Uma menina de 15 anos aparece em um hospital de uma pequena cidade com um pentagrama invertido gravado com uma faca em suas costas. A situação de total vulnerabilidade da menina cria uma ligação imediata entre ela e a doutora Suzanne Mathis, psiquiatra que carrega de sua passado pesadas lembranças de abuso e medo.
Com uma sinopse como essa é fácil entender porque corri para assistir à O Diabo em Ohio, nova minissérie da Netflix, assim que ela apareceu em minha lista de sugestões. Essa sinopse e o fato da minissérie ser estrelada por Emily Deschanel – saudades de Bones? Sim, sempre sinto.
Baseada em um livro baseado em uma história real (inédito no Brasil, de autoria de Daria Polatin), a minissérie conta com 8 capítulos e se apresenta como um suspense que “brinca” com o terror.
A menina que aparece no hospital teria fugido de um culto satânico em uma cidade vizinha e isso serve como desculpa para que imagens desfocadas, barulhos estranhos e corvos sejam usados em momentos de tensão.
A conexão imediata com Suzanne traz segurança para a garota, que acaba por ser abrigada pela psiquiatra em sua própria casa e passa a conviver com suas três filhas. Na escola a fugitiva se encaixa na mesma turma que Jules, a filha do meio, e em pouco tempo não somente usa as roupas da menina como flerta com o mesmo garoto e rouba a pouca atenção que esta tem na escola.
Enquanto isso, um detetive recém transferido de Chicago se encarrega de investigar quem teria atacado a menina e busca por seus pais, esbarrando nas dificuldades decorrentes do xerife local pertencer à seita da qual ela fugiu e descobrindo que o pai dela é uma pessoa muito influente.
Não tardam a surgirem estranhos símbolos na casa e no carro de Suzanne, pessoas estranhas (e assustadoras) aparecem no hospital e na escola. E as coisas na casa da família também tomam rumos inesperados – com o comportamento da garota parecendo cada vez mais estranho para todos, menos para a psiquiatra.
Sensacional, não é mesmo?
Pois não é mesmo: sem saber ao certo se aposta na investigação, no drama ou no terror, o roteiro acaba não entregando nenhuma das três coisas de forma satisfatória. Exige um nível de desprendimento com a realidade e de perdão com os desvios de percurso que não é brincadeira e, pior de tudo, deixa um final em aberto. Em uma minissérie. E não, não aquele final em aberto inteligente, para desafiar o espectador, mas aquele final em aberto do tipo “vamos deixar assim e quem sabe a gente garante que a minissérie vire uma série”.
Emily Deschanel parece ter ligado o “Bones automático” e me deixou na dúvida se ela sempre interpreta da mesma forma qualquer papel (só a vi nestes dois, não posso afirmar com 100% de certeza) ou se fez minissérie apenas para pagar contas e não se preocupou em fazer nada de diferente. Tudo bem, o roteiro não ajuda, uma psiquiatra que faz tudo ao contrário daquilo que foi treinada a fazer nos deixa passando raiva e lhe falta substância – no livro a história toda é narrada por Julie, a filha do meio, e talvez a transposição da história optando por centrar na mãe tenha sido o erro inicial que desencadeou todo o resto.
Você viu a atriz em Animal Kingdon? Pode, por favorzinho, deixar um comentário dizendo se lá ela também era Bones lá?
Minha sugestão, como deve ser óbvio após tudo que escrevi, é que você pule essa indicação se ela aparecer para você. Ao invés dela você pode dar uma chance para Entrapped ou quem sabe ver a primeira temporada de The Sinner, isso sem nem trocar de serviço de streaming. Vai aproveitar muito mais.