Grey’s Anatomy: The Sound of Silence (12×09)

Quando o primeiro promo deste episódio foi revelado foi impossível não lembrar de uma entrevista da Shonda Rhymes em que ela dizia que depois da tristeza da última teríamos agora uma temporada leve.  Pensei com meus botões: só ela para chamar de temporada leve uma em que sua protagonista é surrada e quase morre.

Foi impossível, então, não ter péssimas expectativas pelo que seria The Sound Of Silence.

Só que ao contrário do dramalhão-episódio-evento que eu esperava, o que Grey’s Anatomy nos entregou foi um dos mais delicados e profundos episódios de sua história. Algo totalmente diferente do que já vimos não somente aqui, mas em outras séries médicas.

O sucesso dos primeiros minutos, é claro, só existiu por conta do promo: sabemos que algo vai acontecer com Meredith e então a vemos sozinha, cada um dos residentes e estudantes saindo da sala e não retornando, Amelia se recusando a atender ao seu chamado. A magnitude da trama mora nos pequenos detalhes: Meredith procurando por algo no computador, os médicos ao lado da sala em que ela está tão ocupados em salvar alguém que não percebem o movimento das persianas que estamos vendo.

São segundos que parecem horas, você está sentado no sofá, de repente percebe que já está com os pés em cima do sofá e quando o ataque vem você quer entrar na TV e ajudar.

Ainda assim é uma pequena cena, logo em seguida Meredith é encontrada e então somos jogados no turbilhão das cenas de salvamento – e aí sim, temos semelhanças com o que aconteceu com Derek na temporada passada, porque muitas vezes vemos tudo pelos olhos de Meredith que não consegue se comunicar e é Alex quem percebe que também não ouve o que lhe perguntam.

Só que, como eu disse, não existiu dramalhão, então o conjunto desses momentos não ocupa dez minutos do episódio. O que vem a seguir é uma aula de roteiro, direção (de Denzel Washington em sua primeira direção para a TV) e de interpretação – uma Meredith que tem sua boca fechada por arames e que mesmo assim consegue nos transmitir seu desespero; nós, assim como a personagem, vendo que falavam com ela, mas também sem ouvir o que realmente acontecia, uma escolha perfeita.

Além de Meredith, Alex e Richard são destaques para contar esta história, o primeiro assumindo como nunca o papel de ser a pessoa de Meredith – se eu já não estivesse chorando pelo que aconteceu com ela, choraria com Alex, na verdade acho que chorei duplamente quando ele vê o que aconteceu ou quando ele sobe na cama com ela e a abraça.

Richard exerce mais uma vez o papel de pai que ele sempre quis ter na vida dela e, nossa, como eu fui grata por isso. Seja quando ele a protege, seja quando está ali para puxar a orelha dela. O que aconteceu com Meredith foi horrível, eu na verdade não acharia necessário algo tão terrível acontecer para que finalmente deixássemos o passado, a perda de Derek, para trás, achei que o final da temporada passada havia feito isso com sucesso, no entanto sim, o ocorrido aparou necessárias arestas.

O que mais me marcou no episódio foi a delicadeza com que tudo foi feito: sem discursos, caras e bocas. Alguns diálogos pequenos, um gesto (o apertar de mãos do homem que nem ao menos lembrava que a havia atacado), Meredith liberando Alex para que ele também seja  feliz. A difícil consciência da solidão que ela mesma vive.

Sim, mais uma vez, eu não acho que sejam necessárias tantas desgraças na vida da moça para que boas histórias possam ser contadas, mas pelo menos esta foi uma “desgraça” que teve muito mais propósito que outras vistas antes.

Grey's Anatomy Sounds Of Silence 12x09 s12e09 Meredith

P.S. Se eu fosse Meredith eu procuraria outro emprego, ao que parece os corredores do Grey Sloan não lhe trazem muita sorte.

P.S. do P.S. A solidão nem sempre é algo ruim. Na verdade, eu sempre achei que é melhor não contar com alguém do que contar e acabar sem apoio. Meredith está só, mas ela tem uma família enorme disposta a apoiá-la quando necessário.

P.S. do P.S. do P.S. Meu coração se partiu cinco vezes quando as crianças fogem assustadas de Meredith por conta dos arames. Obrigada Penny por estar ali por ela – eu nunca imaginei que pensaria isso.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. Penny perfeita matou meu marido foi espetacular dessa vez. Depois de não se impor e fazer o que era correto por Derek, agiu diferente e “ganhou” alguns pontos com Meredith. Eu acho. Mas pra mim ela ainda é uma das personagens mais sem graça de todos os tempos.

    Sobre Meredith procurar outro emprego, acho que os donos do hospital deveriam era adotar a dica da sétima temporada. Ao invés de Grey+Sloan Memorial Hospital, Seattle Grace Mercy Death soaria melhor. Ou não. 😛

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    1. Hahahaha Ótimo nome!!!

      Gostei de Penny já em duas ocasiões seguidas – quando enfrentou Callie e agora – e acredito que ela pode melhorar. Até o povo do Mercy que ficou melhorou, não é mesmo?

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  2. Episódio cruel e delicado ao mesmo tempo.
    Penny está se destacando aos poucos.
    Não tenho filho, mas vendo a Meredith na cama, só ficava pensando a respeito do que se passava na cabeça dela: Meus filhos perderam o pai e agora podem ficar sem a mãe. Meu Deus, deve ter dado um desespero nela.

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