Cinema: True Mothers (Mães de Verdade)

True Mothers - Mães de VerdadeAcredito que o peso da maternidade seja uma das poucas coisas que não mudam, ainda que existam diferenças culturais muito grandes. Acho que é isso que permite a identificação tão fácil com o drama de Satoko, Hikari e Shizue.

Satoko (Hiromi Nagasaku) é a mulher que sonha com a maternidade, mas ela e seu marido não conseguem ter filhos. Hikari (Aju Makita) a adolescente que engravida em sua primeira relação e acaba dando seu filho para adoção por pressão dos pais. E Shizue (Miyoko Asada) é uma mulher que não pode ser mãe e que usa sua “vocação”para ajudar mulheres como Satoko e Hikari.

O filme é baseado em um livro de bastante sucesso no Japão, escrito por Mizuki Tsujimura em 2015, e que já havia sido adaptado para a televisão em uma minissérie.

A adaptação para o cinema pode ser encaixada na categoria de filmes lentos e silenciosos, mas bastante poderosos. No entanto, mais que a lentidão, as opções de edição da diretora Naomi Kawase podem acabar irritando o espectador.

Se a história é “comum” a abordagem inova ao colocar o homem como o infértil no casal, mostrando sua dificuldade em lidar com isso e como ele seria capaz de sacrificar sua felicidade e deixar a esposa para que ela tivesse a chance de realizar seu sonho em outro casamento.

A ideia da adoção de um bebê não surge rapidamente para os dois – não conheço muita deste aspecto da cultura japonesa, mas o filme nos indica que não é algo falado tão abertamente -, mas quando surge nenhum dos dois tem qualquer dúvida do que quer quando os sacríficios são pedidos.

Do outro lado da balança temos Hikari, uma menina boa que, segundo seus pais, comete um erro vergonhoso. A personagem transparece as emoções, ainda que pouco fale durante todo o longa.

Ela cede a força dos pais quando eles decidem que ela deverá seguir a gravidez em um lar para moças na mesma situação que ela mantido por Shizue e então doar o bebê, mas esse também é o ponto de ruptura para ela com a família.

A vida dessas duas mulheres seguirão paralelas, a distância, até o momento em que Hikari tenta uma reaproximação com seu filho, assustando os pais adotivos.

Será Satoko que se aproximará da garota, em um filme sobre a força feminina.

(Trailer com legendas em inglês, na Mostra o filme conta com legendas em português)

Japão, 2020, cor, 140 min, ficção

direção Naomi Kawase – roteiro Naomi Kawase, Izumi Takahashi – fotografia Yuta Tsukinaga, Naoki Sakakibara – montagem Tina Baz, Yoichi Shibuya – elenco Arata Iura, Miyoko Asada, Hiroko Nakajima, Hiromi Nagasaku, Taketo Tanaka – produtor Yumiko Takebe – produzido Kinoshita Group – distribuição California Filmes

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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