Netflix: #AnneFrank – Vidas Paralelas

Há 78 anos, em 6 de julho de 1942, Anne Frank e sua família chegavam ao anexo secreto onde viveriam escondidos até serem descobertos pelos nazistas – provavelmente após a denúncia de algum vizinho. Otto Frank, pai de Anne, foi quem planejou e preparou o esconderijo para sua família após seus vários pedidos de autorização de viagem, ele pretendia ir para os EUA, foram negados.

A família, que já havia chegado à Holanda por conta da forma como os nazistas estavam dominando a Alemanha, assistia aos amigos que deixavam suas casas no meio da noite após serem convocados para campos de trabalho. Com o medo crescente criaram coragem de deixar sua casa sem as estrelas amarelas em suas roupas e se esconderem entre as paredes do escritório onde Otto um dia teve sua empresa – antes dos judeus serem proibidos disto.

Anne levaria consigo o diário de capa xadrez que tinha ganho de aniversário alguns dias antes e o transformaria no registro de sua saída da infância, plena adolescência, dividindo com Kitty, sua amiga imaginária naquelas páginas, seus medos e anseios e suas descobertas. Sua confiança em um futuro melhor.

Essa mensagem de esperança, ainda que saibamos que Anne não saiu viva dos campos de concentração, é o tema de Anne Frank – Vidas Paralelas, filme documentário lançado por causa dos 75 anos de libertação de Auschwitz que chegou à Netflix.

Apresentado por Helen Mirren, que gravou suas falas em uma reconstrução do quarto ocupado por Anne no anexo em que viveu por mais de dois anos – hoje museu Casa Anne Frank idealizado também por Otto Frank, único membro da família que sobreviveu ao Holocausto -, e com o testemunho de sobreviventes que tinham aproximadamente a mesma idade de Anne quando estiveram em campos de concentração, bem como relatos de historiadores sobre os horrores vividos naqueles tempos.

Ligando testemunhos, explicações e trechos do diário, lidos por Mirren, uma jovem garota embarca em trens europeus cortando os mesmos caminhos percorridos pelos trens de carga que levaram os prisioneiros para câmaras de gás ou a morte pela fome e doença. Não que fosse necessária tal estratégia para nos envolver a história – sou suspeita: O Diário de Anne Frank foi um de meus primeiros amores literários, lido e relido a exaustão e até hoje comigo.

O documentário acaba por complementar a mensagem do diário com essas histórias reais, indo até o julgamento de Eichman, o “engenheiro” da solução final que exterminaria todos os judeus, e com imagens fortes dos campos de concentração onde hoje pessoas buscam por lembranças do passado ou por perdão, depende de que lado da história seus antepassados estiveram.

Mas não mais fortes que a do sorriso de Anne, imagem que se tornou tão simbólica mundo a fora.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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