Eu não aguentei. Muito provavelmente impulsionada por saber do cancelamento precoce da série corri e assisti aos dois episódios finais de uma vez, na esperança de ela acabar bem ruim e talvez eu me conformar mais. Só que ela terminou muito bem. De novo a comparação com Fringe e seu risco de cancelamento na primeira temporada: se tivessem simplesmente dado mais uma chance é provável que teríamos uma ótima série de ficção científica e, poxa, a gente sempre precisa de uma ótima série de ficção científica.
Para quem chegou aqui um consolo: tivemos sim várias respostas e até mesmo um desfecho. Não foi um final fechado, mas o que ele criou foi a possibilidade de uma nova história, então a gente não precisa ficar se xingando por ter chegado até aqui porque a história que contaram valeu a pena sim.
Para quem verá o final apenas hoje: prepare o coração e as unhas, se for o caso, porque não faltou emoção. E eu dividi esse texto em duas partes, assim quem não viu ainda lê apenas a primeira e volta depois para ler a segunda, combinado?
Traveller in the Dark começa com todo os desespero possível de Wes após a revelação de Minx agora seria Drill. E o mais surpreendente do episódio é que me peguei, eu, que nunca gostei da guria, realmente desejando que não fosse verdade. Minx ao mesmo tempo era a escolha óbvia e acabaria com parte da graça; e também a escolha menos provável porque iríamos tentar desviar nossa atenção dela o máximo possível.
Dou, então, o devido valor ao flashback que mostra a pequena Minx aprendendo a recitar Twinkle Twinkle Little Star com seu pai para não ter medo: ele conseguiu de alguma forma nos deixar mais empático a criança e então torcer por uma solução que não fosse aquela HORRÍVEL máquina de extermínio em que ela foi amarrada.
Enquanto vemos Wes desesperado, vemos uma Claire completamente abatida. Seja porque coube a ela dar o parecer final sobre a menina, coisa que ela não tinha como fazer diferente já que o lado psicopata da Minx só fazia com que ela parecesse ainda mais culpada, fosse por sua dificuldade em aceitar o que seria feito. Se no episódio anterior ela e Wes não foram capazes de sacrificar um menino que nem ao menos conhecíamos, imagine agora, em que a perda se torna tão palpável.
Na corrida contra o tempo acaba recaindo sobre Sean e Jessup a resposta: inicialmente a conversa com o jornalista descoberto na semana passada é apenas um “enchedor de linguiça” em meio a principal trama do episódio. Sean tem aquela ideia maluca de contar a verdade à nação como um meio de obrigar que as crianças sejam soltas, só que isso não resolve o problema de Minx.
Até o momento em que o jornalista solta a única frase que importa: Orion é o codinome de segurança da filha do presidente. A mesma menina que teria sido queimada por Minx no abrigo. A mesma menina que estará ao lado dele na coletiva de imprensa em que o presidente revelará ter destruído a ameaça alienígena ao matar Minx.
Os minutos finais do episódio são, então, na luta de impedir que o pronunciamento aconteça. Tarefa na qual Claire falha miseravelmente ao ser jogada no chão pela segurança.
*** Spoilers a partir daqui***
Bom, se ver a pequena Cassandra enviando sua mensagem em rede mundial para seus amigos alienígenas foi de apertar o coração em Traveller In The Dark, em Game Over a tensão foi sem descanso e a resposta sobre o verdadeiro plano de dominação não poderia ter sido mais assustadora: “As crianças estão prontas?”
Sim, entendemos tudo errado e o objetivo de “Drill e sua gangue” nada tinha a ver com esse nosso já bastante destruído planeta, mas sim em levar nossas crianças para suas naves, quem sabe para seu planeta e usá-las para perpetuar sua espécie – ou serem escravas, vai saber, coisa que muito me fez pensar em Falling Skies – só que isso nos é revelado apenas no rinal do episódio.
Episódio em si funciona excepcionalmente bem: Drill se recusando a falar sobre o plano verdadeiro, contando que Cassadra já estava há muito morta, e então se matando. Como bem apontado sua morte não poderia ser à toa, ele com certeza não tinha medo de tortura. Drill apenas executava mais uma parte em um plano maior.
Ele fazia o seu sacrifício. E neste momento foi impossível não pensar em quanto Thomas foi melhor para o mundo do que Claire e Wes juntos.
A partir daí vemos claramente que as crianças começam a agir de forma estranha, começam a executar a sua parte no plano e na hora eu pensei no que a médica havia identificado pouco antes de ser morta: seria essa pequena alteração cerebral que os deixa a serviço dos aliens?
Só que a grande surpresa acontece quando vemos adultos agindo também desta forma e afastando do caminho Claire, Sean, Wes e Jussep, as pessoas que por estarem disposta a acreditar em tudo, poderiam impedir o desfecho final. Eu lá, trouxa, procurando uma explicação para o que elas faziam e sem pensar em nenhum momento de que Thomas e seu irmão também não haviam sido as úncias crianças com que eles haviam falado no passado.
Essas crianças se tornam os adultos que, desta vez, garantem que tudo continue acontecendo: prendem, ou tentam, os quatro e permitem que cada criança chegue ao seu lugar de abdução. Diga-se: que plano perfeito, afinal se todas fossem para o mesmo lugar tudo seria muito mais facilmente resolvido. Com cada uma em um canto fica impossível salvar a todas.
Ainda que Claire tenha tentado bravamente salvar Minx. E tenha conseguido salvar Henry, mesmo se sacrificando para tanto – aquele momento em que você apenas lembra do Drill fazendo seu “discurso” e falando sobre como hoje as crianças da Terra ficam sozinhas. Toda uma crítica social bastante vazia, primeiro porque se ele fosse o mocinho não ia sair levando crianças consigo sem realmente explicar o que vem depois, segundo porque ele não poderia usar a mesma justificativa 30 anos antes, mas com certeza acharia outra apenas para fazer um drama.
Sim, o episódio teve defeitos – particularmente achei que tanto Claire como Sean foram pegos muito facilmente, ainda que existisse o elemento surpresa -, mas cumpriu muito bem seu papel de revelar o segredo dos aliens e abrir caminho para uma nova história que traria Claire em meio às crianças numa tentativa solitária de salvação.
Ou não tão solitária: eu não consigo esquecer de Minx aprendendo através da linguagem dos sinais a falar que quer que os responsáveis pela morte de sua mãe paguem. Acredito que esse pontinho de vingança, ou justiça, pudesse manter a menina longe do poder deles em algum momento.
Uma pena que tudo isso agora ficou apenas para imaginarmos…
Link Permanente
cheguei no final e me lembrou muito um filme que assisti, era com Nicolas Cage e se chama Presságio (Knowing)
realmente é uma pena, pois de syfy e ficção científica estamos muito pobres