E o que seria da indústria. (a cinematográfica, no caso) se não fosse o que chamamos de exercício da vaidade? Aqueles projetos que os grandes astros fazem apenas porque podem, porque têm muito dinheiro e uma ideia que (eles acham que) é incrível? Sem dúvida, a gente se divertiria bem menos. Embora, é claro, se divertir aqui no filme em questão acabe sendo um conceito bem amplo.
O Cara da Piscina é o projeto da vida de Chris Pine. Estrelado, co-escrito e produzido pelo astro, o filme marca também sua estreia na direção. Figurando em alguns festivais no final de 2023, o longa teve uma recepção mais gelada do que a água das piscinas que o protagonista da história mergulha. E qual o motivo disso?
Bom, O Cara da Piscina é uma comédia que acompanha Darren Barrenman (Chris Pine), um homem que passa seus dias cuidando da piscina do conjunto residencial Tahitian Tiki, em Los Angeles. Quando descobre uma conspiração para roubar a água da cidade, Darren dá início a um plano mirabolante para salvar sua preciosa Los Angeles.
Te lembrou alguma coisa? Pois é, o filme é uma quase releitura de Chinatown, clássico de 1974 do diretor Roman Polanski. Mais do que isso, Pine afirmou em algumas entrevistas que o longa é também uma carta de amor à Los Angeles. Navegando por todas essas referências e colocando até Erin Brockovich no meio, O Cara da Piscina parece mais uma colcha de retalhos, onde Pine tenta costurar tudo o que ama: sua cidade, seus filmes favoritos, seus amigos (presentes no elenco).
Acima de tudo, é um filme que Chris Pine usa como artifício para reencenar um personagem em específico: The Dude, de O Grande Lebowski (Coens, 1999). Curiosamente, essa é a única referência que Pine não adereça verbalmente em seu filme, embora seja a mais gritante.
Atirando para tantos lados, a pergunta que fica é: funciona? Como todo exercício de vaidade, o que temos, no fim, é um produto que agrada primeiro a quem o faz, e só muito depois ao público. O Cara da Piscina é uma comédia que pouco faz rir, já que faz uso de piadas internas que não alcançam o telespectador: é uma piada de Pine para Piene. Assim, a diversão mesmo fica por conta de acompanhar como esse exercício é feito, admirando o poder necessário para fazê-lo. Poder brincar assim com a indústria é um enorme privilégio, mas não garante que sempre terá bom resultados. Pine escancara isso como ninguém.