Three Rivers é só mais um seriado médico?

Three Riversa Ryan's First Day

Quando o último episódio de ER foi ao ar uma era terminou. Era até difícil lembrar do primeiro episódio, de quando ER revolucionou com sua estética, de quando ER deixou de ser mais um seriado médico – americanos adoram seriados médicos e seriados policiais desde sempre – e se tornou referência para tanta coisa.

E quinze anos de passaram. Na temporada de 2009 três seriados médicos estrearam com a esperança de substituir ER no coração dos fãs que tinham ficado orfãos, já que, vamos combinar, não existia outro seriado médico. House é um seriado sobre um personagem que é médico e essa certeza foi confirmada em Broken, primeiro episódio desta excelente sexta temporada. Grey’s Anatomy é um seriado sobre pessoas e, assim como se passa num hospital, poderia caber em qualquer outro meio ambiente e falo isso sem demérito do seriado, do qual gosto bastante.

Lá fora tivemos a estréia de Mercy, que, na teoria, seria o mais semelhante a ER, apesar de seu foco em enfermeiras:  histórias que se passam no pronto socorro de um grande hospital. Pois revelou-se, pelo menos para mim, um Grey’s Anatomy de segunda categoria, falando de relacionamentos, com amores de corredor e bebedeiras fora dele.

Trauma me fez pensar em Third Watch: o dia a dia de um grupo de paramédicos. Esse foi o seriado mais rapidamente abandonado por mim: não aguentei 20 minutos. E o início era promissor, aquela tensão de saber que o eletricista colocando uma chave de fenda em um transformador ia acabar em problema. Aquela tensão que te faz até desviar o olho da telinha, porque você sabe que algo grande está vindo. Mas, daí em diante, eu não conseguia acompanhar aquele monte de cenas entrecortadas, helicópteros explodindo, carros capotando.

Lembro que em Third Watch primeiro eu fui apresentada a equipe e foi fácil considerá-los amigos. Lembro que a tensão vinha porque você queria ver se tudo ia acabar bem e não porque a explosão tinha sido muito grande.

Aí temos Three Rivers que, infelizmente, não anda bem de audiência nos EUA. A Universal trouxe o seriado para o Brasil menos de um mês após sua estréia por lá e agora eu corro o risco de, mais uma vez, acabar sofrendo pela perda de um seriado querido.

Algumas coisas precisam de ajuste? Com certeza, mas Three Rivers é o mais próximo de um seriado médico de qualidade que vi nos últimos tempos, e olha que eu morria de medo de que a temática sobre transplantes o tornasse uma cópia de Heartland – seriado da temporada passada que durou menos que cinco episódios e era realmente ruim.

Participei da cabine de imprensa de Three Rivers à convite da Universal e sai de lá encantada com o piloto. Só que ele nunca foi ao ar. Com Julia Ormond no papel de chefe de cirurgia o episódio tinha velocidade ótima, servia muito bem para apresentar os personagens e tinha uma ótima linha condutora: a doadora em questão havia sido assassinada após ter dito sim em seu casamento e a mãe enfrenta dificuldades em liberar a doação para, ao final, encontrar a redenção em seu ato.

Não bastasse essa ótima linha, somos apresentados ao drama vivido por Miranda Foster (vivida pela excelente Katherine Moennig), filha do médico que dá nome ao hospital e que precisa provar a si mesma que é uma boa médica, com um ótimo final de episódio em que eles voam de helicóptero em meio a uma nevasca e que você fica com o coração na mão.

O motivo dele não ter ido ao ar? Ao que parece o pessoal da produção não gostou. Uma pena. Mas, mesmo com opiniões contrárias, o seriado foi salvo e o piloto foi regravado. Nova atriz como chefe de cirurgia e vamos lá. Não, não vamos ainda. Lá foi a CBS e trocou a ordem de exibição do primeiro com o segundo episódio – mesma decisão que a Universal acabou tomando aqui no Brasil em respeito à produtora.

As coisas acabaram ficando meio emboladas, já que, ao assistir Place Of Life, que era o 01×02 e virou 01×01, a coisa já começa corrida e não somos exatamente apresentado ao pessoal. Para complicar, em Ryan’s First Day temos a introdução de Ryan, que acaba assumindo a coordenação dos transplantes,  no hospital, sendo que o vimos em Place Of Life já como parte da equipe.

Sim, deu para ficar um pouco confuso. Mas, a despeito disso, a série consegue mostrar seu potencial e nos conquista. Katherine Moennig está excelente e, na maior parte do tempo, rouba as cenas do protagonista, mas Alex O’Laughkin é bonito de qualquer jeito mesmo, então quem sou eu para reclamar.

Outro ponto que chama a atenção no seriado é a tecnologia do hospital, que lembra um pouco do que é mostrado no laboratório dos CSI em Nova Iorque, e o fato de você criar empatia pelos personagens, sejam os membros da equipe do hospital, sejam os pacientes que passam tão rapidamente pela tela.

Eu realmente acho que Three Rivers tem potencial para fazer bonito e ganhar temporada completa, mas meus amigos americanos precisam colaborar e assistir. E, com certeza, eu não acho que ela seja só mais um seriado médico.

Three Rivers vai ao ar todas as quartas, às 23h00, no Universal Channel e tem blog exclusivo no site do canal.

Three Rivers

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

6 Comentários


  1. Gostei bastante dos dois episódios e não sabia q ele ia mal de audiência nos EUA, agora fiquei preocupada 🙁

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  2. não sei como, mas consegui assistir aos dois primeiros episódios e achei bem legal. se só servir pra uma pessoa decidir doar os órgãos já tá de muito bom tamanho.

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  3. Também sou uma órfã do ER e assisti Three Rivers com o coração na mão. (Desculpe o trocadilho infame). Me vi próxima da menina que não quer doar o coração do pai, e do marido que não sabe qual decisão tomar a respeito da esposa. Ao final do episódio, eu já era íntima de todos eles, me divertia e chorava junto. Apesar de preocupada com a audiência americana, espero que Three Rivers tenha vindo pra ficar.

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    1. Márcia,

      O jeito é ficarmos na torcida mesmo, porque o seriado é bom de verdade – quem quiser pode dizer o contrário que eu não acredito, risos.

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  4. To louca pra ver essa serie, mas é tenso não encontro pra download em lugar nenhum, se vocês souberem de algum, sei la, onde eu possa ver eu agradeceria muito.

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