The Whispers: Traveller in the Dark e Game Over (1×12 e 1×13)

Eu não aguentei. Muito provavelmente impulsionada por saber do cancelamento precoce da série corri e assisti aos dois episódios finais de uma vez, na esperança de ela acabar bem ruim e talvez eu me conformar mais. Só que ela terminou muito bem. De novo a comparação com Fringe e seu risco de cancelamento na primeira temporada: se tivessem simplesmente dado mais uma chance é provável que teríamos uma ótima série de ficção científica e, poxa, a gente sempre precisa de uma ótima série de ficção científica.

Para quem chegou aqui um consolo: tivemos sim várias respostas e até mesmo um desfecho. Não foi um final fechado, mas o que ele criou foi a possibilidade de uma nova história, então a gente não precisa ficar se xingando por ter chegado até aqui porque a história que contaram valeu a pena sim.

Para quem verá o final apenas hoje: prepare o coração e as unhas, se for o caso, porque não faltou emoção. E eu dividi esse texto em duas partes, assim quem não viu ainda lê apenas a primeira e volta depois para ler a segunda, combinado?

The Whispers Traveller in the Dark 1x12 s01e12 Cassandra Drill

Traveller in the Dark começa com todo os desespero possível de Wes após a revelação de Minx agora seria Drill. E o mais surpreendente do episódio é que me peguei, eu, que nunca gostei da guria, realmente desejando que não fosse verdade. Minx ao mesmo tempo era a escolha óbvia e  acabaria com parte da graça; e também a escolha menos provável porque iríamos tentar desviar nossa atenção dela o máximo possível.

Dou, então, o devido valor ao flashback que mostra a pequena Minx aprendendo a recitar Twinkle Twinkle Little Star com seu pai para não ter medo: ele conseguiu de alguma forma nos deixar mais empático a criança e então torcer por uma solução que não fosse aquela HORRÍVEL máquina de extermínio em que ela foi amarrada.

Enquanto vemos Wes desesperado, vemos uma Claire completamente abatida. Seja porque coube a ela dar o parecer final sobre a menina, coisa que ela não tinha como fazer diferente já que o lado psicopata da Minx só fazia com que ela parecesse ainda mais culpada, fosse por sua dificuldade em aceitar o que seria feito. Se no episódio anterior ela e Wes não foram capazes de sacrificar um menino que nem ao menos conhecíamos, imagine agora, em que a perda se torna tão palpável.

Na corrida contra o tempo acaba recaindo sobre Sean e Jessup a resposta: inicialmente a conversa com o jornalista descoberto na semana passada é apenas um “enchedor de linguiça” em meio a principal trama do episódio. Sean tem aquela ideia maluca de contar a verdade à nação como um meio de obrigar que as crianças sejam soltas, só que isso não resolve o problema de Minx.

Até o momento em que o jornalista solta a única frase que importa: Orion é o codinome de segurança da filha do presidente. A mesma menina que teria sido queimada por Minx no abrigo. A mesma menina que estará ao lado dele na coletiva de imprensa em que o presidente revelará ter destruído a ameaça alienígena ao matar Minx.

Os minutos finais do episódio são, então, na luta de impedir que o pronunciamento aconteça. Tarefa na qual Claire falha miseravelmente ao ser jogada no chão pela segurança.

The Whispers Game Over 1x13 s01e13

*** Spoilers a partir daqui***

Bom, se ver a pequena Cassandra enviando sua mensagem em rede mundial para seus amigos alienígenas foi de apertar o coração em Traveller In The Dark, em Game Over a tensão foi sem descanso e a resposta sobre o verdadeiro plano de dominação não poderia ter sido mais assustadora: “As crianças estão prontas?” 

Sim, entendemos tudo errado e o objetivo de “Drill e sua gangue” nada tinha a ver com esse nosso já bastante destruído planeta, mas sim em levar nossas crianças para suas naves, quem sabe para seu planeta e usá-las para perpetuar sua espécie – ou serem escravas, vai saber, coisa que muito me fez pensar em Falling Skies – só que isso nos é revelado apenas no rinal do episódio.

Episódio em si funciona excepcionalmente bem: Drill se recusando a falar sobre o plano verdadeiro, contando que Cassadra já estava há muito morta, e então se matando. Como bem apontado sua morte não poderia ser à toa, ele com certeza não tinha medo de tortura. Drill apenas executava mais uma parte em um plano maior.

Ele fazia o seu sacrifício. E neste momento foi impossível não pensar em quanto Thomas foi melhor para o mundo do que Claire e Wes juntos.

A partir daí vemos claramente que as crianças começam a agir de forma estranha, começam a executar a sua parte no plano e na hora eu pensei no que a médica havia identificado pouco antes de ser morta: seria essa pequena alteração cerebral que os deixa a serviço dos aliens?

Só que a grande surpresa acontece quando vemos adultos agindo também desta forma e afastando do caminho Claire, Sean, Wes e Jussep, as pessoas que por estarem disposta a acreditar em tudo, poderiam impedir o desfecho final. Eu lá, trouxa, procurando uma explicação para o que elas faziam e sem pensar em nenhum momento de que Thomas e seu irmão também não haviam sido as úncias crianças com que eles haviam falado no passado.

Essas crianças se tornam os adultos que, desta vez, garantem que tudo continue acontecendo: prendem, ou tentam, os quatro e permitem que cada criança chegue ao seu lugar de abdução. Diga-se: que plano perfeito, afinal se todas fossem para o mesmo lugar tudo seria muito mais facilmente resolvido. Com cada uma em um canto fica impossível salvar a todas.

Ainda que Claire tenha tentado bravamente salvar Minx. E tenha conseguido salvar Henry, mesmo se sacrificando para tanto – aquele momento em que você apenas lembra do Drill fazendo seu “discurso” e falando sobre como hoje as crianças da Terra ficam sozinhas. Toda uma crítica social bastante vazia, primeiro porque se ele fosse o mocinho não ia sair levando crianças consigo sem realmente explicar o que vem depois, segundo porque ele não poderia usar a mesma justificativa 30 anos antes, mas com certeza acharia outra apenas para fazer um drama.

Sim, o episódio teve defeitos – particularmente achei que tanto Claire como Sean foram pegos muito facilmente, ainda que existisse o elemento surpresa -, mas cumpriu muito bem seu papel de revelar o segredo dos aliens e abrir caminho para uma nova história que traria Claire em meio às crianças numa tentativa solitária de salvação.

Ou não tão solitária: eu não consigo esquecer de Minx aprendendo através da linguagem dos sinais a falar que quer que os responsáveis pela morte de sua mãe paguem. Acredito que esse pontinho de vingança, ou justiça, pudesse manter a menina longe do poder deles em algum momento.

Uma pena que tudo isso agora ficou apenas para imaginarmos…

 

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. cheguei no final e me lembrou muito um filme que assisti, era com Nicolas Cage e se chama Presságio (Knowing)

    realmente é uma pena, pois de syfy e ficção científica estamos muito pobres

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