o que as pessoas mais fazem -, mas acho tarde demais para refazer essa conexão.

Finalmente chegamos a sexta e voltei a experimentar o estranhamento de quinta com a chegada de Theo sozinho à sessão, talvez a comprovação de que seu maior medo é verdade: não há volta, também para ele e Clarice. Achei meio louca essa história de que os dois agora não se falam mais, que guardavam seus diálogos para a sessão com a Dora. Se se precisa de uma terceira pessoa para estabelecer um diálogo não existe algo de muito errado nisso?

Do outro lado foi bom ouvir a história de Dora, acho que mais até pra Theo do que para nós, porque toda história tem dois ou três lados e muitos, muitos culpados. Mas as pessoas nem sempre são culpadas dos crimes que lhes imputamos, mas de outros, algumas vezes menos incompreensíveis.

Não existem pessoas perfeitas e as razões pelas quais tomam decisões são incompreensíveis porque simplesmente não temos seus sentimentos, não temos sua história.

P.S. Gostei demais da sessão do Theo, de tudo que a Dora falou. Assisti mais de uma vez.

P.S. do P.S. Na sessão de Nina, amanhã, teremos Paulo Miklos no papel do pai da ginasta, em sua primeira aparição.

P.S. do P.S. do P.S. Pra quem perdeu vale lembrar que Sessão de Terapia está disponível no Muu e no Net Now e que também será inteiramente reprisada a partir do dia 03 de Dezembro, no mesmo horário.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

8 Comentários


  1. Tão legal quanto assistir Sessão de Terapia é ler o seu texto depois que termina a semana.
    Também não sabia que estava acabando, snif!!
    Não acredito que esta é a última semana.

    Responder

  2. A-D-O-R-O a maneira como você descrever os sentimentos que essa série provoca. Os meus dias preferidos são quarta e sexta. A Nina é fácil de gostar e chega até dar empatia pelo sofrimento que ela tem referente a não saber expressar tudo que ela pensa e/ou sente. Quem nunca passou por um momentinho desses que atire a primeira pedra, não é? A sexta foi pesada! O Théo bate na Dora sem medo algum de machucar. Nessa sessão eu entendi o motivo para tudo isso. Ele queria a aprovação dela para que ele pudesse procurar a Júlia. Em uma outra oportunidade a Dora disse que a Júlia iria abandoná-lo porque para ela o importante era a conquista e nada mais.Confesso que a morte do Breno foi algo surpreendente e a aparição do pai foi muito esclarecedora.
    Olha aí Simone, masi um texto ENORME! KKK…
    Abraços!

    Responder

    1. Oi Marcelle,

      Minha psicanalista me perguntou porque eu achava que me apegava a história da Nina e eu acho que é tanto pelo trabalho da atriz, que está super delicado, como pela história dela, pelo fato de ser sofrimento de criança, sabe? Eu acho que isso sempre toca mais a gente.

      Acho que o Theo tem um necessidade de ser necessário, até ser idolatrado, e ele ama é o sentimento que a Júlia diz ter por ele, não é a Júlia. E o problema é que ele queria medir a história da Dora pela régua dele, não levando em conta os sentimentos dela.

      Abraços!!

      Responder

      1. Essa necessidade do Theo, acho que é por isso que ele gosta tanto da Nina. É nítido que é a paciente favorita, ele se desarma, sorri. A Nina olha pra ele com olhos de filha, com aquela adoração típica da filha pelo pai. E ele adora isso.

        Ainda tô triste porque ela não vai mais voltar. 🙁

        Responder

        1. Isso!!! E mesmo com os outros, ele baixa a guarda quando o paciente lhe olha meio como vítima.

          Também queria que a Nina voltasse, humpf…

          Responder

Deixe uma resposta