Hitler: The Rise Of Evil

Hitler 

“The only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing.”
Edmund Burke

“A única coisa necessária para que o mal triunfe é que os homens bons nada façam.”

Acho que esta frase é realmente a melhor para descrever o que foi a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha e tentar resumir em apenas 04 horas o que foi a vida de Adolph Hitler parece um desafio invencível.

É isso que John Pielmeier e G. Ross Parker tentaram fazer na minissérie Hitler: The Rise Of Evil (Hitler: A Ascensão do Mal), com direção de Christian Duguay, produzida em 2003 e exibida originalmente pela CBS. A minissérie foi exibida no Brasil, pela primeira vez, pelo Telecine e está sendo novamente exibida nesta semana no canal History Channel.

Para apaixonados por história como eu o seriado permite conhecer um pouco mais da vida desse homem que se tornou mito justamente por sua falta de humanidade. Como diria Fritz Gerlich, jornalista personagem real de Matthew Modine: “Quando eu o vi pela primeira vez foi até divertido, ele parecia inofensivo, mas ao olhar em seus olhos você percebe que ele não é um ser humano.”

A mini-série dá um show nas interpretações de um elenco de peso, além de Matthew Modine contamos com Robert Carlyle como Hitler, Stockard Channing como Klara Hitler, Jena Malone como Geli Raubal, Julianna Margulies como Helene Hanfstaengl, Liev Schreiber como Ernst Hanfstaengl, Peter Stormare como Ersnet Röhn e Peter O’Toole como President Paul von Hindenburg, as tomadas gravadas em Praga enchem os olhos e o roteiro está muito bem amarrado.

Quanto ao roteiro, o que mais chama a atenção é o fato de resumirem toda uma vida de loucuras, vitórias e erros em apenas 04 horas e, ainda assim, termos a impressão que nada se perdeu. É claro que algumas passagens acabam sendo tratadas de maneira superficial, mas nada disso tira o brilho do trabalho.

Vale ainda destacar que a minissérie foi indicada a 18 prêmios, tendo faturado os Emmy de Direção de Arte e Edição de Som, além dos prêmios da Sociedade Americana de Cineastas, da Sociedade Canadense de Cineastas e da Sociedade Americana de Casting (Selecionadores de Elenco).

A primeira parte da minisérie, exibida ontem pelo History Channel e, infelizmente, sem reprise anunciada para o fim de semana, inicia na infância problemática de Adolf, com um pai violento e uma mãe protetora, que acaba por morrer de câncer quando ele decide partir para a escola de artes, acreditando em seu talento.

A minissérie mostra, a despeito de seus sofrimentos na infância, que o menino Adolf já demonstrava características anti-sociais, sendo desapegado da família e de amigos, sem capacidade de criar empatia. Somente sua mãe o via como um garoto normal, até mesmo especial, mas mesmo ela não escapa de sua loucura quando, doente de câncer, obriga Adolf a adiar seus sonhos de cursas a escola de belas artes e a culpa por isso. Somente após sua morte ele parte para realizar seus sonhos.

Após ser desacreditado em Viena, onde seus desenhos foram considerados de má qualidade e em que foi apontado sem talento para a música, Hitler passa a viver nas ruas e tem seu primeiro contato com os discursos anti-semitas de Karl Lueger, prefeito da cidade que culpava os judeus por tudo que existia de errado na Alemanha. Seria esse ódio pelos judeus sua maior força e, também, sua perdição.

Já adulto, interpretado por um Robert Carlyle que mereceria muitos e muitos prêmios, e desempregado, Hitler entraria para o exército alemão e participaria da I Guerra Mundial. É interessante como a minissérie nos coloca vendo esta grande guerra pelos olhos de Hitler: louco e nacionalista ao extremo ele não perde as oportunidades de culpar judeus, mas consegue ganhar uma medalha por bravura após sobreviver a uma explosão que matou todo seu pelotão, por um acaso da sorte, mesmo tendo tudo uma carreira militar sem destaque.

Enlouquecido pelo pedido de recuar feito por seu superior ele acaba saindo da trincheira quando gás mostarda está sendo jogado sobre os alemães, indo parar no hospital e não presenciando a rendição alemã. Quando recebe a notícia no hospital ele culpa os judeus também pelos erros da guerra.

Em Munique ele acaba por aceitar entrar para o Partido dos Trabalhadores como um espião do exército, mas sua assertividade em defender suas opiniões chama a atenção dos líderes do partido, que acabam convidando-o para ser o orador de uma das reuniões. Ele fica indignado com a falta de atenção que os presentes dão a suas palavras e se transforma: o tom quase inaudível é substituído por uma fala alta, grosseira, que destaca os pontos referentes a culpa de judeus e estrangeiros pelos males da Alemanha.

A cada reunião ele atrai mais e mais pessoas, mas é quando Ernst Hanfstaengl, um alemão recém chegado da América onde cursou a faculdade e se casou com Helene, uma americana descendente de alemães, vai a uma reunião que o destino daquele pequeno homem muda: Ernest enxerga nele a possibilidade de ter um fantoche que empolgasse os pobres e a classe média, mas defendesse os interesses da burguesia.

Ernst é quem, vamos dizer assim, consegue polir aquela imagem bruta, fazendo com que Adolf adote o indefectível bigode e os gestos grandiosos, bem como venha a adotar o símbolo da suástica como seu. Em um jantar na casa de Ernst, Adolf mostra sua bandeira pela primeira vez e defende a eliminação de todos os judeus. Helene fica assustada, um dos convidados, descendente de judeus, parte indignado, mas nada parece deter o desejo de Ernst de convencer a todos que aquele é o homem que realizará os sonhos dos demais riscos a sua mesa.

Hitler

Após perceber o poder que adquire a cada discurso, mais o apoio de Ernst e o dinheiro por este obtido, Hitler passa, mais do que nunca, a acreditar em tudo que diz e achar que este é o único caminho possível. Ele acaba por contratar Ernst Röhm como seu guarda costas. Röhm era o chefe de uma equipe conhecida como Brown Shirts no exército alemão e tem um grupo de ex-soldados que ainda o seguem, também culpando alguém pelo fim da guerra e pela falta de dinheiro. Apesar de diferentes em essência a aliança entre os dois duraria por muito tempo.

O primeiro ministro alemão, Gustav Von Kahr, começa a ver o grupo liderado por Hitler como um risco, mas ainda não imaginava em que dimensão. Inicialmente ele tenta “comprar” a fidelidade de Hitler lhe oferecendo uma posição no governo. Em troca ele pede pelo controle do grupo de Röhm, que ataca homens e meninos a luz do dia, sejam eles comunistas ou judeus.

Hitler obtém a liderança do partido, agora já conhecido como Partido Nazista, após uma discussão com seu líder, acossado pela turma de Röhm. A fim de garantir que outros o respeitem, pois mesmo com o poder em suas mãos de tal forma ele sabe que ainda é desprezado por muitos, ele convida o General Erich Von Ludendorff, herói alemão da I Guerra Mundial, para se colocar a seu lado.

As cenas dos discursos de Hitler nos permitem entender como ele conseguia contagiar a tantos com suas palavras e gestos, por mais loucos que hoje nos pareçam. Uma junção de coisas: as pessoas sofriam e queriam ter a quem culpar, aquele homem ao mesmo tempo comum e extraordinário lhes dizia de quem era a culpa e eles ficavam felizes.

Fritz Gerlich, respeitado jornalista e responsável pelos discursos de Von Kahr parece ser uma das poucas vozes dissonantes, um dos poucos a enxergar o perigo que aquele homem representava. Esse perigo fica ainda mais claro quando Hitler o procura em sua casa para conversar, falando que queria ser amigo de Von Kahr. A frase que citei logo no começo foi dita por Fritz para sua esposa, logo após a saída de Hitler de sua casa. E, eu digo, a cena entre os dois é uma das melhores de toda a primeira parte da minissérie.

Von Kahr se acha mais esperto que Hitler e resolve fazer um jogo duplo: enquanto aquieta Hitler com a promessa do cargo marca uma reunião com os demais lideres a fim de formar uma aliança. Ao saber do que está acontecendo, Hitler convoca Röhm para um golpe.

Hitler

O golpe, mesmo com a participação de Von Ludendorff , não dá certo, sendo frustrado pelo exército alemão, Hitler consegue fugir, mas ferido.

Ernst Hanfstaengl, presente aos eventos, foge, ligando para a esposa e mandando que ela saia com as crianças do país. Ela apenas tem tempo de trocar de roupa quando vê Hitler entrando armado em sua casa. Ela pede que a governanta saia com as crianças, ficando sozinha com Hitler. Hitler chega a colocar a arma em sua cabeça ao ouvir que o exército bate a sua porta, mas Helene impede que ele se suicide, tirando a arma de suas mãos.

As cenas finais da primeira parte, que passa voando, mostram Hitler sendo julgado por alta traição. Ernest, com medo de poder ser responsabilizado por algo, ainda faz com que a esposa visite Hitler na prisão quando este se recusa a comer. A visita de Helene sensibiliza Hitler, que volta a comer e, baseado no que ela disse, que as pessoas acreditam nele, faz discursos no julgamento que chegam a empolgar até mesmo o juíz responsável pela sessão.

Apesar de condenado por traição, ele acaba por ter direito a condicional em apenas 09 meses, para alívio de seus colegas. Fritz deixa o tribunal em estado de choque, amendrontado pelo que ainda poderá acontecer.

A segunda parte da minissérie vai ao ar hoje, ás 21:00h no History Channel.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

8 Comentários


  1. Eu já vi essa minissérie, mas agora não me recordo onde. Apenas tenho certeza que foi na TV aberta. Ela é excelente mesmo e se eu conseguir, vou rever. Lembro que a Jena Malone estava ótima nela.

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  2. Valeu pela dica Simone, não vou perder. O teu review do 1º ep. já me deu o sufuciente para poder acompanhar.
    Agora filosofando um pouco, esta necessidade de encontrar um culpado, para mim tem a ver com o medo básico/essencial do ser humano, que é o medo do desconhecido. Por medo do desconhecido temos esta necessidade de racionalizar tudo, por exemplo, pq ficamos contando e contando um fato trágico que nos aconteceu? Para poder trantar entendê-lo, e quando entendemos já não estamos mais a mercê do desconhecido. Imaginamos ter conhecimento e assim imaginamos que podemos lidar/manipular os fatos. Quando Hiltler usa os judeus como culpados de tudo de ruim que acontece na Alemanha pós 1ª guerra e ele está unindo os alemães contra um inimigo comum, e apontando que a cupa é de algo concreto e por isso pode ser controlado. O alemães se sentem mais seguros com isso. Mas não foi só Hitler que usou este expedinte, o do imimigo comum, os americanos durante a guerra fria usaram o medo de comunistas para poder comandar o resto do mundo, os chineses durante a revolução cultural apontavam qualquer um com um pensamento diferente, extremistas religiosostambém usam. E até um político brasileiro muito famosos usou uma empresa como inimiga pública nª 1 para poder se destacar.
    É também adoro História.

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  3. off-topic:

    si, você pode me ajudar? eu preciso aprender como fazer esse lance que você usou neste post no wordpress, de jogar parte do conteúdo “pra dentro” com o link “read more”.

    por exemplo, eu escrevo uma resenha com spoilers na segunda metade, quero deiar a parte lipa na capa e um link pra ler o spoilado.

    adonde que faço isso no painel do wordpress??

    brigada desde já,
    naomi.

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  4. Oi tudo bem queria saber os pontos negativos de Ritler, é um trabalho de escola, to achando meio complicado achar pela net, nunca encontro o que eu quero nas pesquisas…
    Obridaga

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  5. gostaria de saber onde encontro o dvd para comprar, etou procurando a muitos mese…

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  6. Leandro,

    Comprei na Americanas em uma promoção do ano passado, já faz um tempinho.

    Se não achar tente o site da Blockbuster, sempre tem uns achados por lá…

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