Cinema: Judy – Muito Além do Arco-Íris

A presença pequena, comedida, carregada de cacoetes, um sorriso contido e quase sempre infeliz, tudo isso engana à primeira vista e desaparece assim que Judy Garland sobe ao palco e se põe a cantar. Ela se transforma, se agiganta, domina a cena, comove e cativa em segundos. A magia acontece, é instantânea e irresistível. É impossível não se apaixonar por Judy, e o impacto é tão grande que você precisa se esforçar muito para lembrar que não é Judy que está ali, é Reneé Zellweger.

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E este é, sem dúvida, o maior trunfo de Judy: Muito Além do Arco-Íris, biopic da atriz e cantora estadunidense de carreira tão meteórica quanto polêmica. Com uma trama que aborda os anos finais da artista, o filme faz de sua própria história um pano de fundo para que a Zellweger possa brilhar. E ela brilha, de maneira absurda.

Conhecemos Reneé como Bridget Jones, principalmente, e eventuais papeis importantes em filmes menos vistos. Este não é o primeiro rodeio da atriz, é fato, mas dessa vez, os sapatinhos vermelhos de Garland a colocaram de vez no páreo. Com divulgação discreta, Judy: Muito Além do Arco-Íris surgiu como azarão na corrida das premiações e vem surpreendendo com suas conquistas, todas elas diretamente relacionadas a Renné. Por sua participação no filme, ela venceu a 77ª edição do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama, além do SAGS AWARDS 2020, aqui como Atriz Principal. A próxima disputa, e mais esperada, é pelo Oscar de Melhor Atriz, desafio para o qual Zellweger chega mais do que favorita após esses dois prêmios.

É uma consagração merecida. O filme em si é bom, nada excepcional, mas entretém e diverte tanto quanto uma história triste como a da eterna Dorothy poderia ser. Navegando em memórias e enfrentando a dura realidade da vida pós-auge hollywoodiano, Garland se vira como pode, dando tudo de si e sobrando muito pouco para si mesma. Com indizível entrega e generosidade, Reneé Zellweger dá vida à essa Judy Garland dos últimos dias, usando seu talento para fazer uma homenagem emocionante e de tirar o fôlego.

Além de Renée Zellweger, o longa traz Bella Ramsey como sua filha, Lorna Luft, e Rufus Sewell como pai de Lorna. Michael Gambon é Bernard Delfont, o empresário por trás da turnê; Finn Wittrock dá vida a Mickey Deans, o quinto e último marido de Garland.

Um filme para entrar para história, seja pela interpretação da vida de Reneé Zellweger, seja pelo tributo irretocável à Judy Garland.

JUDY – MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS
REINO UNIDO | 2019 | 118 minutos | Biografia / Drama
Título original: Judy
Direção: Rupert Goold
Elenco: Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock
Roteiro:  Tom Edge
Distribuição: Paris Filmes
Produção: David Livingstone, Cameron McCracken

Com distribuição Paris Filmes, Judy – Muito Além do Arco-Íris chega ao cinemas brasileiros em 30 de janeiro. No entanto, algumas sessões já estão disponíveis em cinemas selecionados. Vale ficar de olho.

Escrito por Tati Lopatiuk

Tati Lopatiuk é redatora e escritora em São Paulo. Gosta de romances em seriados, filmes, livros e na vida. Suas séries favoritas são Girls, The Office e Breaking Bad. Pois é.

Seus livros estão na Amazon e seus textos estão no blog.

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