Cinema: Duna

A jornada do herói é um dos formatos narrativos que mais sucesso faz nos livros, filmes e séries: a pessoa relativamente comum que enfrenta desafios e dilemas importantes, amadurece, escolhe fazer o certo e triunfa ao final sobre os vilões.

Em Duna, adaptação há muito aguardada pelos fãs dos livros de Frank Herbert que chega aos cinemas pelas mãos de Denis Villeneuve (A Chegada, Blade Runner 2049”), essa jornada pertence a Paul Atreides (Timothée Chalamet), filho de um duque e uma “bruxa” que muitos acreditam ser predestinado a algo grandioso.

Seu pai (Oscar Isaac), um homem aparentemente bom e justo, muito construiu ao longo de sua vida, motivo pelo qual é invejado. Ciente de sua posição ele sabe que o presente recebido do Imperador, um planeta tão rico quanto difícil que antes “pertencia” a outra família, é na verdade uma armadilha. Uma missão fadada ao fracasso.

É com isso em mente que ele segue com sua família e seu exército para Arrakis.

É fácil pensar em várias referências aqui: um menino com um grande destino? Harry Potter. Casas que disputam as benesses de um imperador e lutam entre si? Game Of Thrones. Grandes batalhas em um deserto que incluem monstros de outros planetas? Star Wars.

Só que Duna, o livro, é anterior a tudo isso – e provavelmente bebeu de outras fontes de inspiração, sendo a mitologia grega uma das mais ricas para histórias sobre heróis –  e nenhuma dessas semelhanças apontadas atesta contra a obra.

Duna é um filme ágil e moderno, sem deixar de ser uma boa história. Efeitos especiais são usados para contá-la, não se tornam mais importante que ela.

O roteiro fala de crescimento pessoal, de preconceito, de fé e cobiça. Conta com um vilão interessante (Stellan Skarsgård sempre é) e “pequenos heróis” cativantes – ainda que eu tenha tentado achar um termo melhor para me referir a personagens vividos por gente como Jason Mamoa  e Sharon Duncan Brewster.

Distante das adaptações anteriores, o roteiro tem grandes chances de agradar aos fãs da saga (com exceção daqueles que reclamariam de qualquer adaptação) e conquistar novos fãs.

Ainda assim, novos fãs poderão criticar o final em aberto, já que o filme adapta apenas metade da história do livro um e não temos certeza de que uma segunda parte será feita – NossaSinhoraDosFãsDeFicção que nos proteja.

Dennis Villeneuve dirigiu Duna a partir do roteiro coescrito com Jon Spaihts e Eric Roth, baseado no romance homônimo escrito por Frank Herbert. O filme é produzido por Mary Parent, Cale Boyter, Joe Caracciolo Jr. e Villeneuve. Os produtores executivos são Tanya Lapointe, Joshua Grode, Herbert W. Gains, Jon Spaihts, Thomas Tull, Brian Herbert, Byron Merritt e Kim Herbert.

Duna é estrelado pelo ator indicado ao Oscar Timothée Chalamet (“Me Chame Pelo Seu Nome”, “Adoráveis Mulheres”), por Rebecca Ferguson (“Doutor Sono”, “Missão: Impossível – Efeito Fallout”), Oscar Isaac (franquia “Star Wars”), pelo ator indicado ao Oscar Josh Brolin (“Milk: A Voz da Igualdade”, “Vingadores: Guerra Infinita”), por Stellan Skarsgård (série da HBO “Chernobyl”, “Vingadores: Era de Ultron”), Dave Bautista (“Guardiões da Galáxia”, “Vingadores: Ultimato”), Stephen McKinley Henderson (“Um Limite Entre Nós”, “Lady Bird: A Hora de Voar”), Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa”, série da HBO “Euphoria”), Chen Chang (“O Tigre e o Dragão”), David Dastmalchian (“Blade Runner 2049”, “Batman: O Cavaleiro das Trevas”), Sharon Duncan-Brewster (“Rogue One: Uma História Star Wars”, série da Netflix “Sex Education”), pela atriz indicada ao Oscar Charlotte Rampling (“45 Anos, “Assassin’s Creed”), por Jason Momoa (“Aquaman”, série da HBO “Game of Thrones”) e pelo vencedor do Oscar Javier Bardem (“Onde os Fracos Não Têm Vez”, “007 – Operação Skyfall”).

A Warner Bros. Pictures e a Legendary Pictures apresentam Duna, uma produção da Legendary dirigida por Denis Villeneuve. O filme chega aos cinemas brasileiros em 21 de outubro de 2021.

P.S. Minha primeira ida ao cinema depois de 19 meses. Estar naquela sala escura, com aquela tela enorme na frente, nem sabia que a saudade era tanta.

P.S. do P.S. Duna deve chegar ao streaming pelo serviço HBO Max, mas se você for fã da obra e de ficção científica, eu sugiro ir ao cinema. O filme merece.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. Acho que Duna deve ter bebido muito em tradições árabes também – a ambientação e algumas coisas na organização social me deram essa impressão.
    Quis ler o livro a vida toda, li esse ano e meu grande problema com ele foi que odiei o herói. Meio que só curti as partes da Jessica. Apesar disso, até que estava bem curiosa pra ver o filme, mas essa coisa de parar no meio… sei não. Especialmente porque achei a segunda parte do livro a mais interessante. Escolha infeliz, né? Ou adaptassem tudo em um longão, ou filmassem logo as duas metades e lançassem com defasagem…
    (Dito isso, provavelmente vou acabar vendo…)

    Responder

    1. Menina, eu fui crente que ia ficar de nariz torcido pro Paul, menos pelo personagem, mais pelo Timothée, que eu acha sempre ter cara de cheira pum. Mas achei que o moço trabalhou direitinho. Gosto demais da Jéssica, do Duncan, mas fico vidrada mesmo com os Fremer. Eu li quando muito nova e não lembro de quase nada, me animei a ler de novo com o filme.

      Acho que ia ser difícil adaptar em um filme só, já ficou bastante coisa de fora. Ele foca em Paul amadurecendo e encontrando o seu jeito, sabe? Apesar de tudo eu achei que o ponto de corte funcionou. Mas se olhar os comentários e críticas internacionais vê o povo todo reclamando dele não ter final…

      Responder

  2. Ainda me lembro da época que assisti Duna (1984) no cinema, mesmo naquele tempo sabíamos que o filme não iria contar todo o livro, sei que o filme é trash – alias revi esta semana – e meio que senti vergonha alheia, mas era os anos 80.
    Me lembro também de ter assistido as minisséries de 2000 e 2003, pouca coisa ainda ficou na cabeça.

    O que mais me chama atenção nesta versão é o elenco, barbaridade como é bom esse cast, e sei que agora com todo avanço tecnológico teremos efeitos especiais a altura de um filme de ficção científica.

    Te entendo Si, aquela telona gigante com um som incrível é uma experiência única de assistir a um baita filme, mas por enquanto vou preferir a minha tv de 55′ e assistir quando chegar a plataforma, Prime ou HBO Max.

    Responder

Deixe uma resposta