Saudades de uma estreia de filme brasileiro, não é minha filha? Pois sua espera acabou: nesta quinta-feira, dia 15 de outubro, chega aos serviços de streaming e ao Première Telecine a comédia Não Vamos Pagar Nada, produção A Fábrica com roteiro baseado na aclamada peça italiana Non Si Paga! Nos Si Paga! de Dario Fo, que não poderia ter mais cara de Brasil. E tem humor na medida para ser aquele momento de fuga em nossa atual rotina.
Antônia (a sempre ótima Samantha Schmütz) está desempregada e ainda é assombrada pela ideia de que João (Ednilson Filho, maravilhoso) também perca seu emprego. A crise parece ter chegado com tudo para todos da simples comunidade em que vivem. Então não é de se estranhar quando a dona de casa arma um escândalo ao ver os preços do mercado sofrerem novo aumento ali, em plena luz do dia. O escândalo acaba se tornando um protesto e deixa pelo caminho mercadorias roubadas, galinhas soltas e muita confusão.
Se a presença da polícia por todo bairro é motivo de preocupação, o que enlouquece mesmo Antônia é pensar na reação do marido todo certinho quando souber o que ela aprontou – ainda que sem intenção.
Essa também é a grande preocupação de Margarida (Flávia Reis), melhor amiga de Antônia, que só consegue pensar em Luís (Leandro Soares) enlouquecido com a ideia de que ela está levando para casa mercadoria roubada.
A partir daí todos esquecemos da tristeza de toda a situação enfrentada pelo grupo de protagonistas envolvidos pelo absurdo das formas com que as duas vão tentar esconder tudo que aconteceu. E eu nem falei ainda de como os João e Luís lidam com a chegada dos policiais em suas casas para revistar tudo em busca dos itens roubados.
Se a escolha do elenco é um achado – a química e integração entre todos salta da tela e é impossível que eles não tenham se divertido horrores -, os personagens causam identificação imediata, nos pegamos torcendo para que eles a cada novo confronto, e o roteiro funciona como um relógio. Tudo isso é garantia de propaganda boca-a-boca depois da estreia.
Ainda mais considerando que não faltam cutucadas: temos desigualdade, abuso de poder, corrupção e temos pessoas pobres lutando contra isso da maneira que podem, sorrindo em meio a tanto aperto. (Heróis da vida real são sempre os melhores)
O filme conta com a direção de João Fonseca, que faz sua estreia no cinema depois de uma carreira de sucesso no teatro e não esconde certa frustração com o fato da pandemia ter impedido a chegada do filme á telona, mas na verdade nos lembra que o sentimento de frustração é dividido por todos atualmente, boa parte de nós com as vidas em suspenso.
Então, meu conselho é que você aproveite essa oportunidade de escapar da difícil realidade e dar umas boas risadas.
FICHA TÉCNICA
Comédia: 87 minutos
Direção: João Fonseca – Adaptação e Roteiro: Renato Fagundes baseado na obra de Dario Fo
Produzido por Luis Noronha – Produção Executiva: Cecilia Grosso e Samanta Moraes – Produtor Associado: Carlos Diegues
Direção de Fotografia: Julio Constantini – Direção de Arte: Denis Netto – Figurino: Nello Marrese – Maquiagem: Mari Pin
Uma produção A Fábrica, com coprodução Globo Filmes e distribuição H2O Films