Cinema: Barbie

O momento mais aguardado do ano, o filme mais comentado e hypado a cada novidade de elenco, trilha sonora ou qualquer detalhe do enredo. Barbie, de Greta Gerwig, carregou por meses uma expectativa brutal para seu lançamento, tanto da parte dos que amaram a ideia do projeto quanto dos que detestaram ou dos que simplesmente queriam pagar para ver.

Até que a hora de conferir na telona finalmente chegou. E não poderia ser mais incrível.

Calma, estou me adiantando.

Antes é preciso contar que a trama dá conta de uma crise existencial da Barbie. Viver na Barbielândia é sobre perfeição e a boneca seria feliz para sempre em seu mundinho perfeito, não fossem esses pensamentos sobre morte que começam a assombrar sua, até então adormecida, consciência. Em busca de se “consertar”, Barbie decide ir até o mundo real para entender o que está acontecendo consigo mesma. O Ken decide ir junto, claro, ele só existe em razão da Barbie, e é aí que a aventura começa.

Navegando por um mar de referências cinematográficas e da história da Mattel, inundando nossos corações com piadinhas internas que nos fazem corar de tanto pertencimento, explodindo na telona em cores, elementos gráficos e looks tão lindos que a vontade de chorar é incontrolável, sem falar nos homens lindos sem camisa e com shortinhos mínimos, Barbie nos serve quase duas horas do mais puro entretenimento de qualidade e sem culpa.

É preciso ser muito amargurado para não gostar desse filme. Basta ter sido criança um dia para gostar. Jogando junto com o telespectador, Gerwig criou uma história que nos faz gargalhar ao mesmo tempo que nos traz questões políticas nunca antes trazidas envelopadas dessa forma: com um sarcasmo que provoca a sua inteligência, com uma doçura que te traz para perto. Não existe discurso raivoso, a revolução será em tons pastel e com um sorriso no rosto. Mas não sem lágrimas.

Barbie emociona porque fala direto ao coração das mulheres, na fase adulta de agora, lembrando de quando foram crianças. Sem receios, sem medo de ser o que é. Dá o recado aos homens também, mas o filme não é sobre e nem para eles, assim como muito pouco do mundinho da Barbie é sobre o Ken. Aqui, o papo é outro, o foco é outro, e depois de tantos anos tendo que se inserir à força em produtos de entretenimento feitos e destinados por e para homens, é um deleite imensurável ter algo tão nosso.

Barbie é a obra definitiva do ultrafeminino, um filme “pra mulher” do jeito mais elogioso que isso pode ser dito, um filme que abraça você em todas as suas camadas e que ri com você, e não de você, em meio às lágrimas. A crise existencial da Barbie é também a nossa e, com inteligência e sensibilidade que já nos é familiar em sua obra, Greta nos entrega em um filme que é um afago aos nossos corações cansados, mas também um chacoalhão com sua trama esperta e execução primorosa.

Então, se a pergunta é se vale o hype, pode saber que vale. E vale muito mais, toda a espera e a expectativa valeram, nesse caso. Desde o roteiro até aos diálogos, dos cenários aos figurinos, e do elenco impecável esbanjando carisma e talento de um jeito que é impossível não se apaixonar, Barbie é o filme do ano, e isso é inegável.

Dirigido pela roteirista e cineasta indicada ao Oscar, Greta Gerwig, Barbie é estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling, como Barbie e Ken, ao lado de America Ferrera, Kate McKinnon, Michael Cera, Ariana Greenblatt, Issa Raee, Rhea Perlman e Will Ferrell.

A Warner Bros. Pictures apresenta Barbie, uma produção da Heyday Films, LuckyChap Entertainment e Mattel. O filme será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures e lançado nos cinemas brasileiros em 20 de julho.

Escrito por Tati Lopatiuk

Tati Lopatiuk é redatora e escritora em São Paulo. Gosta de romances em seriados, filmes, livros e na vida. Suas séries favoritas são Girls, The Office e Breaking Bad. Pois é.

Seus livros estão na Amazon e seus textos estão no blog.

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