Theo Decker (Ansel Elgort) é um rapaz cuja vida foi definida pelo momento em que ele, aos 13 anos (Oakes Fegley de Meu Amigo, o dragão), estava com sua mãe em um museu quando uma bomba explode. E é ele quem nos contará sua própria história a partir daí.
Falará de quando ele era um garoto privilegiado em Nova Iorque. Seu pai (Luke Wilson) desapareceu sem deixar pistas, mas, considerando que ele bebia e era abusivo, isso não é de todo ruim. Sua mãe lhe amava, podia lhe pagar uma boa escola (daquelas com uniformes de cores sérias diferentes das outras e com crianças iguais a todas as outras) e o levava a museus e galerias de arte.
No momento em que a bomba explode, Theo e sua mãe estão olhando um pequeno quadro que apresenta um pintassilgo. O quadro em si não é digno de nota, mas sua história, o fato de ter sido o único a sobreviver a um incêndio na casa do artista e desde então ter morado em privilegiadas paredes, sobrevivendo ao tempo, é.
Theo deixa para trás o museu destruído, a poeira, o corpo de sua mãe, sua vida até então, mas leva embaixo do braço o quadro em questão e um anel com um cavalo desenhado.
Primeiro ele é acolhido pela família de um colega de escola (Nicole Kidman é a matriarca com melancolia nos olhos), depois seu pai reaparece e o leva para a deserta Las Vegas – e deserta não é exagero, a nova casa de seu pai fica no extremo da cidade, ao lado de casas vazias e paisagem árida, nada dos letreiros coloridos e da vida movimentada.
Lá Theo fará uma improvável amizade com um garoto russo (Finn Wolfhard) cujo pai trabalha com minhas e já trabalhou em mais países do que ele pode se lembrar. A amizade dos dois na verdade é a união de duas solidões. Sem adultos por perto eles experimentam drogas e bebidas, mas nada disso é capaz de silenciar essas solidões.
Determinado a mudar seu destino Theo abandona Nevada e o amigo é recomeça, de novo, na sua já conhecida Nova Iorque, abrigado pelo sócio do homem que lhe entregou o anel com o cavalo desenhado. Ainda aqui é o quadro do pintassilgo que determina que ele é – o medo da descoberta sobre o quadro, a profissão que escolhe pra si, a família que passa a chamar de sua, a garota que ama, a falta que sente de sua mãe.
Olhado desta forma, O Pintassilgo parece bem interessante e ele tem seus momentos. Oakes Fegley, que interpreta o Theo pré-adolescente, faz um excelente trabalho ao demonstrar os medos e sentimentos que dominam o garoto (Egort também não está ruim na versão adulta, ainda que lhe falte alguma energia, mas talvez esse fosse justamente o objetivo do diretor).
No terço final do filme, quando Theo reencontra Boris (, o personagem ganha certa força e passamos de meros espectadores para torcedores – ele “precisa ficar com a garota que ama”, ele “precisa recuperar seu tesouro”.
Ainda assim O Pintassilgo recordou-me demais a experiência de assistir De Olhos Bem Fechados (e isso não é um elogio): os dois filmes me deixaram com um sensação final de frustração: a fotografia é linda, os atores trabalharam bem, a história tem um pouco de mistério, existe romance e uma forma delicada e ao mesmo tempo intensa de retratar a perda e a adolescência. A amizade improvável de Theo e Boris é interessante e engraçada. Só que você continua esperando por aquela cena que nos envolverá completamente, juntando os pedaços de passado e presente que foram jogados ao longo da história e ela nunca vem.
Uma amiga tentou ler o livro em que o filme foi baseado (sucesso de vendas e ganhador de vários prêmios literários), mas abandonou na metade. Após assistir ao filme perguntei a ela porque tinha abandonado e reconheci que o filme parece ter abordado de forma mais inteligente várias questões, mas ainda ficou faltando algo.
Uma história de amadurecimento incrivelmente bem elaborada, emocionalmente íntima e deslumbrante em seu conceito, O Pintassilgo é a adaptação cinematográfica do best-seller homônimo, mundialmente aclamado, escrito por Donna Tartt. O romance, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2014 e a Medalha Andrew Carnegie de Excelência em Ficção, passou mais de 30 semanas na lista de Best-Sellers do The New York Times.
Dirigido pelo vencedor do prêmio BAFTA John Crowley (“Brooklin”), o longa apresenta um elenco com várias gerações, liderado por Ansel Elgort (“Em Ritmo de Fuga”) como Theo Decker, e a vencedora do Oscar Nicole Kidman (“As Horas”, “Big Little Lies”), como a Sra. Barbour. O filme também tem no elenco Oakes Fegley (“Meu Amigo, O Dragão”) como Theo jovem, Finn Wolfhard (“Stranger Things”, “IT: A Coisa”) como Boris jovem, Sarah Paulson (“The Post – A Guerra Secreta”, “American Crime Story”) como Xandra, Luke Wilson (“Os Excêntricos Tenenbaums”) como Larry e Jeffrey Wright (“Westworld” da HBO) como Hobie.
O Pintassilgo foi produzido por Nina Jacobson (filmes “Jogos Vorazes”, “American Crime Story”) e Brad Simpson (“Guerra Mundial Z”, “American Crime Story”). Mari Jo Winkler-Ioffreda, Kevin McCormick, Sue Kroll e Courtenay Valenti atuam como produtores executivos. O roteiro é do indicado ao Oscar, Peter Straughan (“O Espião que Sabia Demais”), baseado no romance de Tartt.
Completando o elenco principal estão Ashleigh Cummings (“Os mistérios de Miss Fisher”) como Pippa, Willa Fitzgerald (“Adoráveis Mulheres”) como Kitsey Barbour, Aimee Laurence (“Chicago PD”) como Pippa jovem, Denis O’Hare (” American Horror Story ”) como Lucius Reeve e Boyd Gaines (“Conduzindo Miss Daisy” de 2014) como Mr. Barbour.
A equipe criativa que atua nos bastidores inclui o diretor de fotografia, vencedor do Oscar, Roger Deakins (“Blade Runner 2049”), o designer de produção K.K. Barrett (“Ela”) indicado ao Oscar, o editor Kelley Dixon (“Breaking Bad”) e a figurinista Kasia Walicka Maimone (“Ponte dos Espiões”). A música é de Trevor Gureckis (“Bloodline”).
O Pintassilgo é uma apresentação da Warner Bros. Pictures, em associação com a Amazon Studios, uma Produção Color Force e um filme de John Crowley. Com estreia prevista em 10 de outubro no Brasil, o filme será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures.