12 Filmes com protagonistas “#over40”

Estava passando pelo Instagram quando vi a Mariana Guglielmelli falando de Um Fim de Semana em Paris, ótimo filme em que Lindsay Duncan e Jim Broadbent  são um casal que retorna à Paris de sua lua de mel na tentativa de reavivar seu casamento. Mariana fez a pergunta: a quantos filmes você tem assistido com protagonistas nesta faixa etária?

Pois bem, eu tenho assistido a vários. Talvez seja porque já não me conecto tanto com histórias de jovens mulheres em busca de suas primeiras conquistas pessoais, ou se achando em meio às expectativa que todos depositam nelas ou, ainda, vivendo o primeiro amor. Talvez seja porque simplesmente atores e atrizes maduros, antes relegados aos papéis de pais e mães de personagens em filmes em que são meros coadjuvantes, hoje tem ganhando mais e mais espaço na tela em filmes que contam outras histórias – tão ricas, empolgantes e divertidas quanto as de pessoas mais jovens.

E que bom que isso esteja acontecendo!!

Aqui vai minha lista de 12 filmes com protagonistas acima dos 40 que merecem ser vistos.

Cadê você, Bernadette? estreou recentemente no Telecine e é um dos mais sensacionais filmes que vi nesta quarentena. Cate Blanchett interpreta uma mulher que depois de chegar as estrelas em sua carreira vive praticamente reclusa com sua filha e marido em um casarão em processo de reforma. Sem contato com praticamente nenhum ser humano além dos dois, Bernadette se vê desafiada a dar um salto de fé em si mesma e acaba do outro lado do planeta para reencontrar a si mesma.

O Melhor Está Por Vir teve o azar de desembarcar aqui no Brasil pouco antes da quarentena e quase ninguém falou dele. Eu preciso inclusive fazer minha mea-culpa aqui porque o texto sobre filme ficou no rascunho até hoje. O longa de Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière é protagonizado por Patrick Bruel (de Qual É o Nome do Bebê”) e Fabrice Luchini (de “O Mistério de Henri Pick”), aqui César e Arthur, amigos de longa data que não poderiam ser mais diferentes entre si. Quando um descobre que o outro está com câncer abandona seus problemas pessoais para estar ali por seu amigo e nos entrega uma história que, ainda que seja sobre doença e morte, tem tanta leveza e amor que nos esquecemos da parte triste da história.

É do filme a canção Lay It On que roda na minha playlist de Favoritas desde que sai da cabine em que assisti ao filme.

Vera Farmiga é Laura no road movie Limites, lançado por aqui pela Sony em 2018. Como se não tivesse problemas o bastante – falta de grana, bichos demais, nenhum emprego – ela se vê em um Rolls-Royce atravessando os EUA em direção à Califórnia com seu pai egoísta e trapaceiro e o seu filho adolescente meio esquisito. Se não é possível remendar mais de 40 anos de relacionamento pai e filha complicado em apenas uma viagem, pode-se pelo menos reparar vários erros.

Do Jeito Que Elas Querem traz quatro maravilhosas atrizes acima dos 60 nos papéis de quatro amigas de uma vida toda que mantém um clube de leitura. Quando Vivian (Jane Fonda, maravilhosa) escolhe nada menos que 50 Tons de Cinza como o livro do mês, todas começam a reavaliar sentimentos e sensações que colocaram em segundo plano enquanto a vida passava. A história não tem nada de surpreendente, mas tem um frescor ímpar. E quem diria que 50 Tons de Cinza poderia inspirar algo tão divertido?

E se você gosta de Diane Keaton, além de Do Jeito Que Elas Querem, você pode vê-la em Ruth e Alex, aqui na companhia de Morgan Freeman. Os dois formam um casal que morou a vida toda no mesmo apartamento em Nova Iorque e que agora se vêem diante do desconhecido ao resolverem vendê-lo e mudar para uma cidade menor. Enquanto recebem os interessados na compra do apartamento – os mais excêntricos, claro – os dois lembram do passado, das escolhas feitas, das conquistas e tentam entender o que realmente significa recomeçar após os 60.

A Intrometida (achei o nome em português péssimo, mas tem seu porquê) traz Susan Saradon no papel de Marnie, uma viúva recente que resolve visitar sua filha em Los Angeles e quem sabe começar uma vida nova. O que ela não esperava era a reação assustada de Lori (Rose Byrne), que tem sente sua independência ameaçada.  Se Marnie está ainda um tanto perdida depois de anos vivendo como parte de um casal, a verdade é que Lori está bastante enganada sobre as intenções de sua mãe.  E é muito gostoso acompanhar as descobertas que ela faz.

Para os fãs do cinema britânico a pedida é Acertando o Passo, com Imelda Stauton, Celia Imri, Timothy Spall e David Hayman. Imelda é Sandra, a esnobe esposa de um juiz que, após descobrir estar sendo traída, acaba no apartamento simples de sua irmã mais nova, que integra um grupo de dança para a terceira idade na pequena comunidade. É interessante como o olhar de Sandra destina aos amigos de sua irmã e a ideia deles terem um grupo de dança é na verdade o olhar que muitos tem sobre a vida após os cinquenta anos, quando muitos acham que a vida acabou.  E eu nem falei da vontade de sair dançando ao final do filme.

E já que o assunto é dança, vamos falar de Gloria Bell, longa estrelado por Julianne Moore, aqui uma mulher bem sucedida, com dois filhos adultos, um neto, um bom relacionamento com seu ex-marido, amigos divertidos, que, longe de viver qualquer síndrome do berço vazio, vive uma vida plena e encontra prazer na dança. Melhor: na música. Ela não sofre por estar sozinha, mas gostaria de ter alguém com quem dividir os bons momentos. Uma mulher que não vai ficar aceitando menos só para ter alguém.

Segundo filme francês nesta lista – que tem muitos filmes com protagonistas mais velhos, todos muito bons, recomendo a cinelist Filmes Franceses do Telecine – Quem Me Ama, Me segue! foi mais um filme a padecer no começo da pandemia (uma das últimas cabines a que fui antes de não sair mais de casa). Protagonizado pro Daniel Auteuil (um de meus atores favoritos), Catherine Frot e Bernard Le Coq, o filme é centrado no grupo de três amigos que se conhecem a uma vida inteira, tendo dividido as ilusões e amores de juventude, os protestos e conquistas, mas que estão, todos, de alguma forma insatisfeito com o que conquistaram. Entre a nostalgia pelo passado e a história que construíram, os três tentam descobrir qual o caminho a ser seguido amanhã.

Maggie Smith é uma das poucas unanimidades da internet, certo? Dos fãs de Harry Potter aos fãs do cinema clássico, todos tem um personagem vivido pela atriz qye marcou sua vida. A Senhora da Van é mais um com grandes chances de se tornar um favorito. Na comédia de 2015, Maggie é Miss Shepherd, excêntrica senhora que vive em uma van amarela em uma respeitável vizinhança de Londres. Entre vizinhos que acham que ela desvaloriza seus imóveis e outros que acham que ela precisa de defesa e proteção, acompanhamos o dia a dia da pequena vizinhança e o efeito que Miss Shepherd tem sobre eles. Pouco menos de duas horas em que eu prometo que você esquecerá desse mundo louco lá fora.

A onda de”filmes maduros” também serviu para trazer de volta a papéis principais alguns atores e atrizes que andavam meio parados nos últimos anos. Uma dessas foi Patricia Clarkson, que depois de Assumindo A Direção entrou em uma crescente de ótimos papéis no cinema e televisão. Neste filme Patricia é Wendy que, após o final de seu casamento, resolve fazer algo que nunca teve coragem: aprender a dirigir. Ela acaba por ter aulas com um instrutor sikh (vivido por Ben Kingsley) que acaba de se casar e não sabe lidar com sua nova vida. Entre os sustos no trânsito e as risadas quando a adrenalina diminui, os dois ajudarão um ao outro a enfrentar suas novas aventuras e desenvolverem uma bonita amizade. Que se não dura para sempre é das que nos modifica por toda a vida.

Os ingleses sabem muito bem como aproveitar seus atores “maduros”, não é mesmo? E eles são tão bons que vê-los juntos em filmes com roteiros tão ricos é bom demais! O Exótico Hotel Marigold (que tem continuação) é um exemplo disso. Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Maggie Smith, Ronald Pickup e tantos outros montam esse grupo de estranhos hóspedes que acabam no hotel que dá nome ao longa, projeto de Soony Kapor, personagem de Dev Patel. Casamentos em crise, procura por amor, tentativas de simplesmente esquecer o passado, não importa o que os levou até lá, nenhum deles sairá da mesma forma da Índia.

P.S. A hashtag Over40 eu trouxe do Tik Tok, aplicativo de vídeos antes dominado pelos mais jovens agora bravos com pessoal mais velho invadindo seu espaço em tempos de quarentena. Os mais jovens vão ter de continuar reclamando porque eu acho que nós não vamos a lugar nenhum, já que o Tik Tok se provou o lugar perfeito para fugir da tensão dos dias de hoje entre pessoas passando ridículo, bichinhos bonitos, receitas rápidas e alguns faça você mesmo. Eu sou @smiletic por lá também, tá?

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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