Star+: O Paciente

Steve Carell é Alan Strauss, psicólogo reconhecido, com livros publicados, judeu que recentemente perdeu sua esposa e que tem uma relação complicada com o filho mais velho. Domhnall Gleeson é Sam Fortner, que em sua primeira visita ao consultório de Alan se apresenta como Gene.

Os dois atores são o centro de O Paciente, série que recentemente chegou ao Star+. Dividindo a tela durante quase todos os 10 episódios, eles não tem “margem” para erros  e não comentem nenhum. Em dois papéis bastante difíceis e contidos, os dois atores conseguem transmitir o principal sentimento que compartilham: a frustração.

Após algumas sessões de terapia Sam é convencido por Alan que precisa ser realmente sincero se quiser melhorar do problema que quer o venha atormentando. O que Alan não imagina é que aquele rapaz é um assassino em série a solução que ele encontra para este problema é bastante simples: sequestrar Alan e prendê-lo em seu porão de forma que ele possa contar tudo.

Precisamos combinar que o ponto de partida da série já é bastante diferente: temos um assassino em série, um psicopata, voluntariamente buscando por ajuda, procurando por uma fórmula para não matar mais. Temos um homem sequestrado que, ainda que tenha sido sequestrado e privado de sua vida, tenta sinceramente ajudar esse homem.

A campanha de marketing de O Paciente classifica a séria como “um thriller psicológico” dos meus criadores de The Americans, mas eu acredito que essa a melhor categoria para a produção. Ao invés da tensão criada pela possibilidade de que Alan seja assassinado a qualquer momento por Sam, ou que algo aconteça e possa significar Alan ser libertado e Sam preso, o que nos mantém presos a trama é a chance quase inexistente de que Alan possa se libertar e também encontrar uma forma de Sam seguir com sua vida sem ser um assassino.

A ideia de que ele mata apenas “quem merece”, de forma semelhante ao que víamos em Dexter, pesa para que possamos torcer pelo menos um pouco por Sam. Pelo menos um pouco.

Quanto a Alan… O roteiro faz um ótimo trabalho ao colocar o psicólogo avaliando suas próprias escolhas. É fácil imaginar alguém fazendo isso preso em um porão e com a constante certeza de que poderá não estar vivo amanhã. Em sua mente Alan conversa com seu terapeuta supervisor (vivido por David Alan Grier) e usa esse tempo para refletir sobre os motivos que levaram seu filho Ezra(Adrew Leeds) a deixar a família e se tornar um judeu ortodoxo.

Uma série cujo desfecho não é digerido de imediato e sobre a qual nos pegamos pensando vez ou outra depois que acabamos.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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