Cinema: Todo o Dinheiro do Mundo

Cercado de polêmicas desde antes de seu lançamento, Todo o Dinheiro do Mundo, o novo filme de Ridley Scott, chega aos cinemas carregando uma carga que já é quase maior do que a da própria trama que ele conta ao longo de seus 132 minutos.

Lembra do escândalo das denúncias acerca da conduta sexual de Kevin Spacey, que fizeram com que ele perdesse inúmeros projetos e tivesse sua participação em um filme todinha regravada por outro ator? Pois bem, é esse filme.

E lembra daquela polêmica da Michelle Williams ganhar mil vezes menos do que o Mark Wahlberg por uma semana de gravação? Pois bem, sim, é esse filme.

É difícil dizer quanto da nossa experiência ao ver Todo o Dinheiro do Mundo é afetada por esses fatos, posto que todos esses acontecimentos colaboram para que tenhamos uma visão mais cínica de todos os envolvidos.

E, veja, Todo o Dinheiro do Mundo é muito sobre cinismo.

Baseado em um evento real, mas com personagens e diálogos amplamente romantizados, o filme conta a história do sequestro de John Paul Getty III, herdeiro e neto favorito do magnata petroleiro J. Paul Getty.

Em 1973, aos 16 anos, passeando sozinho pelas ruas de Roma, o jovem é pego em uma armadilha e confinado em cativeiro. Os criminosos pedem um resgate de 17 milhões de dólares, algo equivalente a um mês dos rendimentos da fortuna do avô de John Paul, interpretado por Christopher Plummer. Ainda assim, o velho se recusa a pagar. Acha caro.

E assim se inicia a guerra fria entre o avô e a mãe do garoto, interpretada pela sempre emotiva Michelle Willians. Mark Wahlberg surge na trama como o funcionário para “casos especiais” da família, que toma a frente da situação em busca de lidar com os criminosos e conseguir convencer o patriarca Getty a ceder algum dinheiro para o resgate.

Christopher Plummer, amigo pessoal de Scott, foi chamado às pressas para interpretar J. Paul Getty, papel este que era de Kevin Spacey. O veterano de 88 anos teve uma semana para regravar todas as cenas do ator e acabou por emprestar um verniz muito mais humano ao frio bilionário que não quer negociar com criminosos, não quer gastar dinheiro nenhum, mas afinal ama seu neto. Indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante pelo personagem, é inegável que a troca foi, além de ética, muito vantajosa para o filme em vários aspectos.

Com uma narrativa lenta e rica em suspense psicológico, Todo o Dinheiro do Mundo traz uma história que toca o espectador, com alguns momentos são de encher os olhos, como a entrega de Michelle Williams em sua atuação e o verdadeiro talento que é Charlie Plummer, interpretando o neto sequestrado (apesar dos sobrenomes iguais, Charlie e Christopher não têm parentesco).

Além, é claro, de Christopher Plummer, que agarrou com unhas e dentes essa oportunidade de brilhar e o fez lindamente, sendo a força motora dessa história que merece ser vista. E não só pelas polêmicas.

Com distribuição Diamond Films e produção  TriStar Pictures e Scott Free Productions, Todo o Dinheiro do Mundo chega aos cinemas brasileiros em 1º de fevereiro de 2018. A direção é de Ridley Scott e no elenco principal estão os atores Michelle Williams, Mark Wahlberg, Christopher Plummer e Charlie Plummer. O roteiro é de David Scarpa, com produção assinada por Ridley Scott, Mark Huffam e coprodução de Aidan Elliott.

Escrito por Tati Lopatiuk

Tati Lopatiuk é redatora e escritora em São Paulo. Gosta de romances em seriados, filmes, livros e na vida. Suas séries favoritas são Girls, The Office e Breaking Bad. Pois é.

Seus livros estão na Amazon e seus textos estão no blog.

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