Meus Livros em 2019

Ainda pode falar sobre as leituras do ano passado? Vou acreditar que sim, afinal ainda estamos no primeiro mês do ano e a verdade é que na primeira semana eu estava de férias e na seguinte eu estava sendo engolida pelo fechamento anual.

Além disso, descobri neste final de ano que o aplicativo do Skoob, rede social de leitores que uso há anos, não existe mais. Eu não sei você, mas eu uso cada vez menos o computador para as redes sociais em geral, sempre acessando pelo celular. Na verdade, quando saio do trabalho a última coisa que eu quero é ligar o computador de casa.

Na correria eu não atualizava a minha meta literárias há meses e no apagar das luzes do ano eu resolvi que ia fazê-lo, sendo pega de surpresa pela novidade. Para piorar, o site do Skoob não é responsivo, péssimo na telinha do celular. Respirei fundo, cliquei sem querer algumas vezes, mas consegui.

Não que tenha sido um grande ano para a leitura para mim: 30 livros lidos, bem abaixo do resultado em anos anteriores e olha que eu apenas li dois daqueles enormes que doem o braço.

A lista completa dos livros você acessa neste link, mas aqui seguem os meus destaques:

Virei 2018 para 2019 finalmente lendo a trilogia Jogos Vorazes de Susanne Collins. Já havia assistido aos filmes e adorado. Claro que amei mais ainda os livros, principalmente, amei ainda mais Katniss Everdeen. Para quem não conhece essa saga adolescente que aborda de forma muito inteligente questões políticas bastante atuais, Jogos Vorazes se passam em um futuro distópico onde, após uma grande guerra, as pessoas foram divididas em distritos, cada um deles com funções específicas para atender os mandos da capital.

Para evitar novas guerras, anualmente são organizados jogos, os que dão nome a trilogia, onde dois representantes de cada distrito deverão lutar por suas vida até que apenas um sobreviva.

Quando sua irmã mais nova é sorteada para participar, Katniss Everdeen, com 16 anos, se voluntaria para ir em seu lugar. Usando das habilidades e conhecimentos que permitiram que ela sobrevivesse em um dos mais pobres distritos, Katniss vai se tornando a surpresa nos jogos daquele ano, chamando a atenção dos governantes de uma maneira nem sempre positiva.

Em A Esperança, Suzanne Collins chega ao final de sua história, quando Katniss tem papel central na revolução e tenta manter sua mãe e irmã a salvo. Diria que é o mais político dos três livros, além de ser a história em que as escolhas de cada um dos personagens tem mais significado.

Se tornou um dos meus livros favoritos.

O Sol é Para Todos, de 1960, é um clássico americano, tendo conquistado um Pullitzer no ano de sua publicação. Em 1962 ganhou uma adaptação para o cinema vencedora do Oscar de melhor roteiro. E sua trama não poderia ser mais atual.

No livro de Harper Lee, a história é narrada por Scout, uma menina de 8 anos que, em plenos anos 30 assiste aos acontecimentos após seu pai advogado decidir defender um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca. Ela assiste as várias represálias que ele passa a sofre, bem como ela e seu irmão, enquanto mesmo sua família e amigos próximos não são capazes de defendê-los.

“Forte, melodramático, sutil, cômico” disse o The New Yorker e ele disse bem. O livro, além de escrito com um cuidado visível, mostra um retrato muito atual de como o preconceito alimenta suspeitas e prejudica pessoas.

Atticus Finch, o pai de Scoutt, é o homem que almejamos ser. Viúvo, ele cria seus filhos de maneira nada tradicional, mas os garante o principal: que pensem por si próprios e que sejam boas pessoas.

Daqueles livros que nos modificam a medida que se lê – “Mas antes de ser obrigado a conviver com os outros, tenho de viver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa” – e também causam ressaca literária.

Em setembro o pessoal da Dark Side me convidou para conhecer Dave Cullen, autor de Columbine, livro sobre o Massacre de Columbine, tiroteio estudantil ocorrido nos Estados Unidos em 1999 que foi o primeiro a ser acompanhado praticamente em tempo real pela mídia.

Dave Cullen foi um dos primeiros jornalista a chegar ao local após o ocorrido e dedicou mais de dez anos de sua vida a este livro, oferecendo um retrato detalhado dos acontecimentos, das vidas pregressas dos dois assassinos e dos impactos para os sobreviventes e os familiares dos que pereceram.

Atualizado para a edição lançada pela Dark Side no ano passado, o livro ganhou detalhes sobre os diários apenas recentemente liberados pela polícia, bem como faz uma diagnóstico dos erros cometidos por esta na investigação e divulgação de informações, que levaram muitas pessoas a acreditarem que o que aconteceu seria uma resposta pelo bullying sofrido ao longo de anos, quando na verdade os dois garotos passavam longe de serem rapazes indefesos que sofreram na mão de outros garotos.

Ao contrário disso, ambos mostraram sinais de comportamento antissocial e violento e já haviam sido denunciados para a polícia por isso. No entanto, ninguém havia olhado com mais atenção para isso, sem imaginar o quão grave isso se tornaria.

Tendo sido considerado um dos melhores livros de 2009, Columbine é especialmente indicado para quem tenta entender melhor o comportamento humano.

Além disso, como é de se esperar de livros publicados pela Dark Side, a nova edição está muito boa, rica em material adicional e com uma linda capa.

Quem é velho conhecido aqui sabe que comecei a praticar corrida em 2016. A despeito de todas as probabilidades, continuo correndo até hoje. Em 2019 fiz minhas duas primeiras provas de 10 quilômetros e passei a levar o treino mais a sério, seguindo o plano de treinamento do aplicativo Nike Running (querem que eu fale sobre isso aqui?).

Se ainda sofro ao começo de cada corrida, hoje acordo as 4h30 durante a semana para conseguir treinar antes de ir para o escritório e, assim como ler, essa se tornou uma atividade da qual sinto falta quando não consigo praticar e que me causa uma enorme sensação de bem estar depois.

Logo que comecei a treinar lembro de esbarrar em um vídeo do médico Drauzio Varella em que ele falava de como não gostava de exercício físico, mas que se sentia obrigado a por motivos de saúde e do fato de ter se tornado um maratonista após alcançar os 50 anos de idade. O que ficou marcado para mim foi ele dizendo que, pela manhã, ele tinha um compromisso consigo mesmo de que só era permitido desistir de treinar após colocar a roupa de correr, o que garantiu que quase sempre ele saísse correndo.

Correr, livro que ele publicou em 2015 é cheio desses detalhes pessoais, além de histórias sobre as principais maratonas de que Drauzio participou, suas corridas pelas ruas e parques de São Paulo e algumas dicas de saúde. A linguagem é tão dele que você quase escuta o médico no seu ouvido enquanto lê.

O último livro do ano foi Matéria Escura, de Blake Crouch, indicação da Amazon para mim com descontinho a qual eu não pude resistir depois de ler a sinopse, afinal estamos falando de dimensões paralelas e uma quarta dimensão do tempo.

O personagem central é Jason Dessen, um físico que dá aulas na faculdade e vive uma vida bastante comum com sua esposa e filho em Chicago até que é raptado por um estranho mascarado, levado a uma usina abandonada e deixado inconsciente em uma caixa.

Quando finalmente acorda ele encontra pessoas que o tratam como se o conhecessem há anos, mas que ele nunca viu e tudo em sua vida está diferente. Ele não é casado, não tem filho e é um gênio premiado que descobriu algo que ninguém mais foi capaz.

Indeciso entre acreditar que está em outro mundo ou achar que está louco de uma vez, Jason terá uma jornada um tanto solitária para para reencontrar sua vida de verdade.

O livro tem um ritmo veloz e aborda questões muito interessantes sobre como essas múltiplas dimensões funcionam: a cada decisão que tomamos duas novas linhas temporais são criadas? E em que momento dessa linha deixamos de ser nós mesmos? Como escolher?

Achei a escrita de Crouch extremamente envolvente e não sentia vontade de largar o livro. Inclusive já estou de olho em um descontinho para comprar o segundo livro do autor.

E aí, quais foram os seus livros mais legais de 2019? Alguma dica imperdível?

****

Voltando a falar do Skoob: apesar de ser usuária antiga da rede, sempre me incomodou a forma como a meta de leitura é definida anualmente. Ao invés de você definir um número de livros ou páginas que quer atingir, você precisa colocar exatamente quais os livros irá ler. Caso você adicione outros livros ao longo do ano eles serão somados aos que não leu e então sua meta vai aumentando, aumentando, aumentando…

Talvez o problema seja eu que sou incapaz de seguir uma lista certinha de livros, séries ou filmes na ordem. Eu sou mais do tipo “agora quero ler/assistir esse” e pronto. Adoraria que a rede me permitisse estabelecer o número de livros para eu perseguir nessa minha anárquica forma.

Com o fim do aplicativo para celular – desde o ano passado o Skoob responde que logo ele ficará novamente disponível, mas não estou muito otimista – voltei a pensar em trocar de rede. Porém: o que a gente faz com o histórico todo de livros que guardou lá? Começa a clicar tudo de novo para marcar os já lidos? Affff;

Sugestões? Você usa algum aplicativo muito legal para guardar suas leituras? Continuo postando minhas resenhas no Instagram junto da foto da capa a cada livro lido, mas na hora de buscar aquele que quero indicar para alguém não fica fácil de achar. Para séries e filmes tenho usado uma planilha em Excel mesmo.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Eu uso o Goodreads. Acho muito melhor que o skoob.
    Eu não sabia que o aplicativo do skoob tinha sido desativado, faz tempo que não uso, só no site e , ainda assim, cada vez menos. O Skoob perdeu pontos comigo ao não permitir que eu marque cada nova releitura com suas devidas datas. Migrei quase definitivamente para o goodreads (mas, confesso, tenho postado a fotinho da capa dos livros lidos/relidos/ouvidos em um álbum do Facebook também, pq é tão rápido e fácil olhar ?).
    Tenho usado pouco o notebook também. Só quando preciso de algum site que a visualização é melhor ali ou para assistir a alguma série a qual não tenho acesso no celular.
    Ainda não pensei nas minhas melhores leituras de 2019, mas uma delas com certeza é Araruama: O livro das Raízes (2º volume de Araruama). Recomendo muito, mas muito mesmo. A escrita é bela e a história muito envolvente.
    Vc me deixou com vontade de ler uns dois livros nessa sua listinha de preferências. Pensarei com carinho.
    Gostei muito de Matéria Escura, é um livro ágil e que te faz refletir. Por algum motivo não consegui emplacar O Sol é para Todos. Chegou a me travar completamente para qualquer leitura por uns 2 meses, até que eu admiti a derrota e o devolvi à estante. Talvez em outro momento da vida….

    Responder

Deixe uma resposta