O post perfeito

Há tempos quero escrever sobre a falta de educação no metrô de São Paulo, e dei de cara com o post perfeito lá no Estado de Circo (http://www.estadodecirco.net/2007/08/29/a-dificil-tarefa-de-andar-de-metro-em-sao-paulo/), parece que fui eu que escrevi, só faltou falar sobre a falta de educação nas escadas rolantes… Vou escrever asobre esse depois:

A difícil tarefa de andar de metrô em São Paulo

O sinal é fácil de interpretar. Está escrito saída. Sa-í-da. E há uma faixa verde e uma didática seta indicando a direção. “Por aqui.” Do outro lado, entrada. En-tra-da. Não requer inteligência e basta saber ler o básico. Mas por motivos que foge mao meu entendimento, a população ignora aviso na porta do metrô.

É um inferno. Os que estão dentro querem sair pelos dois lados. Os que estão fora querem entrar. Pelos dois lados. Se cada um usasse o lado direito, tudo fluiria e todos ficariam satisfeitos. Mas preferem medir forças.

A primeira disputa é desigual. Uma senhora de uns 65 anos, não mais do que 1m55 de falta de altura, magra. Ao lado, uma mulher mais jovem, 40 anos talvez, um pouco mais alta, 1m65. A porta abriu. E espantosamente a mais nova foi rapidamente vencida por um vendedor de tênis de origem sul-coreana, ou vietnamita, ou chinesa ou de algum lugar a leste da Índia e a oeste do Japão. Covarde, usou um carrinho e quase atropelou a mulher. “O regulamento permite isso?” E 1 a 0 para os de fora. A incrível senhorinha, porém, com a agilidade de quem descansou na cadeira cinza, ignorou o estudante de boné virado para trás e camiseta “skate bandido”. Mal abriu a porta e já estava do lado de fora. Nocaute no primeiro assalto. Acho que a vi sorrir. E o placar na estação São Joaquim foi 1 a 1.

Assim seguem as disputas, a cada estação. A mais feroz é na Sé, onde São Paulo inteiro desce e sobe para mudar de linha. A porta fica aberta 15 segundos, mas o empurra é intenso. E um observador atento que ande naqueles vagões percebe que a) muitas pessoas nasceram com azeitonas no lugar do cérebro; e b) boa parte das que nasceram com cérebro preferem não gastá-lo e, portanto, não usam. Na primeira parte estão aqueles que dão um passo para dentro do vagão e ficam parados. E a fila inteira que vem atrás não pode entrar porque a anta resolveu se acomodar ali. Na segunda parte se enquadra o casal de adolescentes que fica abraçado em vez de segurar em algum lugar. E quase cai a cada estação.

Andar de metrô é prático, mas desanima. Um país assim não sai do vagão.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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